Anuário de Macau – Ano de 1977, Centro de Informação e Turismo, p. 479,
Numa cerimónia realizada em Dezembro de 1977, no Restaurante Riviera, o escultor e construtor civil Oseo Leopoldo Goffredo Acconci, de nacionalidade italiana, radicado há longos anos em Macau, recebeu das mãos do Cônsul-Geral da Itália acreditado neste território, Michelangelo Pisani Massamormile, a «Croce de Cavaliere de Lavoro» (Cruz de Cavaleiro do Trabalho) que lhe foi concedida pelo Governo do seu país. Oseo Acconci que veio para Macau pouco antes de eclodir a Segunda Guerra Mundial, (mudou-se com a família de Hong Kong para Macau em 1940, seis meses antes de a Itália aderir à Segunda Guerra Mundial) realizou importantes trabalhos de construção civil, com destaque para edifícios de carácter religioso, esculturas e trabalhos de ornamentação, revelando.se um verdadeiro artista.
Cidadão de fino trato e de carácter bondoso, era por todos estimado, nomeadamente pelos seus operários a quem tratava como amigos. A cerimónia da entrega da condecoração contou com a presença do Governador de Macau, coronel Garcia Leandro, e esposa, as principais autoridades e outras pessoas, tendo o cônsul Massamormile enaltecido as qualidades do homenageado que, muito comovido, agradeceu a distinção conferida e a presença dos convidados. (1)
Algumas obras mais conhecidas em Macau deste escultor, arquitecto e empreiteiro italiano falecido em 1988 aos 83 anos: Escola Comercial, hoje Escola Portuguesa de Macau, desenhada por Chorão Ramalho; Igreja de Nossa Senhora das Dores, em Ká Hó, projectada e construída por Oseo Acconci; Nossa Senhora de Fátima do Quartel de Mong-Há; as moradias da Coronel Mesquita e o painel da mulher seminua na fachada do Hotel Estoril.(2)
(1) Extraído de “Macau Boletim de Informação e Turismo”, XII, n.º 9-10 de 1977, p. 36
(2) Ver artigo “Fortuna ou a história da mulher futurista de Macau” no jornal Ponto Final” de 30.09.2015 https://pontofinalmacau.wordpress.com/2015/09/30/fortuna-ou-a-historia-da-mulher-futurista-de-macau/
Anteriores referências em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/oseo-acconci/
A delegação da Associação de Karate-do Seigokan de Macau, (1) que esteve presente no 32.º Torneio Internacional de Karate-do, da “Seigokan All Japan Karate-do Association (SAJKA)», realizado em 27 de Novembro de 1977, em Otsu, Kyoto , na Prefeitura de Shiga, (Japão), (2) participou a seguir no 4.º Torneio Mundial de Karate-do, realizado em Budokan de Tóquio, sob a organização da «World Union of Karate-do Organizations».
As eliminatórias fizeram-se no dia 3 de Dezembro e as semi-finais, no dia 4. Embora com resultados menos satisfatórios do que os obtidos no Torneio, (2) Macau ainda disputou as semi-finais da modalidade de «Kata».
A caravana regressou a Macau no dia 8 de Dezembro, tendo apresentado cumprimentos ao Governador, uns dias depois.
(1) Extraído de «MACAU BIT», XII, 9-10, Nov-Dez, 1977 pp. 34-36
Pela primeira vez, Macau, representado por uma delegação da Associação de Karate-do Seigokan de Macau, (1) esteve presente no 32.º Torneio Internacional de Karate-do, da “Seiokan All Japan Karate-do Association (SAJKA)», realizado em 27 de Novembro de 1977, em Otsu, Kyoto, na Prefeitura de Shiga, (Japão).
A equipa de Macau partiu para o Japão, no dia 25 de Novembro. Além doe alguns elementos directivos, acompanharam a caravana pessoas entusiastas da modalidade que se deslocaram por conta própria, entre as quais dr.ª Beatriz Batalha da Conceição que prestou apoio médico à equipa. Os elementos da equipa que se fizeram acompanhar do presidente do Conselho de Educação Física, José dos Santos Ferreira, do presidente da Associação de Karate-do Seigokan de Macau, dr. João Bosco da Silva, da vice-presidente, dr.ª Beatriz Batalha da Conceição e de outros elementos da Direcção.
Antes da partida para o Japão, estiveram no Palácio do Governo, a apresentar cumprimentos ao Governador coronel Garcia Leandro, tendo o dr. João Bosco da Silva, agradecido em nome da Associação o apoio moral e financeiro do Governo do território, sem os quais seria impossível Macau estar representado nesta competição internacional. Esteve presente nesta visita o secretário-adjunto para assuntos sociais e cultura, capitão Vítor Oliveira Santos, a quem igualmente foram apresentados cumprimentos.
Neste torneio, Macau participou com uma equipa formada por Manuel Silvério, Daniel Ferreira, Mateus Silva, John Sousa e Ngai Tat Chi que ficou em 4.º lugar, entre as 48 participantes e individualmente, João Madeira classificou-se em 3.º lugar da classe de Cintos Castanhos.
No dia 26 de Novembro a delegação foi recebida pelo vice-governador da Prefeitura de Shiga e pelo secretário da Câmara Municipal de Shiga que em nome do governador e do presidente da Câmara, respectivamente, apresentaram as boas vindas aos componentes da delegação. Aproveitando o tempo de estadia, a delegação de Macau visitou as academias da «SAJKA», nas cidades de Otsu, Kyoto e Himeji, onde a sede-geral da SAJKA tem as suas instalações. (2)
(1) “Associação de Karate-do Seigokan de Macau“, em 1977 tinha a sua sede na Avenida Coronel Mesquita, edifício junto do Campo do Colégio D. Bosco, com a seguinte Direcção: Presidente – João Bosco da Silva; Vice-presidente – Beatriz Batalha da Conceição; Secretário – Daniel Albino Ferreira; Tesoureiro – Lísbio Maria Couto; Vogais: Ngai Tai Chi e Telmo Martins; Conselheiro técnico – José Martins Achiam (informação do «Anuário de Macau de 1977”, p. 420)
(2) Texto e fotos extraídos de «MACAU BIT», XII, 9-10, Nov-Dez, 1977 pp. 34-36.
Os «Pequenos Cantores do Colégio D. Bosco» actuaram no Ginásio da Escola Comercial, no dia 15 de Novembro de 1977, às 19,00 horas.
“O grupo apresentou-se impecável, nos trajos de marujo, com um programa concatenado pelo Padre Águeda, director do Colégio, que lhe deu uma feição das qualidades do povo português, coma sua alegria expressa nos cantares que acompanham a sua gente quer na Pátria quer no peregrinar pelo Mundo. Com o «Lisboa acordou», de Nóbrega e Sousa, encerrou-se a sessão, referindo que também acordou … Macau, com o ruído dos carros para o Grande Prémio, (1) no mesmo sentido de cooperação mundial e conquista de novas amizades.
Esteve presente o Governador, coronel Garcia Leandro, que se fez acompanhar da esposa. A assistência razoável teve uma bela oportunidade de ouvir o conjunto polifónico, com um novo atractivo de movimentos que introduziu pela primeira vez na sua actuação, por sinal muito feliz “ (2)
(1) Refere-se ao «XXIV Grande Prémio de Macau» que se realizou de 18 a 20 de Novembro de 1977. Ver em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/11/18/noticias-de-18-a-20-de-novembro-de-1977-xxiv-grande-premio-de-macau/
(2) Extraído de «MBIT», XII-9/10, Nov/Dez 1977, pp.9-11
“A 12 de Novembro, Lady May L. Ride, viúva de Sir Linsay Ride, veio a Macau, acompanhada dum arquitecto, para tratar de erigir uma lápide de bronze a Sir Lindsay, que faleceu em Hong Kong em 17 de Outubro (1) e cujas cinzas foram trazidas para o Cemitério Protestante de Macau.
O arquitecto é o Dr. E. S. T. Cusdin, que acaba de ser convidado pera vir de Londres a Hong Kong, a fim de elaborar, o projecto da expensão da universidade inglesa; foi ele também que há vários anos delineou o projecto do “Queen Elizabeth Hospital” de Kowloon e ainda a residência de Sir Lindsay Ride em Hong Kong e muitos outros edifícios. Veio com a sua esposa e ambos visitaram os pontos turísticos de Macau acompanhados por Roque Choi e pelo Padre M. Teixeira, que lhes relatou a história de cada um regressando ambos nessa tarde a Hong Kong com Lady Ride. Prometeram voltar para examinarem melhor a cidade e a sua arquitectura característica e sobretudo os projectos para o desenvolvimento das ilhas da Taipa e Coloane, que este hábil e experimentado arquitecto mostrou desejos de conhecer.
Extraído de «MACAU BIT», XII-9/10, de Novembro/Dezembro de 1977, p. 18
(1) Ver anterior referência em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/lindsay-tasman-ride/
1- Refogado à chinesa, geralmente constituído por uma mistura de carnes e vegetais variados.
Esta expressão entra na designação de vários pratos da cozinha macaense, por exemplo «chau-chau pele» (o mesmo que tacho), «galinha chau-chau parida», «porco chau-chau mamá», «pigmentos chau-chau», «arroz chau-chau», «chau-min» etc
2 – Mistura de coisas diferentes.
3 – Chau-chau lau-lau – Confusão, mixórdia, desordem.
«É tudo um chau-chau lau-lau» – está tudo fora dos eixos, em confusão, ninguém se intende
«Fazer um chau-chau» pode significar «fazer um estrugido de vários ingredientes»
ou «fazer uma misturada, uma confusão» (1)
Étimo – ch´áu – 炒 (2) – refogar, estrugir, frigir ((em pequena porção de gordura). Entre os macaenses a reduplicação chau-chau designa de facto variedade de comidas, mas em chinês o sentido fundamental é o estrugir, frigir.
Toda a informação de BATALHA, Graciete Nogueira – Glossário do Dialecto Macaense, 1977
(1) «Ung´a chau-chau lau-lau ná-mas!» isto é uma mixórdia, nada mais! (FERNANDES, Miguel Senna; BAXTER, Alan Norman – Maquista chapado, 2001
(2) 炒 – mandarim pīnyīn: chǎo; cantonense jyutping: caau2
No campo da cultura musical, estiveram em Macau, as crianças do “Coro Infantil da Rádio NHK de Tóquio” (grupo feminino, com um único elemento masculino) que actuaram no dia 21 de Março de 1977, no Auditório Diocesano, interpretando clássicos e canções populares e eruditas japonesas. Participou neste espectáculo, os “Pequenos Cantores” do Colégio D. Bosco.


Aproveitaram a estadia para uma visita aos pontos turísticos da cidade e das ilhas


Extraído de «MBIT», n-º 1-2, 1977.
“O entusiasmo da queima de panchões, nos dias festivos do Ano Novo Lunar, atinge todas as idades, e nem o estampido abranda a tarefa, embora por vezes se sintam atemorizados com o estralejar contínuo dos petardos.
Sacodem-se, assim, todos os azares da vida e o mau agoiro que venha prejudicar a felicidade pelo ano fora.
São crenças ainda conservadas no rol das superstições que influenciam este povo milenário, conservador das suas tradições que lhe apontam normas de vida, para que tudo se oriente para a felicidade, tal como ele a concebe.” (1)
(1) Extraído de p.9, «Macau Boletim de Informação e Turismo», Vol XII, n.ºs 1 e 2, 1977.