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A Direcção dos Serviços de Correios, (1) pôs em circulação, a partir do dia 1 de Março de 2004, cumulativamente com as que estavam em vigor, uma emissão extraordinária de selos designada «I Ching, Pa Kua IV» (2) constituída por 8 selos (formato hexagonal) , todos com a taxa de 2 patacas e um bloco filatélico com a legenda “Vigor e Vitalidade) com selo de 8,00 patacas. (2)           

Folha Miniatura série de 8 selos com o n.º 212834
Bloco Filatélico, contendo 1 selo de 8 patacas, com o n.º 031017.

Dados Técnicos

(1) Despacho do Chefe de Executivo n.º 300/2003 de 23 de Dezembro de 2003, publicado no n.º 52 de 29-12-2003, Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau, Iª série-suplemento.

Despacho do Chefe do Executivo n.º 300/2003

(2) Álbum Selos de Macau: Carteira Anual 2004, p. 2.

NOTA: Os Correios de Macau lançaram, entre 2001 e 2010, sete emissões da série temática “I Ching, Pa Kua”. A oitava e última emissão desta colecção, é composta por oito selos representando os hexagramas Pi, Cui, Jin, Yu, Guan, Bi, Bo e Kun, e foi lançada em 1 de Março de 2012. Os Correios de Macau ainda lançaram no dia 9 de Outubro de 2014, uma elegante filatélica que reúniu numa colecção os produtos filatélicos da série “I Ching, Pa Kua”, da autoria do designer Chan Chi Wai.

Envelope (22 cm x 15,5 cm)
Envelope – verso

Dentro do envelope (22 cm x 15,5 cm), um postal (19,7cm x 15 cm) e um marcador de livro (19,7 cm 6 cm) com a mesma temática: quadro – aguarela sobre papel (9“ x 11“) – retrato de Cecília Yvanovich, pintado por George Smirnoff, em Macau, 1945. Emissão do Instituto Internacional de Macau em 2010.

Postal (19,7cm x 15 cm)
Postal – verso

Cecilia Yvanovich pintura de George Smirnoff
Exílios diferentes provocaram o encontro entre George Smirnoff e Cecilia Yvanovich, em 1945, em Macau. Desse acaso, e das mãos do pintor, saiu um dos poucos retratos produzidos poe ele, mais conhecido pelas aguarelas de cenas e paisagens de Macau. Retrato que a jovem modelo oferece, 66 anos depois a Macau, para que possa juntar às outras obras do mestre, no Território” (português, chinês e inglês)

Marcador (19,7 cm 6 cm)
Marcador -verso

(1) Nascido em Vladisvostock (Rússia) a 27 de Outubro de 1903, devido à revolução russa, vai com a mãe e uma tia, aos 12 anos, para Harbin (Manchúria) onde se forma, e trabalha como arquitecto-engenheiro, e onde projecta cerca de 200 casas e uma grande igreja. Continuava a pintar sendo autodidata e consegue sobreviver vendendo alguns quadros. Casamento em 1934 e em 1937, vai com a família para Tsingtao (Qingdao) norte de Shanghai, e em 1939, devido à ocupação japonesa, foge com a família para Hong Kong, onde retoma a sua profissão sobrevivendo com a pintura e fotografia. Em Dezembro de 1941 devido à invasão japonesa a Hong Kong, consegue em 1944 refugiar-se em Macau e aqui sobrevive dedicando-se à pintura, quer em aguarelas quer em desenhos de cenários para peças de teatrais, e ao ensino.

Grémio Militar e Quartel-General de S. Francisco, aguarela, 1945
http://www.icm.gov.mo/rc/viewer/30026/1863

O Governo de Macau através de Pedro José Lobo encomenda-lhe uma série de 63 aguarelas de cenas e paisagens de Macau. Fez a primeira exposição em Macau em Dezembro de 1945 no Colégio de S. Luís na Rua da Praia Grande, juntamente com os seus alunos. Após a guerra, regressou a Hong Kong onde se suicidou, por precipitação, em 1947. Está sepultado no Cemitério de Happy Valley. (2)
(2) Informações retiradas de SMIRNOFF, Irene – Biografia no Catálogo de Exposição “George Vitalievich Smirnoff”, edição do Leal Senado de Macau em Junho de 1985.

Caixa de papelão de 15,5 cm x 8,5 cm x 1 cm de dimensões contendo no seu interior 5 moedas de Macau, emitidas em 1992/1993, (1) comprada em Macau na década de 90, numa das “tendinhas” para turista que existiam perto de S. Paulo, antes da transição para a Região Administrativa Especial de Macau.
Realçar que a empresa vendedora desta caixa estava sediada na China (provavelmente Zhuhai/珠海)  pois os caracteres chineses da capa são simplificados (com uma tradução para inglês – AOMEN)

流 通 硬 (2)
AOMEN CIRCULATION COIN

AOMEN CIRCULATION COIN IUma das faces da caixa, apresenta uma foto histórica pois tem a particularidade de estar, em primeiro plano, no sopé das escadarias das Ruínas de S. Paulo, a estátua “Rapariga Pequena e o Cão” colocada aí em 1994 e retirada desse sítio em 2010 (por razões do politicamente correcto (!!!) (3)
AOMEN CIRCULATION COIN IIA outra face da mesma caixa, a insígnia da RAEM e os dizeres: “The New Circulation Coins  Collection”.
AOMEN CIRCULATION COIN IVNo seu interior uma embalagem plástica de 14 cm x 8,2 cm x 1cm, com dois suportes de plástico, para ser fixada na base e poder assim expor a embalagem em posição vertical.

AOMEN CIRCULATION COIN IIIO outro lado da embalagem
AOMEN CIRCULATION COIN VOs suportes de plástico
AOMEN CIRCULATION COIN VIOs suportes e a embalagem em posição vertical

No interior da embalagem, um cartão plastificado de cor azul ( 12,5 cm x 7 cm x 0,3 cm) com 5 moedas: 5 patacas de 1992; 1 pataca de 1992; 50 avos de 1993; 20 avos de 1993 e 10 avos de 1993.
AOMEN CIRCULATION COIN VIII(1) Decreto-Lei n.º 34/91/M, de 6 de Maio:

  • 1.º O desenho do anverso da moeda de 5 patacas representará, no centro, as Ruínas de São Paulo e um Junco Chinês, na orla, em cima, à direita, indicará o seu valor facial em caracteres chineses e, na orla, em baixo, conterá a indicação em português «5 patacas».
  • 2.º O desenho do anverso da moeda de 1 pataca representará, no centro, a Ermida e o Farol da Guia e, em baixo, conterá a indicação em caracteres chineses e, em português, «1 pataca».
  • 3.º O desenho do anverso da moeda de 50 avos representará, no centro, a Dança do Dragão, na orla, em cima, à esquerda, indicará o seu valor facial em caracteres chineses e, na orla, em baixo, à direita, conterá a indicação em português («50 avos»).
  • 4.º O desenho do anverso da moeda de 20 avos representará, no centro, um Barco do Dragão, conterá no lado esquerdo e no lado direito o seu valor facial em caracteres chineses e, na orla, em cima, a indicação em português («20 avos»).
  • 5.º O desenho do anverso da moeda de 10 avos representará, no centro, a Dança do Leão, conterá no lado esquerdo e no lado direito o seu valor facial em caracteres chineses e, na orla, em baixo, a indicação em português («10 avos»).
  • 6.º O reverso de todas as moedas será constituído, no centro pela palavra «Macau» em português e pelos respectivos caracteres chineses, na orla, em cima, pelo desenho de um morcego, o qual representa, segundo o universo simbológico chinês, a «Felicidade» e, em baixo, pela indicação do ano da cunhagem.

AOMEN CIRCULATION COIN VIIArt. 3.º As moedas de valor facial de 5 patacas e 1 pataca serão postas a circular no ano de 1992 e as de valor facial de 50 avos, 20 avos e 10 avos no ano de 1994.
(3) “Rapariga Pequena com o  Cão”, estátua de Lagoa Henriques, foi colocada em 1994. Lagoa Henriques é autor entre muitas obras, a da famosa e muito fotografada estátua em Lisboa, no Chiado, a escultura de Fernando Pessoa na porta da “Brasileira”.
Sobre a retirada desta estátua, sugiro leitura da reportagem no jornal «Ponto final» de 02-08-2010 (jornalistas Catarina Brites Soares e Kelvin Costa) e no «Jornal Tribuna de Macau» de 31-07- 20101,  disponíveis em:
https://pontofinalmacau.wordpress.com/2010/08/02/7846/
http://arquivo.jtm.com.mo/view.asp?dT=352103006
(2) 流 通 mandarim pinyin: ào mén liú tōng yìng, bì; cantonense jyutping: ou3 mun4 lau4 tung4 ngaaang6 bai6.

Cortsários e Piratas Capa

O livro (1) aborda as actividades dos corsários e piratas portugueses na época dos descobrimentos em mares asiáticos (2). Sendo o texto uma adaptação da tese de Mestrado de investigação em História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa que a autora apresentou em 1998 na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa é, no entanto, de leitura agradável, acessível e interessante. 

Cortsários e Piratas contracapaSinopse (na contra-capa):  Sebastião Gonçalves Tibau, nascido em Santo António do Tojal, embarcado para a Índia na qualidade de soldado em 1605, desertou do serviço da Coroa tornando-se líder de uma república pirata. Sob o seu comando mais de 3 mil homens, uma imponente armada e numerosas peças de artilharia espalharam a violência e o terror nos mares de Bengala. Navios com velas desfraldadas sulcando as ondas do mar prontos para o combate, abordagens e assaltos violentos, vidas e acções entrecortadas por combates de artilharia e duelos de esgrima travados corpo a corpo, tudo em prol da disputa das fantásticas riquezas que nos séculos XV-XVI circulavam por aquelas paragens. É este o cenário de Corsários e Piratas Portugueses que nos traz a história de homens como Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, Afonso de Albuquerque e de outras figuras, descobridores de novas terras, conquistadores de praças ao serviço da Coroa cuja actividade corsária, ao serviço de El-Rei, é praticamente desconhecida. “

Em relação com Macau, há quatro entradas mas somente duas delas abordam (muito sumariamente) episódios da história de Macau:
1 – A perda da nau Santa Catarina que partira do porto de Macau com destino a Goa. Era um navio de 1400 toneladas (1 500 toneladas segundo Luís Gonzaga Gomes e Beatriz Basto da Silva) (3) e (4) com carregamento de açúcar, algodão, sedas e porcelanas e levava 600 pessoas. No dia 25 de Fevereiro de 1603 foram atacados pelo almirante holandês Jacob Heemskerck no estreito de Johore tendo morrido 70 homens e tendo o capitão do navio Sebastião Serrão, rendido para não haver mais mortesentre os passageiros. (3) Recordar que nesse ano e nos anos seguintes, os holandeses tentaram tomar Macau. (4) Nesse ano, em 30 de Julho, entraram no porto duas naus e um patacho holandeses que tomaram a nau do Capitão -Mor Gonçalo Rodrigues de Sousa, cuja tripulação se encontravam terra a fazer os preparativos para seguir para o Japão (3)
2 – A acção de Leonel de Sousa, entre 1552 e 1554 (ano em que consegue reatar a confiança das autoridades chinesas de Cantão com o primeiro acordo verbal, e o pagamento de direitos comerciais que legalizaram o comércio livre na zona que viria a ser Macau  (4).

Nota da autora: A figura representada na capa é a de Bartolomeu Português, que fez carreira como salteador no mar das Caraíbas durante e a década de 1660. Na ausência de iconografia específca sobre o corso e a pirataria levados a cabo por portugueses nos mares da Ásia, a apresentação da referida imagem presta-se apenas à evocação simbólica de um determinado tipo social e da actividade que lhe era conexa.
(1)   PELÚCIA, Alexandra – Corsários e Piratas Portugueses Aventureiros nos Mares da Ásia. A Esfera dos Livro, 2010, 213 p + 8 páginas a cores, 16 cm x 23,5 cm. ISBN 978-989-626-239-6.
Informações sobre a autora em:
http://www.segredodoslivros.com/sugestoes-de-leitura/corsarios-e-piratas-portugueses.html
(2) Corsários e piratas são no fundo todos piratas. Chamam-se corsários àqueles que se dedicavam ao roubo de cargas de embarcações, com autorização – carta do corso – e financiados por governos que queriam prejudicar economicamente as nações inimigas – guerra do corso. O período em que a acção destes corsários foi mais efetiva, ocorreu entre os séculos XV e XVIII. A prática do corso foi extinta no século XIX, com o tratado de Paris (1856). Os corsos eram usados como um meio fácil e barato para enfraquecer o inimigo por perturbar as suas rotas marítimas. Com os corsos, os países podiam enfraquecer os seus inimigos sem suportar os custos relacionados com a manutenção e construção naval.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cors%C3%A1rio
Não esquecer que o corso foi uma actividade muito lucrativa e difundida em Portugal no século XV.
(3) GOMES, Luís Gonzaga – Efemérides da História de Macau. Notícias de Macau, 1954, 267 p.
(4) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Séculos XVI-XVII, Volume 1. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 198 p. (ISBN 972-8091-08-7)

A propósito do post anterior sobre esta personagem, Wong Fei Hung (1), lembrei-me dum excelente álbum de banda desenhada do António Conceção Júnior.
Wong Fei Hong I

Wong Fei Hong IIA primeira edição é de 1977 (Lisboa), editada pela Edibanda com o título “VONG FEI HONG – VENTO DE SANTUNG” e assinada como “C. JUNIOR” (2)

A 2.ª edição é de 2010 (Macau), editado pela ARS Cives e tem o título “WONG FEI HONG – VENTO DE SANTUNG” e está assinada como António Conceição Júnior.(3)

Wong Fei Hong III

Wong Fei Hong IVO próprio António Conceição Jr explica a feitura dos desenhos, exemplificando com algumas pranchas no site (4)
“In my story I depicted a village villain who had connections with the boxers. The drawings were done in 1976 in Portugal with little help other than memory and some postcards. Each page was A1 size and was painstakingly drawn by hand. Here are some scanned drawings Wong is in a tea-house when a young stranger with a northern accent asks loudly where is the house of Sek Kin Seng, a man who has raped his mother when he was a child. I preferred to focus on the people than to blend them with disturbing background, as the book was black & white and I used plenty of hand drawn textures for shadows and composition elements. It just happened that one of   Sek’s men heard the young man ask, hits him and is then stopped by Wong. You   will pay, says the man brandishing his fist towards Wong. I always tried to   establish a relationship of dialogue and tension between the people involved.   To the right, the look on Wong’s face makes the fist almost vanish in   iconographic importance. Later Sek himself appears in Wong’s place with his   henchmen and threatens the wounded young man. I personally like the right   drawing where Sek says to Wong: may this teach you not to mess in my affairs.  The young man is taken away from Wong’s   clinic. He is a patriot who is trying to fight the invading powers. Like all   boxers as well as Empress Dowager Ci Xi, the boxers opposed the Western ways.   Yet in 1910 Dr. Sun Yat Seng would finally proclaim the Chinese Republic.

Wong Fei Hong VThe climax is a final fight between Sek Kin Seng and Wong Fei Hong who was also performing the lion dance as the head cloth shows. I created a sequence of Sek getting up after being hit, and preparing to attach on the first row. His charge is on the second row. The third row shows Wong blocking with his right hand that will move to the right and the traditional eye balls attack with the left hand. I still kept background to a minimum making an appeal to the reader’s imagination. Looking back after 27 years, I suddenly realize that Jet Li was not around, Once Upon a Time in China was still to be made and the boxers theme were to be treated almost two decades later. I feel gratified that the story I did has still the same condiments of the Kung Fu movies of today.”

NOTA: sobre António Conceição Júnior, um talento multifacetado, não caberia aqui em algumas linhas. Por isso, remeto para: http://www.arscives.com/25anos/
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/11/29/wong-fei-hung
(2) CJUNIOR, António – Vong Fei Hong – Vento de Santung. Edibanda, Lisboa, 1977
(3) CONCEIÇÃO JÚNIOR, António – Wong Fei Hong – Vento de Santung. ARS Cives, Macau, 2010, 48 p. ISBN 978-99937-799-1-9.
(4) Cejunior, António & Edibanda in http://www.arscives.com/artfolder/wongbook.default.htm.
e
http://www.arscives.com/25anos/banda.desenhada.htm
P/S Um abraço ao Toninho.