Em 7 de Agosto de 1898, celebraram os 60 anos de casados, (1) Lourenço Caetano Cortela Marques e sua prima Maria Ana Josefa Cortela Pereira, com uma grande festa a que compareceram muitos amigos e conhecidos tanto de Macau como de Hong Kong; nesse dia celebrava também o Comendador Lourenço Marques o seu 87º aniversário natalício. Um dos sues amigos Demétrio de Araújo e Silva (2) que viera de Hong Kong assistir a essa festa sentiu-se de repente indisposto, vindo a falecer em 21 de Agosto de 1898, vitimado por uma lesão cardíaca, contando 60 anos e 10 meses de vida, em casa do mesmo Comendador, sendo inúteis todos os esforços empregados pelo Lourenço Pereira Marques para o salvar.
Maria Ana Josefa Cortela Pereira veio a falecer em Macau, em 23 de Agosto de 1901, com 76 anos de idade e o Comendador Lourenço Marques faleceu no ano seguinte, a 14 de Dezembro, na sua casa do Largo Luís de Camões.com 91 anos.
(1) Lourenço Caetano Cortela Marques, (1811-1902) em 7 de Agosto de 1838, precisamente no dia que completava 27 anos de idade, casou com sua prima, Maria Ana Josefa Cortela Pereira, a qual contava apenas 13 anos de idade, pois nascera, em Macau a 21 de Abril de 1825.
Conta-se até que, quando ela teve o primeiro filho, fazia-se mister andar a chamá-la constantemente para dar o peito à criança, pois que ela – pouco menos que criança – se entretinha a brincar no jardim com outras meninas da sua idade.
(2) Demétrio de Araújo e Silva nasceu em Macau em 21 de Outubro de 1837 e era filho de Demétrio de Araújo e Silva, natural de Lisboa, último Administrador da Alfândega Portuguesa em Macau, desde 1838 até 1845, e de Maria Micaela de Rosa Pereira, natural de Macau, casados em S. Lourenço em 31 de Agosto de 1823. Tendo falecido Maria Micaela de Rosa Pereira, em 19 de Junho de 1842, Demétrio de Araújo e Silva casou, em segunda núpcias, em 19 de Junho de 1842 com Francisca Maria Antónia de Arriaga, nascida em 28 de Outubro de 1812 e falecida em 11 de Dezembro de 1899.
Com a decadência do comércio de Macau, devido ao estabelecimento dos ingleses em Hong Kong e à abertura de alguns portos da China ao comércio estrangeiro, começouo êxodo dos macaenses para vários portos do extremo Oriente, com o fim de angariarem meios de vida. Demétrio de Araújo e Silva (filho) peregrinou por Cantão e Xangai, até que se estabeleceu em Hong Kong em 1877.
Informações recolhidas de TEIXEIRA, P. Manuel – Galeria de Macaenses Ilustres do Século XIX, 1942 p. 180-181
Esta notícia do falecimento em Macau a 17 de Junho de 1856 do médico José Severo da Silva Telles, filho de António Gomes Teles e de Teresa de Jesus da Silva (nascido em Lisboa), devido a lesão orgânica do coração, foi anteriormente postado neste blogue – VER em (1)
Entretando encontrei a notícia deste mesmo acontecimento publicado no «BGPMTS», de 1856 na coluna “NECROLOGIA” (assinado por J.J.B.) onde traz uma nota biográfica do falecido com outras informações.
Veio para Macau em 1815 e aqui casou a 25 de Janeiro de 1817 com Ana Joaquina do Rego. Teve de Ana Joaquina, 7 filhos.
Obteve a carta de cirurgião a 2-08-1814; admitido como cirurgião do Partido em 15-02-1817 (com o ordenado de 400 taéis anuais); em 1817 nomeado Cirurgião mor do Batalhão Príncipe Regente; em 1824 alferes do Batalhão do Príncipe Regente; em 1825, tenente graduado; em 1830 capitão graduado; em 1846, nomeado Director do Hospital Militar e desde essa época até 1853, serviu interinamente de Cirurgião-mor da Província.
Também serviu como primeiro cirurgião dos Hospitais de S. Rafael e de S. Lázaro. Em 1849 foi encarregado da chefia dos Serviços da Saúde. De 1827 a 1835 foi vereador do Leal Senado. Reformou-se em Janeiro de 1855. Armado Cavaleiro da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa (3 de Fevereiro de 1848) (2)
Extraído de «BGPMTS», II-43 de 16 de Agosto de 1856, p. 172
NOTA: O 2.º filho, Joaquim Cândido da Silva Teles, nascido a 27-08-1819, também foi médico-cirurgião em Macau. Em 1842 nomeado ajudante do Batalhão do Príncipe Regente e em 1857, nomeado cirurgião ajudante graduado do mesmo Batalhão. Em 1863, foi cirurgião-mor deste Batalhão e em 1878 cirurgião-mor do Corpo da Polícia, e na ausência do Dr. Lúcio da Silva (em Sião) foi nomeado chefe interino dos Serviços de Saúde. Reformado em 1877 com a graduação de major. (2)
“Após prolongado sofrimento que o trazia prostrado no leito há mais dum ano, faleceu, na sua residência n.º 71 da Rua da Praia Grande, vitimado por uma tuberculose pulmonar, no dia 6 do corrente, o Sr. Leôncio Alfredo Ferreira, com 69 anos de idade. O funeral realizou-se no dia seguinte, às 17 e meia horas”.(1)
Nascido em Macau a 15 de Maio de 1849, era filho de D. Maria Gualdina Gonçalves, natural de Macau, e de João Eleutério Ferreira, nascido em Portugal. (2) Fez os seus estudos na «Escola Macaense» e transitou para o Seminário de S. José, onde foi sempre aluno distintíssimo, distinguindo-se em todo o seu curso pela sua aplicação, aproveitamento e comportamento exemplar, ganhando inúmeros prémios e referências elogiosas da imprensa.
Terminado no Seminário de S. José, o seu curso com distinção, dirigiu-se para Goa a fim de estudar Jurisprudência, regressando a Macau depois de formado. Estudioso apaixonado da língua chinesa, conhecedor profundo da mentalidade e psicologia dos chineses, revelou-se não só um valoroso intérprete mas mais especialmente um medianeiro inteligente nas relações destes como nosso governo.
Casou na Sé Catedral de Macau em 27 de Setembro de 1881, com Maria José Pereira (1861-?). Segunda núpcias, em 20 de Dezembro de 1894, com sua tia por afinidade Ana Teresa Vieira Ribeiro (condessa viúva de de Senna Fernandes). Não deixou filhos.
Além de advogado de provisão, professor da Escola Municipal e jornalista, (3) desempenhou os altos cargos públicos, com distinção e aprumo moral que eram o timbre do seu carácter integérrimo, enumerando aqui alguns dos cargos: pela Portaria n.º 82 de 20 de Julho de 1825, foi nomeado Secretário da Comissão Administrativa da Santa Casa de Misericórdia; pela Portaria n.º 106, de 8 de Novembro de 1875, foi nomeado Delegado interino da Comarca de Macau de que, porem, se escusou, em 5 de Julho de 1876
«BPMT», XXII-28 de 8 de Julho de 1876, p. 114
Comentando este caso alguém escreveu no «Jornal de Macau» n.º 29 de 24 de Novembro de 1875: “O Senhor Leôncio Ferreira que exerceu com zello e intelligencia o lugar de procurador da coroa, d´esta vez entendeu que não devia aceitar semelhante cargo porque não quer aferir pela balança por onde são pezados os membros da exma. Junta, que estão no equilíbrio das ilegalidades, em quanto se não justificarem das acusações que lhe hão feito” (1)
Pela Portaria n.º 97, de 23 de Dezembro de 1876, foi nomeado Administrador interino do Concelho de Macau, cargo que anteriormente já vinha desempenhando; em 23 de Setembro de 1879 foi nomeado pela Portaria n.º 118, administrador efectivo.
«BPMT», XXII-52 de 23 de Dezembro de 1876
Pela Portaria n.º 67 de 27 de Julho de 1877, foi exonerado do cargo de secretário da Comissão Administrativa da Santa Casa sendo nomeado Pedro Nolasco da Silva para o substituir (Portaria n.º 75 de 3 de Agosto de 1877); pela Portaria n.º 53 de 14 de Agosto de 1878, foi nomeado Procurador interino dos Negócios Sínicos. Exonerado em Setembro de 1879, para tomar posse, em 23 de Setembro, (Portaria n.º 118) do cargo de Administrador efectivo do Concelho de Macau. (até 1881). (4)
No dia 17 de Maio de 1881, António Joaquim Bastos Junior foi demitido do cargo do procurador dos negócios sínicos, para que havia sido interinamente nomeado por portaria n.º 56. Leoncio Alfredo Ferreira foi nomeado para o mesmo cargo. (BGPMT n.º 21 de 21 de Maio de 1881); pela Portaria n.º 81, de 12 de Novembro de 1881, foi nomeado Presidente da Comissão Administrativa da Santa Casa de Misericórdia; pela Portaria n.º 117 de 27 de Outubro de 1883, foi nomeado cônsul de 1.ª classe, em Shanghai (1883-1884).
Pela sua diplomacia, inteligência e valor demonstrados no desempenho desta missão, foi condecorado pelo Governo Central de Lisboa com o Grau de Oficial da Torre e Espada por Diploma de 23 de Janeiro de 1896.
Pela Portaria n.º 22, de 1 de abril de 1885, foi nomeado vogal do Conselho Inspector de Instrução Pública.; pela Portaria n.º 144, de 20 de Dezembro de 1898, foi louvado pela Secretaria de Estado dos Negócios da Marinha e Ultramar, pela maneira como se houve durante a epidemia de petes bubónica que assolou Macau, de Fevereiro a Julho desse ano, no desempenho dos serviços de higiene e desinfecção; pela Portaria n.º 145, de 5 de Dezembro de 1902, foi nomeado Vogal do Conselho de Governo da Província.
Dados biográficos extraídos de : «Macau Boletim Informativo», II-27 de 15 de Setembro de 1954, pp. 11-12; FORJAZ, Jorge – Famílias Macaenses Volume I, pp. 1077-1078; e o livro referenciado em (1)
(1) TEIXEIRA, P. Manuel- Galeria de Macaenses Ilustres do Século XIX, p. 449-497.
(2) João Eleutério Ferreira (c.1785 – 1872) nasceu em Coimbra, Portugal, vindo para Macau casou, nesta cidade, pela 1.ª vez em 1830 e pela 4.ª vez com Maria Galdina Fernandes, filha de Vicente José Fernandes e de Ricarda Constantina Fernandes e irmã de Bernardino de Sena Fernandes (1.º Barão, 1.º Visconde e 1.º Conde de Sena Fernandes), de quem teve apenas um filho, Leôncio Alfredo Ferreira.
(3) Em favor dos Jesuítas, expulsos de Macau publicou um opúsculo, intitulado: “Um brado pela verdade ou a questão dos Professores Jesuítas em Macao e a Instrução dos Macaenses, Macau, Tipographia Mercantil, 1872.
(4) Na sua qualidade de Administrador do Concelho fez o relatório sobre a morte trágica co coronel Mesquita. (1)
NOTA 1: A Câmara de Macau decidiu honrar a sua memória atribuindo o seu nome à «Rua Leôncio Ferreira» – começa na Avenida de Sidónio Pais, a entrada da Rua de Silva Mendes, e termina na Avenida do Conselheiro Ferreira de Almeida, entre os prédios n.ºs 58-H e 60.
Extraído de «Boletim do Governo de Macau», XII-47 de 19 de Novembro de 1866, p. 189
A Procuratura dos Negócios Sínicos, cujo início se aponta para 1583, tinha um Procurador com um lugar cativo na vereação municipal. Em 1847, a Procuratura ficou na dependência do Governo e em 1852 (1) clarificaram-se as suas atribuições quanto aos negócios sínicos. Em 1865, por decreto de 5 de Julho, (2), o Procurador foi definitivamente desligado do Senado nos assuntos municipais de que ainda estava dependente, passando a ser de nomeação régia, sob proposta do Governador e em 1877, nova lei, a Procuratura foi reforçada com um tribunal especial. A Procuratura foi extinta em Maio de 1894, pelo Regimento de Justiça para as Províncias Ultramarinas. As competências passaram para o juiz de Direito da Comarca (3)
(1) “19-11-1852 – Em 19 de Novembro de 1852, foi promulgado e publicado pelo Governador Isidoro Francisco Guimarães, o primeiro regulamento da Procuratura dos Negócios Sínicos, (com 19 artigos) determinando que, para além do Procurador, somente o Governador pudesse interferir nos assuntos sínicos de Macau.
Regulamento da Procuratura, n-º 67 de 17-12-1862 Extraído do «Boletim do Governo de Macau», IX-4 de 27 Dezembro de 1862, p.14
Pela portaria provincial publicada em 17 de Dezembro de 1862, surgiu um novo regulamento relativo ao processo cível onde as questões cíveis de que a Procuratura se ocupava, eram, segundo a Lei, aquelas que não pertenciam ao juízo de Direito e que as questões não decididas por conciliação, naquele organismo, continuavam a ser decididas por árbitros nomeados pelas partes. (3)
(2) “5-07-1865 – Em 1865, por decreto de 5 de Julho, o Procurador foi definitivamente desligado do Senado nos assuntos municipais de que ainda estava dependente. O Procurador que desde 1853, era eleito pelo povo, passou a ser de nomeação régia, sob proposta do Governador, feita de entre os elegíveis a vereadores. Assim, foi constituído um funcionário do Estado de responsabilidade directa do Governo central e atribuída a denominação de Procuratura dos Negócios Sínicos àquela que tinha sido a Procuratura do Senado.” (4)
“12-07-1865 – Foi criado, por decreto, do Marquês Sá de Bandeira como Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Ultramar a criação de «um corpo de intérpretes de língua sínica», apto para o exercício das funções que lhes forem incumbidas” (4)
Extraído de «TSYK», III ano, n.º 2 de 12 de Outubro de 1865, p. 1
“31-12-1865- Nomeado procurador interino – António Feliciano Marques Pereira, e em 1866, nomeado Procurador dos Negócios Sínicos. A nomeação régia para este cargo vem substituir a forma de provimento anterior; este era feito localmente, na pessoa de um Vereador da Câmara.” (3)
Quadro de funcionários, da Procuratura dos Negócios Sínicos em 1866 (Almanach Luso Chinez de Macau para o anno de 1866, p. 36.)
(3) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume II, 2015, pp. 135, 176, 302.
(4) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.
Acerca da viagem à Europa, em 1865, do 2.º Barão do Cercal, António Alexandrino de Melo e sua esposa, Guilhermina Pamela Gonzaga, apareceram várias notícias nos jornais da época nomeadamente no semanário “Ta-Ssi-Yang-Kuo” dando conta das despedidas ao casal. Assim no dia 8 de Novembro realizou-se um “pic-nic” (não foi divulgada o local) oferecido por “alguns cavalheiros espanhóis e peruanos”; no dia 15 de Novembro uma ceia de despedida aos “seusamigos, nacionais e estrangeiros”, no Teatro D. Pedro V e na data da partida, no dia 23 de Novembro (há uma notícia no mesmo semanário que refere ser a 26 de Novembro). Partiram a 23 de Novembro de 1865 para Hong Kong da ponte cais de Macau, a bordo do navio “White Cloud”, para daquela colónia, seguir viagem num paquete francês.
TSYK, III – 6 de 9 de Novembro de 1865, p. 24
TSYK, III – 7 de 16 de Novembro de 1865, p. 28
TSYK III – 8 de 23 de Novembro de 1865, p. 31
TSYK III – 8 de 23 de Novembro de 1865, p. 33TSYK III – 13 de 28 de Dezembro de 1865, p. 54
António Alexandrino de Melo (1837 – 1885) – 2.º Barão de Cercal. (recebeu o título em 16 de Setembro de 1863), filho de Alexandrino António de Melo (1809-1877) – | 1.º Barão do Cercal (Decreto de 11 de Dezembro de 1851 e Carta de 5 de Janeiro de 1852) em duas vidas e 1.º Visconde (Decreto de 13 de Março e Carta de 5 de Abril de 1867) |, e de Carlota Josefa Botelho (1820 -). Casamento I: Macau, São Lourenço 08.11.1858 com Guilhermina Pamela Gonzaga (1841-1893)
Relato sumário das acções realizadas pela Canhoneira “Tejo” desde a saída de Macau no dia 21 de Maio até voltar a 27 de Maio de 1876, período em que esteve, no dia 24 de Maio, em Hong Kong, nos festejos do aniversário natalício da Majestade Britânica (1)
Extraído de «BPMT», XXII – 23 de 3 de Junho de 1876
O primeiro tenente Francisco Joaquim Ferreira do Amaral, (2) foi nomeado comandante da Canhoneira “Tejo” (3) em despacho de El-Rei de 4 de Março de 1876, em substituição do primeiro tenente da armada Fernando Augusto da Costa Cabral (4)
Extraído de «BPMT», XXII – 24 de 10 de Junho de 1876,
(1) Rainha Vitória (24 de Maio de 1819 – 22 de Janeiro de 1901) do Reino Unido de 1837 até à sua morte
(2) Francisco Joaquim Ferreira do Amaral, (1844 -1923) (reformado com o posto de Almirante), filho do Governador João Maria Ferreira do Amaral, Tinha 5 anos quando o pai foi assassinado, assentou praça na marinha aos 12 anos de idade; em 1855 era aspirante; e em 1861 completou o curso sendo promovido a guarda marinha em Agosto de 1866 e a primeiro-tenente em 1874. Nesse meio tempo, comandou os seguintes navios: «Penha Firme», o couraçado «Vasco da Gama, em que foi à inauguração do canal de Kiel na Alemanha; imediato da corveta «Mindelo», da fragata «D. Fernando» e comandante da corveta «Duque da Palmela». Como comandante do vapor «Tete» participou na expedição à África Oriental, tomando parte em três combates. Governou S. Tomé e Moçâmedes em 1878 e 1879. Em 1882 nomeado governador de Angola e em 1886 governador da Índia. Ministro da Marinha em 1892 e ministro interino dos Negócios estrangeiros em 1898.
Foi comandante da Estação Naval de Macau de 1876 a 1878. Em 1878 levou a Bangkok na canhoneira «Tejo», o Governador de Macau Carlos Eugénio Correia da Silva, que lá foi em missão diplomática. Esta missão regressou a Macau a 20 de Março de 1878. Ferreira do Amaral que não se dava bem com o governador Correia da Silva, (episódio que relatarei em próxima postagem) recusou receber o mandarim da Província de Cantão que vinha a Macau, em Julho de 1878, pois não podia suportar a afronta à memória do pai. Na véspera entregou o Comando da canhoneira ao oficial imediato e foi para o Hong Kong. O governador vingou-se, pedindo a sua exoneração a El Rei, e Ferreira do Amaral foi exonerado do comando com regresso imediato ao reino. (TEIXEIRA, Mons. Manuel – Marinheiros Ilustres Relacionados com Macau, 1988, pp. 117-118.)
Na Revista “O Occidente”, XIII- n.º 418 de 1 de Agosto de 1890, na página 171 aparece um apontamento quanto à duração da estadia em Macau da canhoneira, na nota de rodapé do artigo “Apontamentos sobre a Marinha de Guerra dos Diversos Países – Marinha de Guerra Portuguesa”::
(4) Fernando Augusto de Costa Cabral (1839-1901), filho de António Bernardo da Costa Cabral, 1.º conde de Tomar e 1.º marquês de Tomar, instaurou o “Cabralismo” em Portugal) ) irmão de António Bernardo da Costa Cabral, 2.º conde de Tomar, foi oficial na marinha, contra-almirante, condecorado com a medalha da Crimeia e cavaleiro da Ordem da Torre e Espada, e foi ajudante de campo do rei D. Carlos. O pai adoeceu gravemente em Nápoles, , em princípios de Setembro de 1885, sendo trzido para Portugal a bordo da corveta Estefânia, então sob o comando do seu filho Fernando Augusto da Costa Cabral. https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Bernardo_da_Costa_Cabrall
Extraído de «A Voz do Crente», I Anno, n.º 25 de 11 de Junho de 1887
António Joaquim Garcia (1835 – 1919) então capitão da guarnição de Macau, partiu de Macau para Timor a 17 de Janeiro de 1869, a bordo da corveta Sá de Bandeira, ao comando de uma expedição para “castigar os revoltosos timorenses de Cova” (1) e por motivos de saúde do então governador Capitão de fragata Francisco Teixeira da Silva, assumiu o cargo de governador interino de Timor Português em 1869, que ocupou até 1870. Depois de terminar seu serviço em Timor, voltou a Macau e escreveu um relatório (2) muito detalhado sobre as condições da colônia de Timor para seus superiores em Macau, reclamando, entre outras coisas, da má situação financeira da colônia (3)
Em 23 de Março de 1877, já major, foi nomeado em Macau para uma comissão como vogal. (4)
Foi depois como coronel, comandante Geral da Guarda Policial e ajudante de campo do Governador Joaquim Joze da Graça (governou de 28-11-1879 até à tomada de posse de Thomaz de Sousa Roza em 23-04-1883). (5)
Em 29 de Março de 1887, António Joaquim Garcia chegou a Timor para novamente tomar posse como governador interino de Timor, substituindo o capitão Adriano Augusto do Rego. Não terá ficado muito tempo pois nesse mesmo ano, 1887, tomou posse como governador, o major de cavalaria, António Francisco da Costa (1)
É autor de um livro intitulado “ Vicente Nicolau de Mesquita” publicado em 18?? – 50 p., 18 cm.
António Joaquim Garcia. Coronel da guarnição de Macau Autor não identificado Copyright: Arquivo Histórico Ultramarino, Foto retirado do Instituto de Investigação Científica Tropical https://actd.iict.pt/eserv/actd:AHUD7989/web_n6631.jpg
(1) SILVA, Beatriz Basto da Silva – Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1995
(2) Relatório do governador interino António Joaquim Garcia, publicado no «Boletim da Província de Macau e Timor», XVI, 44, 31 de Outubro de 1870, pp. 183-185; 184. Veja-se também em Gunn s.d.: 49; e Sherlock 1986: 57, 64.
(3) “Depois de terminar seu serviço em Timor, ele escreveu um relatório detalhado sobre as condições da colônia para seus superiores em Macau. Garcia reclamou, entre outras coisas, da má situação financeira da colônia. Em 1776, 44 reinos pagavam finta, no valor de cerca de 23.000 pardaos de ouro, enquanto em 1869 apenas 23 liurai (pequenos reis) pagaram impostos um total de 2.000 florins. Garcia colocou esperança no uso de recursos naturais: cobre em Vemasse, enxofre em Viqueque e ouro, sal e carvão em Laga . No entanto, não houve sucessos reais. (https://de.wikipedia.org/wiki/António_Joaquim_Garcia)
(4) “21-03-1877 – Portaria n.º 25 publicada nesta data, contém os considerandos que levam à nomeação de uma Comissão que estude o sistema administrativo e económico em vigor nas povoações das Ilhas, introduzindo-lhe as reformas necessárias, segundo a classificação do concelho militar em que se deve basear. A comissão presidida pelo Secretário Interino do Governo, José Maria Teixeira Guimarães integra ainda como vogais o major António Joaquim Garcia, o Comandante Militar da Taipa, tenente João Severino da Silva Reis, o 1.º interprete Sinólogo da Procuratura, Pedro Nolasco da Silva e o 2.º Escriturário da Junta da Fazenda, Francisco de Paula Marçal. ( (1)
NOTA: Nesta mesma notícia, vem referido o nome de Porfírio Zeferino de Sousa, (1838-1898) que acompanhou o coronel António Joaquim Garcia, como secretário do governo de Timor, já anteriormente (1882-1883) tinha exercido o cargo de governador interino de Timor (quando Bento da França Pinto de Oliveira renunciou a o cargo porque seu filho e um enteado morreram de malária) e seria depois governador em 1889 (até 1890) e novamente (interino) em 1894 entre o governo de Cipriano Forjaz até à posse de José Celestino da Silva
O Coronel Porfírio Zeferino de Sousa, que fez toda a carreira militar no oriente, veio para Macau em 1868 como alferes de Infantaria, como ajudante de campo de seu tio almirante Sérgio de Sousa, então governador de Macau, Acabou por se fixar definitivamente em Macau. Quando era coronel comandante do Grupo de Companhias de Infantaria de Macau, foi assassinado no Quartel de S. Francisco por um subordinado, o cabo António Pereira Borges no dia 29 de Novembro de 1898. O funeral realizou-se a 1 -12-1898 (FORJAZ, Jorge – Famílias Macaenses, Volume III, 1996)
Extraído de «O Macaista Imparcial», I-80 de 13 de Março de 1837
NOTAS: O Governador de Macau era Adrião Acácio da Silveira Pinto (1837 a 1843) A 3 de Novembro de 1828, os mandarins da Casa Branca e de Tch´in-Sán, respectivamente Lei e Chan, publicaram um edital, proibindo os chineses de causar distúrbios na cidade, por ocasião da representação dos auto chinas no Pagode da Barra A 4 desse mês, o mandarim da Casa Branca ordenou que fossem desmanchadas as barracas da Praia Pequena, Barra e outro lugares por serem coutos de maltrapilhos e publicou um edital, proibindo a construção de mais barracas nos referidos sítios (1) Na Praia Pequena estava instalada uma alfândega chinesa (hopu grande) (2) no Pátio da Mina (freguesia de Santo António). Onde ficava o hopu grande? “A comissão do tombo das propriedades foreiras à fazenda pública, composta por Manuel Castilho, António de Azevedo e Cunha e Eduardo Marques, dizia no seu relatório de 19 de Maio de 1877: «Julga a comissão conveniente chamar a atenção de S. Exa. o Sr. Governador (3) para o pateo da Mina que tem duas entradas pelas portas n.º B 19 e 32 na rua de N. S. do Amparo. Occupa a área que dantes constituí ao chamado Hopú grande da Praia pequena que foi derrubado por um dos governadores (4) antecessores de S. Exa…” (1) (1) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Vol. I. ICM, 1997 (2) O Hopu pequeno estava instalado na Praia Grande (3) Governador Carlos Eugénio Correia da Silva –1876 a 1879 (4) Governador João Maria Ferreira do Amaral – 1846-18491
Poesia de J. M. da Fonseca datada de Novembro de 1854 e publicada no «Boletim do Governo da Província de Macau, Timor e Solor», de Dezembro desse ano (1) com o título “A AMASONA” (lorcha de guerra «Amazona») e dedicado ao 1.º Tenente J. E. Scarnichia (2) que em 10 de Novembro de 1854, passou a comandar já no posto de 2.º tenente, a lorcha de guerra Amazona.(1) Extraído de «BGPMTS» I-7 de 2 de Dezembro de 1854, p. 27
(2) João Eduardo Scarnichia (1832- 1888) guarda marinha em 1841, colocado na corveta D. João I em 1853 e em 10 de Novembro de 1854, passou a comandar no posto de 2.º tenente, a lorcha de guerra Amazona. Por esta brilhante acção de 12 de Novembro de 1854, foi promovido por distinção em 12-11-1854, a 1.º Tenente. Do comando da Amazona passou a desempenhar o cargo de Capitão do Porto de 1861 a 1876. Depois foi comandante da Polícia Marítima durante 8 anos (1868-1876) e posteriormente em 1877 foi eleito deputado pelo círculo de Macau. Reeleito, exerceu o cargo de deputado até à morte. (TEIXEIRA, Mons. Manuel – Marinheiros Ilustres Relacionados com Macau)
Anteriores referências em https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/joao-eduardo-scarnichia/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/lorcha-amazona/
Notícia extraída do semanário “O Lusitano” no seu primeiro número (1), que aborda a greve que as “donas das casas das toleradas” fizeram face à publicação do novo Regulamento das meretrizes que foi publicado a 23 de Maio de 1898. (2)
Extraído de “O Lusitano” Vol I, n.º 1 de 28 de Agosto de 1898
(1) Neste dia, 28 de Agosto de 1898, foi publicado o primeiro número do semanário “O Lusitano”, com redação na Calçada do Gamboa, sendo órgão do Conselheiro Artur Tamagnini de Abreu da Mota Barbosa e tendo por principais colaboradores João Albino Ribeiro Cabral, Horácio Poiares e João Pereira. Cessou a publicação em Dezembro de 1899. Publicou 70 números até 24-12-1899 (SILVA, Beatriz Basto da- Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1995) Artur Tamagnini de Abreu da Mota Barbosa (pai do Governador Artur Tamagnini de Sousa Barbosa), esteve em Macau de 1877 como 2.º oficial da administração de fazenda militar, fazendo parte do 3.º Batalhão do Regimento de Infantaria do Ultramar, onde exercia as funções de quartel-mestre. Foi depois nomeado, em 1879, contador interino da junta de fazenda de Macau e Timor. Voltou ao Reino em 1880. Regressou a Macau e 1882, tendo sido nomeado em 1884 inspector da fazendo provincial. Esteve colocado em Macau, 14 anos, 6 meses e 4 dias. (3) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/artur-tamagnini-a-mota-barbosa/ João Albino Ribeiro Cabral (1839-1900) nascido do distrito da Guarda, veio para Macau frequentar o Seminário de S. José mas não chegou a ser padre tendo decidido ficar em Macau, onde foi tesoureiro da Junta de Fazenda Provincial e docente do Seminário S, José o o Liceu de Macau.
Avô do Dr. João Albino Cabral (1907-1983) que foi médico de 1.ª classe do quadro médico comum do Ultramar, colocado em Macau em 1939 e aqui exerceu até ao se u falecimento em 1983. https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/joao-albino-ribeiro-cabral/
Anteriores referências de:
O bacharel Horácio Afonso da Silva Poiares: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/horacio-poiares/
O bacharel João Pereira Vasco https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/joao-pereira-vasco/
(2) 1.º Regulamento sobre a prostituição, em Macau, contendo as normas desta actividade profissional é de 11-09-1851.
REGULAMENTO DE 1898
Dado que as meretrizes continuaram a frequentar os restaurantes, as hospedarias e demais lugares proibidos, assim como continuavam a detectar-se irregularidades quanto ao registo e pagamento das taxas das casas toleradas, o Regulamento de 1898 (considerava “casa de meretrizes aquela em que houver uma ou mais mulheres cujo notório modo de vida seja prostituição ainda que tenha outro.”, veio salientar e precisar os locais determinando ao registo e pagamentos das taxas das casas toleradas. Assim “os registos serão feitos, quanto às casas chinezas, na Procuratura Administrativa dos Negócios Sínicos, e quanto às restantes na Administração do Concelho, pelos respectivos escrivães.”. O Regulamento de 1898 classificava estas casas em três categorias para efeitos do pagamento de taxas: de 1ª classe todas as que tivessem mais de seis meretrizes, de 2a classe as que tivessem entre quatro e seis, e de 3a classe as que tivessem até três meretrizes
Sobre os aspectos da prostituição em Macau, sugiro a leitura de NUNES, Isabel – Bailarinas e cantadeiras Aspectos da Prostituição em Macau http://www.icm.gov.mo/rc/viewer/30015/1630