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13-01-1924 – Esteve de visita a Macau o conhecido romancista espanhol Blasco Ibanez“. (1)
Blasco IbanezVicente Blasco Ibánez (1867-1928), escritor (2), jornalista e político espanhol, deixou um relato da sua viagem, à volta ao mundo, iniciada em 1923, publicado em livro (três volumes). O 1.º volume é dedicado aos “Estados Unidos-Cuba-Panamá-Hawai-Japão-Corêa-Mandchúria“. O 2.º Volume é referente a “China-Macau-Hong-Kongo-Filipinas-Java-Singapura-Birmânia-Calcutá“.

IBANEZ A Volta ao Mundo capaIBANEZ A Volta ao Mundo lombadaO 3.º Volume (que não possuo) é dedicado a “Índia-Ceilão-Sudão-Núbia-Egito”.
Possuo os dois primeiros volumes, ambos de 2.ª edição, publicados em 1944. A 1.ª edição dos três volumes é de 1931, da mesma editora.
Do 2.º Volume (3) e com referência a Macau, logo no início do capítulo XIII – “Viagem a Macau“,  transcrevo:
Às primeiras horas da manhã, embarcámos para Macau. Vemos em frente do vapor numerosos grupos de chineses. Uma força de polícia regula-lhes a entrada , um a um, na prancha que liga o barco ao cais. São todos revistados, da cabeça aos pés e só podem passar para diante quando o agente industânico está convencido de que não levam sequer o mais pequeno canivete. Como êstes homens amarelos se parecem todos uns com os outros pelo fato azul e pelos rostos quási iguais, é difícil  distinguir um cooli pacífico que vá tratar dos seus negócios a Macau, de um pirata que prepare com os companheiros o ataque ao vapor, a meio da viagem…(…)
            Macau, que primitivamente se chamou Cidade do Santo Nome de Deus na China, e depois viu substituído êste nome pelo de Macau, de origem indígena, seria grandemente exótica se de repente se pudesse transladar para as proximidades de Lisboa. Vista aqui, depois de se haverem visitado as principais cidades do litoral chinês, faz lembrar o antigo Portugal e parece emanar dela um longínquo sopro do nosso hemisfério…(..)
            O governador actual, o doutor Rodrigo Rodrigues, (4) é um médico que gosava merecida reputação na pátria antes de entrar na vida política, republicano como os que desinteressadamente combateram a monarquia e que depois tendo triunfado, tiveram de abandonar as suas antigas profissões para servirem a nova República portuguesa.
            Durante as horas passadas em Macau pude apreciar o que o meu amigo Rodrigues tem feito em alguns anos de govêrno. Uma cobrança de impostos, bem administrada, deu o suficiente +ara a construção de um pôrto grandioso, no qual poderão fundear transatlânticos de grande tonelagem…..”.
…………………………………………………………..continua
(1) GOMES, Luís G. Efemérides da História de Macau. Notícias de Macau, 1954, 267 p.
(2) Foi um grande e fecundo romancista (quatro dezenas de livros publicados), tornando-se mundialmente conhecido devido à transposição das suas obras para o cinema.  Dois dos livros mais conhecidos:
Rodolfo ValentinoOs Quatro Cavaleiros do Apocalipse“, que não é das suas melhores obras, foi levado ao cinema (“The Four Horsemen of the Apocalypse) por um realizador medíocre, Rex Ingram, em 1921, mas tornou célebre, Rodolfo Valentino, como uma estrela mundial (foi a película mais rentável do cinema mudo); posteriormente outra versão (fracasso económico nas bilheteiras) de Vicent Minnelli, em 1962.

Blood and SandSangue e Areia” também outro êxito de Rodolfo (“Blood and Sand“), filme de 1922, de Fred Niblo e outra nova versão em 1941 de Rouben Mamoulian, com Tyrone Power, Rita Hayworth e Anthony Quinn.
Muitos dos seus livros foram passados para o cinema quer em Hollywood quer no cinema hispano-americano/espanhol.
Como curiosidade, dado o prestígio do romancista, após o êxito dos filmes, a Metro utilizou a adaptação dos romances, “Entre Laranjeiras” e “Terra de Todos” para lançar Greta Garbo nos Estados Unidos.
(3) IBANEZ, V. Blasco – A Volta ao Mundo, Volume II, 2.ª Edição. Livraria Peninsular Editora, Lisboa, 1944, 363 p. Tradução de Agostinho Fortes.
(4) Governador Rodrigo José Rodrigues de 5 de Janeiro de 1923 (auto de posse) a 18 de Outubro de 1925 ( tomada de posse de Manuel Firmino de Almeida Maia Magalhães)
NOTA : Um trecho do livro citado, referente à visita que o autor fez à Gruta de Camões, encontra-se no Blogue Caderno do Oriente:
http://caderno-do-oriente.blogspot.pt/2010/06/blasco-ibanez-no-jardim-e-gruta-de.html

Se coardes água límpida em água límpida, ficam ambas de uma mesma limpidez.

Tradução do chinês por Camilo Pessanha in China (Estudos e traduções), Lisboa, Agência Geral das Colónias, 1944, 131 p.

Estátua de Camilo Pessanha no Jardim das Artes, em Macau

Foto tirada em Março de 2012

Colocando-se fronteiros dois espelhos, duas imagens se formam – qual delas mais vazia ?

Tradução do chinês por Camilo Pessanha in
China (Estudos e traduções), Lisboa, Agência Geral das Colónias, 1944, 131 p.

Estátua de Camilo Pessanha no Jardim das Artes – Macau.
Foto tirada em Março de 2012

                       

Foto retirada de “MACAU”,  suplemento do Diário de Notícias, 1981

É pois que Macau, não só pelas suas condições climáticas mas também como mais remoto padrão da acção portuguesa na Ásia , é o palmo de terra mais próximo  para essa evocação se fazer, natural é que, á semelhança do que sucedia com os mais célebres santuários pagãos, situado cada um dêles em terra ilustrada por algum episódio da vida da divindade a que era dedicado, seja em Macau o santuário nacional – pan-lusitano – consagrado ao génio do poeta, e que a Macau a biografia dêste particularmente se refira.
               É a Gruta de Camões, com o seu cenário irremedàvelmente mesquinho – mas susceptível, a-pesar disso, de correcção em muitos dos seus defeitos -, êsse lugar sôbre todos prestigioso, dedicado ao culto de Camões, que é também o culto da Pátria. Culto e prestígio que não podem extinguir-se enquanto houver portugueses; e enquanto não se extinguem, há-de ser verdade intuítiva, superior  a tôdas as investigações históricas, que o maior génio da raça lusitana sofreu, amou, meditou, em Macau, aqui tendo composto, em grande parte o seu poema imortal, e que o local predilecto aos devaneios do seu espírito solitário era essa colina, então êrma, sôbre o pôrto interior, junto das penhas com aparência de «dólmen» em cujo vão foi colocado há anos o seu busto, de proporções reduzidas, fundido em bronze”
Macau, Junho de 1924
Camilo Pessanha (1)
(1) PESSANHA, Camilo – China (estudos e traduções). Lisboa, Agência Geral das Colónias, 1944, 131 p.

Notícias do DESPORTO e ECOS DUMA MERECIDA HOMENAGEM ao Tenente Filipe Augusto do Ó Costa que é considerado o «Pai do Hóquei Macaense» (1)
” Chega o Tenente Filipe Augusto do Ó Costa, no dia 21 deste mês, a Macau, onde vem, a convite da Direcção do Hóquei Clube de Macau, preparar a equipa de honra desta Província, com vista à representação de Portugal nos próximos Jogos Olímpicos de Melbourne”,,, (,,,)
” os hoquistas que o conheceram e que com ele aprenderam, não só a jogar o hóquei em campo , como ainda a ser desportistas, a compreender o significado verdadeiro o «amadorismo» no desporto e que com ele viveram horas  felizes de glória, de vitórias, de façanhas inesquecíveis, os hoquistas  que do nada saíram e que se tornaram depois nomes conhecidos e consagrados na história do desporto português  nesta longínquas paragens «orientais»…

Uma longa fila de «panchões» assinalou a descida do recém-chegado ao cais, donde seguiu em automóvel reservado, acompanhado por dezenas de carros em cortejo promovido pela Delegação do Automóvel Clube de Portugal, até à Pousada de Macau. Ali efectuou-se uma modesta reunião de boas vindas, com a presença de muitas pessoas, durante a qual usaram de palavras Sr.. Dr. Carlos Correia Pais de Assunção (2) na qualidade de presidente da Assembleia Geral do Hóquei Clube e Pedro Hyndman Lobo, como Presidente da Direcção do mesmo clube…(…)  

O sr. Tenente Filipe do Ó Costa começou aqui a praticar hóquei em campo, em 1924. Em 1926, já estava formada a primeira equipa, à qual deu  ele o nome de «Macau Hockey Club». Nos primeiros anos, nas lutas travadas contra fortes equipas da vizinha colónia britânica de Hong Kong, o «Macau Hockey Club» registou derrotas consecutivas, que nem por isso desanimaram nem o orientador e treinador nem os seus discípulos, então já em número apreciável. nas épocas seguintes, já o «onze» local não sofria apenas derrotas, pois que, sobre os fortes adversários de Hong Kong, tinha também começado a registar vitórias, algumas das quais bem honrosas. Até 1937, ano em que o inesquecível fundador do hóquei macaense embarcou para a Metrópole, já o agrupamento local havia registado vitórias incontáveis, umas após outras e quase todas igualmente honrosas para as cores de Macau”…(…)
Em 1944, um grupo de hoquistas e entusiastas d modalidade fundou o «Hóquei Clube de Macau»…(…)  
Assim, na primeira Assembleia Geral , efectuada nesse ano de 1944, foi o benquisto e sempre lembrado «Pai do Hóquei Macaense», por proposta dum dos primeiros directores da colectividade, proclamado «Sócio de Mérito do Hóquei de Macau» …”
 
(1) Boletim Informativo da Repartição Provincial de Economia e Estatística Geral, n.º 71/72 de Agosto de 1956
(2) Recordar que hoje, dia 20 de Abril, se completa 20 anos do falecimento de Carlos d´Assumpção (1992), lembrado sempre como advogado, político e líder macaense mas esquecido, a sua ligação ao desporto nomeadamente ao hóquei em campo.