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Revista mensal «Tempo Livre» n.º 175 de Outubro de 2006 (2.00 euros) da Inatel (Instituto Nacional para Aproveitamento dos Tempos Livres dos Trabalhadores) (1) cujo presidente era na altura José Alarcão Troni  (2)
Editorial de José Alarcão Troni na pág. 4 e nas pp. 14 a 19 um texto «MACAU, A CIDADE DA DEUS A-MA», da autoria de Jorge A. H. Rangel (Presidente do Instituto Internacional de Macau) com fotografias de Joaquim Castro (3)
(1) Hoje, Fundação Inatel – Investimentos e Actividades dos Tempos Livres dos Trabalhadores.
(2) José Augusto Perestrelo de Alarcão Troni foi secretário de Estado Adjunto do ministro da Educação Couto dos Santos, no XII Governo constitucional, entre 1987 e 1992, cargo que em 1992 passou a acumular com a pasta do Ensino Superior do mesmo executivo; secretário-adjunto dos Assuntos Sociais e Orçamento da Administração de Macau de 1996 a 1999 e presidente da INATEL (Instituto Nacional para Aproveitamento dos Tempos Livres dos Trabalhadores) de 2003 a 2008.
(3) Leitura disponível em:
http://www.inatel.pt/ResourcesUser/Fundacao/tl/175.pdf

Auto de notícia de 26 de Maio de 1877 da Polícia do Porto de Macau enviado à Procuratura dos Negócios Sínicos para resolução acerca de uma queixa, no dia 24 de Maio, de falta de pagamento (175 taeis) pelo transporte após salvamento de 33 homens, tripulação duma embarcação que se afundou perto da Ilha do Ladrão.
Extraído de «B.P,M.T.» , 1877, Vol XXIII – 21.
Jin Guo Ping no seu trabalho “O valor documental da Peregrinação — Contributo para a história da presença portuguesa na China e da fundação de Macau”, (recomendo a leitura), a propósito da passagem de Fernão Mendes Pinto por Macau, p. 781/782 (1), localiza assim a Ilha dos Ladrões.
O episódio de “Como nos perdemos na Ilha dos Ladrões (Capítulo LIII)” confirma as andanças do autor em Macau nos primórdios do seu estabelecimento. Na geografia marítima, a “Ilha dos Ladrões” é um nome bem conhecido. No entanto, neste caso, seria identificável com Laowanshan (Ilha do Velho Wan). Wan foi um pirata famoso no mar e no delta do Rio das Pérolas. Era em Laowanshan que o pirata procurava refúgio. Em português, a ilha é ainda hoje conhecida pelo nome de “Ilha dos Ladrões”. Fica a sudeste de Macau. “Saindo pelo Canal da Taipa, chega-se a Laowanshan, que é o ponto de referência para os barcos oceânicos e os barcos bárbaros”. Sabe-se, através dos roteiros chineses, que era um lugar de passagem para os barcos que circulavam entre o litoral chinês a leste de Hong Kong e a Cidade de Cantão. Para os barcos que vinham de Malaca pela “rota de fora”, era o primeiro ponto de chegada.
Até ao século XVII, os barcos que saiam de Macau ainda o usavam como ponto de partida.
(1) Jin Guo Ping – O valor documental da Peregrinação — Contributo para a história da presença portuguesa na China e da fundação de Macau”, in Administração n.º 72, vol. XIX, 2006-2.º, 771-783, disponível em:
http://www.safp.gov.mo/safppt/download/WCM_004481

Catálogo (1) duma exposição  de rótulos de caixas de fósforos antigas realizada na Casa de Exposições , Casas Museu – Taipa de 30 de Dezembro de 2005 a 26 de Fevereiro de 2006.

Catálogo Esplendor Centenário CAPACAPA

Trata-se de um excelente catálogo produzido pelos Serviços Culturais  e Recreativos do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, em Dezembro de 2005. A exposição apresentava mais de 1000 exemplares de rótulos de caixas de fósforos produzidos na China,  uma variedade de desenhos e padrões que iam desde o período do final da Dinastia Qing até ao advento da República, e rótulos completos e temáticos do Período Republicano. Apresentava também, os rótulos das caixas de fósforos produzidos em Macau  das décadas de 20 à 50  (no período áureo desta indústria, décadas de 20 e 30, Macau possuía diversas fábricas e marcas próprias e empregavam mais de mil operários), das conhecidas fábricas, Cheong Ming, Tung Hing, Tai Kwong e Man Koc.

Catálogo Esplendor Centenário 1.ª páginaNa ” Mensagem”  (p. 13) do Presidente do Conselho Administração do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, Lau Si Io , retiro o seguinte trecho:
… Uma pequena caixa de fósforos é um objecto encantador. A parte de cima apresenta normalmente a marca e a parte de baixo o anúncio, designado por “rótulo traseiro” . As caixas que têm uma etiqueta a toda a volta, incluindo a faixa da lixa, são conhecidas por caixas de “rótulo completo”, É extraordinária, a forma como podemos ver o mundo projectado num pedaço de papel de poucos centímetros...”
(1) Esplendor Centenário – Rótulos de Caixas de Fósforos Antigas / Centennial Glamour – Matchbox Labels. Edição do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais da Região Administrativa Especial de Macau. 2005, 63 p., ISBN 99937-54-66-8, 26 cm x 22 cm.

CALENDÁRIO 2006 O Sistema de Saúde em MacauCalendário de bolso dos Serviços de Saúde do Governo da Região Administrativa Especial de Macau, de 2006, com a reprodução do frontispício  da revista editada pelos  Serviços de Saúde, e publicada em Outubro de 2005, n.º 4 do volume 6, “O Sistema de Saúde e a Saúde em Macau”. 
CALENDÁRIO 2006 O Sistema de Saúde em Macau versoEste calendário com as dimensões: 11 cm x 8,5 cm (dobrável), foi emitido a propósito dos 20 anos dos Cuidados de Saúde Primários pelo Gabinete de Coordenação Técnica dos Cuidados de Saúde Primários (endereço: Estrada de Vitória, n.º 34, RAEM).
No verso, os três logótipos : Serviços de Saúde, Cuidados de Saúde Primários e  Centro Hospitalar Conde S. Januário.
CALENDÁRIO 2006 Logótipo SSMServiços de Saúde do Governo da Região Administrativa Especial de Macau
CALENDÁRIO 2006 Logótipo CSPCuidados de Saúde Primários
CALENDÁRIO 2006 Logótipo CHCSJCentro Hospitalar Conde S. Januário

O recente lançamento do novo livro de Maria Helena S. R. do Carmo (1), leva-me a aconselhar a leitura – ficção que se lê com interesse com dados históricos rigorosos da evolução de Macau nessa época – do seu  anterior romance: «Uma Aristocrata Portuguesa no Macau do século XVII – Nónha Catarina de Noronha» (2)

Uma Aristocrata no Macau séc. XVII CAPA

Apoiado numa exaustiva e rigorosa investigação histórica, esta obra de ficção histórica é um contributo singular para o conhecimento de um tema quase nunca tratado – a presença e a situação da mulher na expansão portuguesa”(3)

Uma Aristocrata no Macau séc. XVII CONTRACAPARetiro informação da  contra-capa:
«Partindo de um quadro central – a vida de uma figura feminina, D. Catarina de Noronha, a Autora recria em pormenor a vida de Macau seiscentista, o relacionamento de Macau com os mandarins e a China imperial, a organização do comércio português no Extremo Oriente, nomeadamente nas ilhas de Timor, os hábitos alimentares, costumes, festividades e religião das populações que tinham contacto com os portugueses, enfim, é o século XVII macaense, com todas as suas envolvências, que perpassa pelo nosso olhar. Um trabalho de grande fôlego, sem dúvida, com a originalidade de se debruçar sobre um tema – a mulher na expansão portuguesa – muito difícil de tratar por escassez de elementos de informação. A Autora fala, aliás, das «poucas referências a seu respeito» da figura principal da narrativa, o que levou a recorrer a uma obra de ficção para nos descrever a sua vida e o quotidiano macaense que encontrou, tendo obtido informação «por vias transversais, através de dados referentes a familiares de linha masculina, únicos dignos der menção e registo na época»

(1) Maria Helena S. R. do Carmo é licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, fez o Mestrado em Língua e Cultura Portuguesa – variante de História, na Universidade de Macau, com uma dissertação sobre os interesses portugueses em Macau na primeira metade do séc. XVIII. É autora de vários trabalhos relacionados com a história de Macau (ver o livro” Mercadores do Ópio) (4). Lançou recentemente, ”Bambu Quebrado”, biografia romanceada do Governador João Maria Ferreira do Amaral.
(2) CARMO, Maria Helena S. R. do – Uma Aristocrata Portuguesa no Macau do Século XVII – Nónha Catarina de Noronha. Editorial Inquérito/ Fundação Jorge Álvares, Colecção Jorge Álvares n.º 2, 2006, 335 p.,  ISBN: 972-670-430-8
Entrevista dada pela autora ao JTM de 27 de Novembro de 2009, disponível em:
http://arquivo.jtm.com.mo/view.asp?dT=332801001
http://arquivo.jtm.com.mo/view.asp?dT=332801002
(3) http://www.jorgealvares.com/conteudo. 
(4) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/08/27/leitura-mercadores-do-opio/
NOTA: sobre a mesma personagem, Nónha Catarina de Noronha, recomendo também a leitura do trabalho «Redes Sociais e Poder em Macau no Século XVII: O Caso de Francisco Vieira de Figueiredo e de Dona Catarina de Noronha» de Elsa Penalva disponível em
http://www.cham.fcsh.unl.pt/ext/files/activities/C_SPEMElsaPenalvaI.pdf
Resumo: O mercador Francisco Vieira de Figueiredo, na oposição que empreendeu contra a presença holandesa no Sueste Asiático, manteve-se fiel à tradicional parceria entre as elites mercantis e a Companhia de Jesus. Falecido em 1667 deixou sua mulher, Dona Catarina de Noronha, numa posição difícil pelo facto de ter legado aos jesuítas uma avultada quantia. É objectivo desta conferência problematizar esta questão, inserindo-a no contexto das redes sociais no Extremo Oriente, a partir de documentação em que o sujeito principal é a sua viúva na qualidade de armadora.

Livro de poesia de Maria Anna Acciaioli Tamagnini, de 1925.  Exemplar com a capa e contracapa em mau estado, sujas e lombada rasgada. (1)

Lin Tchi Fá 1925

Sobre folhas de lótus escrevi
As letras do teu nome, meu amor,
N´aquellas folhas que a sorrir colhi
Ao debruçar-me sobre o lago em flôr.

Sobre folhas de lótus desenhei
O mais risonho trecho da cidade;
E esse leve desenho que tracei
Dir-se-hia uma paisagem feita em jáde.

O teu nome mais bello se fizéra
No relèvo das letras bem gravadas.
A paisagem lembrava primavera
Sobre o verde das folhas espalmadas.

Apertei-as de encontro ao coração.
Senti meu peito como flôr a abrir …
E todo o Oriente feérico e pagão,
Sobre folhas de lótus vi surgir

Ah! Se eu pudesse, como outr´ora, ao luar,
Por esses lagos nos jardins dispersos,
Ir as folhas de lótus apanhar
Para sobre ellas escrever meus versos,

Essas folhas de extranha singeleza
Dariam á poesia outro valor,
E eu realizava um sonho de belleza:
Um livro cheio de perfume e côr.

Lin Tchi Fá 1925 - desenho japonesaNa primeira página, um desenho de uma japonesa, assinado “Maria Anna

NOTA: Maria Anna de Magalhães Colaço Acciaioli Tamagnini (1900-1933). Casada com o então governador de Macau, Artur Tamagnini de Sousa Barbosa (desposou-a em segundas núpcias), esteve em Macau durante o 2.º mandato deste Governador, de 08-12-1926 a 02-01-1931. Faleceu em Lisboa, à beira de completar 33 anos, de parto do seu quinto filho

(1)TAMAGNINI, Maria Anna Acciaioli – LIN TCHI FÁ – Flor de Lótus – Poesias do Extremo Oriente. Lisboa (composto e impresso no Centro Tipografico Colonial), 1925, 95 p +|4 – Índice, Erratas|, 23 cm x 15 cm.

A edição que possuo, de 1925, traz ainda na 1.ª página a etiqueta: Coimbra Editora, L.da. N.º de ordem 288; Preço 3$50

Lin Tchi Fá 1925 - etiqueta

Em 1991 o livro foi reeditado pelo Instituto Cultural de Macau.

Posteriormente nova edição em 2006 (2)

Lin Tchi Fá 2006

Esta edição tem uma introdução de Natália Correia “ Versos de Brisa Portuguesa Escritos Numa Flor De Lótus” e tem em relação à anterior mais um poema: “Santa Infância” (poema feito a favor do Asilo da Santa Infância em 1 de Abril de 1929)

(2) TAMAGNINI, Maria Anna Acciaioli – LIN TCHI FÁ – Flor de Lótus. Editorial Tágide, Lta. 2006, 99 pp. + |Glossário|, 21 cm x 15 cm. ISBN 989-95179-0-9

Hoje dia 21 de Março, celebra-se o Dia Mundial da Poesia.

Também início da Primavera, recordo aqui, Maria Anna Acciaioli Tamagnini (1) em dois poemas do seu livro, publicado em 1925 (2):

 NO PAVILHÃO DA POESIA

Amanhecera

A brisa da Primavera

Passou ligeira…

Na página, onde eu escrevia

Uma poesia,

Caíram as flores rosadas,

Delicadas,

De um tronco de cerejeira

 NO PAVILHÃO DO CHÁ

 Num vaso precioso, uma peónia,

Em trajes de cerimónia

Alguns velhos, letrados, reunidos,

Conservando, entretidos,

A perfumar o ambiente,

Sobre pequenas mesas de charão,

Em taças, de Cantão

Folhas de chá abrindo lentamente…

 (1) Sobre esta autora, ver anterior “post”:    https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/maria-anna-tamagnini/

(2) TAMAGNINI, Maria Anna Acciaioli – Lin Tchi Fá, Flor de Lótus. Poesias do Extremo Oriente. Lisboa, 1925, 95 p. + |4|

Nova edição em 2006: TAMAGNINI, Maria Anna Acciaioli – Lin Tchi Fá, Flor de Lótus. Editorial Tágide, 2006, 99 p. ISBN 989-95179-0-9.

Casino Flutuante IO casino “MACAU PALACE CASINO” (1 e 2.º andar) e Restaurante “MACAU PALACE” (“rés do chão”) mais conhecidos como o Casino/Restaurante  Flutuante, começaram a funcionar no ano de 1962, no Porto Interior, num “junco adaptado”, atracado à Ponte Cais n.º 12/B, e propriedade da  Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (S. T. D. M.) (1). Foi o 1.º casino da era “STDM”, embora o considerado 1.º casino “terrestre” – o novo Hotel Estoril (2) – tivesse sido só inaugurado a 15 de Novembro de 1963. (1)
Por apresentar degradação das suas estruturas, foi renovado, entrando de novo em funcionamento em 1996. Em 23/07/2006 foi aumentado e transferido para o Porto Exterior, onde ficou fundeado junto ao então Terminal Marítimo do Porto Exterior, mantendo o «Casino Macau Palace» e o «Restaurante de Comidas Palácio». Mas em Outubro de 2007 deixou de funcionar e foi levado para zona Fai Chi Kei.(3)

 

Porto Interior 1970POSTAL de 1970 – “View of the Inner Harbour and the Floating Casino”

Macau Palce Casino

As duas caixas de fósforos que apresento publicitam o Casino Flutuante e o Hotel Lisboa (portanto são do princípio da década de 70) (4) e tem as seguintes dimensões: 5,5 cm x 3,5 cm x 1 cm.
Ambas as caixas, num dos lados, apresentam a fotografia do casino/restaurante flutuante mas têm inscrições diferentes: um, “MACAU PALACE CASINO“, o outro “MACAU PALACE CASINO TEL 5166 
Macau Palace Casino IIMacau Palace Casino IIIDo lado oposto, ambas as caixas com a mesma fotografia do Hotel Lisboa mas aí, também com inscrições diferentes:
Um (anterior) “LISBOA CASINO MACAU TEL 5111
Macau Palace Casino IVMacau Palace Casino V

O outro : “ NEW CASINO DE MACAU” (4)  Macau Palace Casino VINa “lombada” , também apresentam indicações diferentes:

Porto Interior 1960O Porto Interior na década de 60 com o Casino Flutuante e o barco da carreira marítima Macau- Hong Kong

Macau Palace Restaurante Anúncio de 1966 – Restaurante Flutuante “MACAU PALACE” de Comida Chinesa

 (1) “1962 – A STDM adapta para fins de ««Casino Flutuante» um barco típico – junco -que fica conhecido pela sua situação pitoresca, atracado no Porto Interior, e que servirá para algumas das filmagens da série James Bond – «Man with a golden gun». Este casino  deu origem ao «Macau Palace»”
“15-XI-1963 – Abertura de novo Hotel Estoril, estabelecido junto à Piscina Municipal, também ela remodelada. A  nova unidade pferece as suas instalações, que contam com um Casino, considerado o primeiro da cidade, já que o anterior é apenas um Casino Flutuante”
SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XX, Volume 5. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, Macau, 1998, 320 p. (ISBN 972-8091-64-8)
(2) Sobre o Hotel Estoril, ver anterior:
            https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/hotel-estoril/
(3) Em Junho de 2007, era noticiado que o histórico casino flutuante iria ser remodelado, reconvertido a partir de Agosto num centro de “slot machines” e passaria a chamar-se “Paradise Casino” . No entanto o projecto de remodelação não foi concretizado e desde Outubro desse ano, o “barco”  encontra-se na zona do Fai-Chi-Kei para onde foi rebocado, em estado de degradação, aguardando uma solução. No ano passado, 2012, Ângela Leong (Angela Leong On Kei 梁安琪, 4.ª esposa de Stanley Ho) deputada e administradora delegada da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), lançou a ideia de transformar o antigo casino flutuante MACAU PALACE CASINO num museu salientando o seu valor histórico. (Jornal Tribuna de Macau, 2 de Agosto de 2012, p. 8)
(4) O Hotel Casino Lisboa foi inaugurado a 3 de Fevereiro de 1970

O cruzador república na China capaRelatório em forma de diário do Comandante em Chefe das Forças Navais Portuguesas no Extremo Oriente, Comodoro Guilherme Ivens Ferraz (1), redigido na conclusão da missão de vigilância no teatro de operações da guerra civil chinesa de 1925 a 1927, no comando do Cruzador “República”. O Livro tem como subtítulo: “Subsídio para a História da Guerra Civil na China e dos Conflitos comas Potências” (2).
O prefácio da obra (assinada a 11 de Dezembro de 1932) é de Artur Tamagnini Barbosa que foi Governador de Macau (3)
Guilherme Ivens Ferraz

Guilherme Ivens Ferraz, em 24 de Junho de 1925, foi nomeado comandante do cruzador “República” (movido a carvão) que partiu para Macau no dia 27, em comissão urgente de serviço de soberania. A chegada a Macau foi a 19 de Agosto ( viagem de 29 dias e 12 horas de navegação). Foi recebido pelo Governador interino da província, o coronel Joaquim A. dos Santos que “logo me disse que devia tomar o comando em chefe das forças navais e organizar um plano de defesa da Colónia
O livro está dividido em três partes: nacionalismo vermelho (1925), avanço dos exércitos nacionalistas (1926) e vitória nacionalista (1927).
O cruzador república

O cruzador «República» no Porto Interior de Macau

Relata vários episódios como “breve historial dos conflitos entre o Império Celeste e as potências europeias (e Japão); perturbações de Maio e Junho de 1925 em Cantão contra as concessões ocidentais; viagem do “República” de Lisboa a Macau, com passagem por Singapura; aliança momentânea entre Chiang Kai-Shek (4) e os bolchevistas; o governo “branco” do general Chen Kwing Ming em Cantão, próximo das potências europeias (Portugal e Grã-Bretanha); lutas entre senhores da guerra no norte e sul do país; as regiões ocupadas pelo Exército Vermelho; Kuomintang vence senhores da guerra; corpo expedicionário português em Xangai; vitória nacionalista sobre os comunistas.” (5)
NOTA: O cruzador “República” foi um dos dois navios da marinha portuguesa (o outro cruzador foi o “Carvalho Araújo”), construído em 1915 e adquirido por Portugal em 10 de Março de 1920 (ao serviço da Armada em 1921). Antes da participação na força multinacional enviado para ao Extremo Oriente, prestou apoio à travessia do Atlântico Sul por Gago Coutinho e Sacadura Cabral em 1922. Abatido ao efectivo da Armada em 1943.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Classe_Carvalho_Ara%C3%BAjo
(1) Guilherme Ivens Ferraz (1865- 1956), ingressou na Escola Naval em 1883 e foi sendo promovido até terminar a sua carreira como Vice- Almirante em 1930. Foi membro do Conselho de Almirantes reunido em Xangai durante os acontecimentos de 1927
(2) FERRAZ, Guilherme Ivens – O Cruzador “República” na China. Academia da Marinha,  2.ª edição (fac-simile), 2006, 654 p. + XVIII p. ISBN 972-781-091-8.
A primeira edição foi do Ministério da Marinha (Imprensa da Armada) de 1932, publicação ordenada por Sua Excelência o Ministro da Marinha no seu despacho de 6 de Outubro de 1930.
(3) Governador de Macau em três mandatos: 1918-1919; 1926-1930; 1937-1940
(4) Chiang Kai-shek (1887-1975) conhecido em mandarim como Jiang Zhongzheng (蔣中正). Comandante da academia Militar Whampoa do Partido Nacionalista Chinês , presidente do Governo nacionalista da República da China de 1928 a 1948
(5)  http://purl.pt/711/1/china/ch-biblografia.html

Uma novela (melhor dizendo uma “novelização” dum guião cinematográfico incompleto) de aventuras nos inícios do século XX precisamente em1927. Tem como protagonista um pirata, aventureiro, , Anatole “Annie” Doultry, capitão  de navio, de meia idade , excêntrico, temido pirata nos mares entre as Filipinas e Xangai, nascido em Edimburgo no ano de 1876, a cumprir uma pena de seis meses nas prisões de Hong Kong (Cadeia Victoria ???). Partilha o catre, por cima do seu, com um português, de nome Lorenzo e entre as corridas de baratas organizadas por si para passar o tempo, salva a vida dum prisioneiro, por piedade ou misericórdia  Após a liberdade descobre que esta sua acção, é agradecido pela patroa do prisioneiro, a famosa pirata Lai Choi San (viúva chinesa de origem tanká ou  melhor euro-asiática como veio a descobrir o aventureiro), bela, cruel e perspicaz, …mas educada na escola missionária Colégio do Sagrado Coração de Macau!!! que o convida a participar num assalto a um barco britânico Chow Fa , carregado de prata. Anatole seduzido pelos encantos da mulher, aceita…..
Não revelo o final mas acrescento que o livro tinha tudo para um bom filme: batalhas navais, tufões sedução, traição, emoção e luxuria.

Da descrição de Macau, tudo mau: casinos clandestinos (“A Casa dos Sonhos Estranhos”), jogo (Fan-Tan) prostituição, piratas, subornos e contrabando de armas.
As maior parte das críticas disponíveis na net são desfavoráveis (2)

Para alguns, a história como o livro surgiu nas bancas é mais interessante.  Marlon Brando criou a personagem baseado em si: gordo, de idade média,  50 anos, excêntrico e apaixonado por mulheres asiáticas. Pediu a colaboração de Donald Cammel (realizador de «Performance» com Mick Jagger – e quese suicidou em 1986 apos da estreia de «The Wild Side», aos 62 anos de idade ) para elaborar um guião cinematográfico tendo este passado 8 meses em Tetiaroa, a ilha que Brando possuía (e vivia) no Taiti. No entanto, o actor que estava desencantado com Hollywood, negou apresentar o guião aos estúdios apesar de em 1982, a Sonny Mehta ter proposto 100 000 dólares por ele. Com a morte de Brando em  1 de Julho de 2004 (aos 80 anos),  China Kong , mulher de Cammell, encontrou “uma versão incompleta do livro terminado entre 1982 e 1983” e resolveu vendê-lo . David Thomson, critico cinematográfico, foi encarregado de estruturar a narrativa, “romanceá-la” e escrever o ultimo capítulo (só havida algumas notas deixadas por Cammell) e no livro acrescentou um posfácio («O Mistério da Colaboração»).

(1) BRANDO, Marlon; CAMMEL, Donald – Fan-Tan. Civilização Editora, 2006, 257 p., ISBN 972-26-2366-4
(2) Críticas, em inglês:
http://intellectualmediocrity.blogspot.pt/2011/09/fan-tan-marlon-brando-donald-cammell.html
http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2005/08/25/AR2005082501466.html

NOTA:番攤 ( pinyin: fāntān; cantonense jyutping: faan1 taan1) é o nome de um jogo que poderá ser definido como uma roleta sem a roleta. E com apenas quatro números! Surgido na China há vários séculos, ele ainda hoje é praticado na Ásia e nas comunidades chinesas espalhadas por todo o mundo. Trata-se de um  jogo de apostas onde o banqueiro – aquele que as recebe e paga – recolhe um punhado de grãos de cereal de um recipiente e o deposita no centro da mesa. Em seguida, com o auxílio de uma varinha, ele vai separando os grãos em grupos de quatro. O último grupo, que pode consistir em um, dois, três ou quatro grãos, indicará o número vencedor. As apostas são feitas tradicionalmente nos quatro cantos da mesa, cada um deles correspondendo a um dos números.
Para quem estiver interessado neste jogo, poderá consultar:
PAULÉS, Xavier – Le fantan, une étude préliminaire /Fantan: A preliminary study
http://www.reseau-asie.com/cgi bin/prog/gateway.cgi?langue=fr&password=&email=&dir=myfile_colloque&type=
jhg54gfd98gfd4fgd4gfdg&id=421&telecharge_now=1&file=a37paules_xavier.pdf