Extraído de «O Macaista Imparcial» I-97, 15 de Maio de 1837
Suntó – Funcionário chinês com o título de vice-rei ou governador-geral duma província na China. Do chinês Tsung Tu ou Tsung Tou ( DALGADO, Sebastião Rodolfo – Glossário Luso-Asiático, pp. 329-330).
NOTA: O novo Suntó (Chuntó ou Sumpto) de Cantão, em 1582, estranhando o nosso viver “como em terra portuguesa”, iniciou uma série de chapas (ofícios) com exigências, a troco da nossa posse da terra, só se calando com um bom saguate. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, p. 78)
Uma vista da “Bocca Tigris” (1) e Fortaleza (à esquerda) em 1857. The Illustrated London News
(1) “Bocca Tigris” (“boca do tigre”) ou “Bogue” é um estreito apertado no Delta do Rio da Pérola que separa actualmente Shiziyang no Norte e Lingdingyang no Sul perto da cidade de Humen na Província de Guangdong (Cantão). Por causa da sua localização estratégica – porta de entrada marítima para Guangzhou (cidade de Cantão), – o estreito estava fortificado e aí se deram algumas das principais batalhas da Primeira Guerra do Ópio.
Extraido de «BPMT», XIII-18 de 6 de Maio de 1867, p. 100
A capela da Penha que foi construída em 1622, em resultado de um voto de marinheiros que recorreram a Virgem e foram atendidos, foi reconstruída totalmente (mais o Paço Episcopal) em 1837 (1), Sofreu nova reedificação em 1861. (2)
Vista da Igreja da Penha – George Chinnery c. 1837
(1) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume II, 2015, p. 79
(2) Contracto feito na Procuratura, em 20 de Setembro de 1859, entre o Presbítero assistente da Ermida, Padre Maximo A. dos Santos e o empreiteiro china Atac, publicado no «BGM» VIII-2 de 14 de Dezembro de 1861, p. 6
Relatos dos inícios dos festejos públicos em Macau no dia 9 de Abril de 1837, pelo casamento da Rainha D. Maria II (em segunda núpcias) com o príncipe Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, depois Rei Consorte de Portugal, como D. Fernando II, (1) realizado presencialmente na Sé Patriarcal de Lisboa em 9 de Abril de 1836 (casamento em Coburgo por procuração em 1 de janeiro de 1836). Os festejos públicos prolongaram-se até 11 de Abril, merecendo também uma notícia no mesmo jornal, (já foi postado em 11-04-2020). (2)
Extraído de «O Macaísta Imparcial», I- 87 de 10 de Abril de 1837, p. 350
Dona Maria II (1835) por John Zephaniah Bell (3)
(1) D. Maria II, em 1836 casou em segunda núpcias com o príncipe Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, baptizado Fernando Augusto Francisco António de Saxe-Coburgo-Gotha e Koháry, nascido em Viena em 29 de Outubro de 1816 e falecido em Lisboa a 15 de Dezembro de 1885, no Paço Real das Necessidades, estando sepultado no mosteiro de São Vicente de Fora. O contrato matrimonial foi assinado no fim de 1835. Meses depois, chegou o marido. Haviam casado em Coburgo por procuração em 1 de janeiro de 1836 e, em Lisboa, em pessoa, na Sé Patriarcal em 9 de Abril de 1836. O casamento formal deu origem à Casa Real de Bragança-Saxe-Coburgo-Gotha e o príncipe alemão passou a Rei Consorte de Portugal, como D. Fernando II, em 16 de setembro de 1837, após o nascimento de um filho varão. Regente do reino (entre 1853 e 1855) durante a menoridade do filho D. Pedro V e, depois da morte deste, até à chegada a Portugal do filho D. Luís I. Tiveram 11 filhos. https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_II_de_Portugal
D. Fernando II, Rei Consorte de Portugal, em 1861. (4)
O Vereador encarregado dos Negócios Sínicos (Francisco António Seabra) endereçou uma chapa ao Mandarim Cso-tam constando o seguinte:
O Comandante da Fragata Francesa «La Bonite» (1) queixou-se ao Governador que no dia 9 de Janeiro de 1837 um dos seus oficiais indo passear a Pac-san (Lapa) junto com Mr Guillet (missionário francês), os chinas em número de sessenta o insultaram com palavras injuriosas atirando-lhe pedras e nom fim agredindo-o com pingas (vara que os chineses trazem aos ombros com objectos pendurados nas extremidades) e bambus, ficando gravemente maltratado, perdendo na fugida o seu chapéu, rota e uma pataca que os ditos chinas lhe fartarão.
Extraído de «O Macaista Imparcial», I-73 de 16 de Fevereiro de 1837, pp. 291/292
(1) O comandante da “Corvette” francesa “La Bonite” era Auguste Nicolas Vaillant 1793-1858, que depois da viagem publicou o livro “Voyage Autour du Monde Executé Pendant les Années 1836 et 1837 sur la Corvette “La Bonite” (2)
“La Bonite” partiu de Toulon a 6 de Fevereiro de 1836 para uma viagem de circum-navegação, primeiro pela América do Sul depois Pacifico tendo chegado a Manila (7 de Dezembro de 36) e com partida a 21 do mesmo mês para Macau tendo chegado aqui a 31 de Dezembro. Partiu de Macau a 21 de Janeiro de 1837. Duração da viagem: 21 meses completos.
p. 141
P. 146
(2) VAILLANT, Auguste Nicolas, 1793-1858 – “Voyage autour du monde exécuté pendant les années 1836 et 1837 sur la corvette la Bonite, commandée par M. Vaillant, capitaine de vaisseau : pub. par ordre du roi sous les auspices du Département de la Marine. Paris : Arthus Bertrand, éditeur 1840-66. Leitura disponível em: https://catalog.hathitrust.org/Record/001876493
Uma das fábulas de Esopo (1) “O Lobo e o Cordeiro”, (2) traduzida em verso por José Baptista de Miranda e Lima (3)
«O Macaista Imparcial», I- 71 de 9 de Fevereiro de 1837, p. 285
(1) Esopo (Nessebar, 620 a.C. – Delfos, 564 a.C.) foi um escritor da Grécia Antiga a quem são atribuídas várias fábulas populares. A ele se atribui a paternidade da fábula como gênero literário. Sua obra, que constitui as Fábulas de Esopo, serviu como inspiração para outros escritores ao longo dos séculos, como Fedro e La Fontaine.
Acerca da viagem à Europa, em 1865, do 2.º Barão do Cercal, António Alexandrino de Melo e sua esposa, Guilhermina Pamela Gonzaga, apareceram várias notícias nos jornais da época nomeadamente no semanário “Ta-Ssi-Yang-Kuo” dando conta das despedidas ao casal. Assim no dia 8 de Novembro realizou-se um “pic-nic” (não foi divulgada o local) oferecido por “alguns cavalheiros espanhóis e peruanos”; no dia 15 de Novembro uma ceia de despedida aos “seusamigos, nacionais e estrangeiros”, no Teatro D. Pedro V e na data da partida, no dia 23 de Novembro (há uma notícia no mesmo semanário que refere ser a 26 de Novembro). Partiram a 23 de Novembro de 1865 para Hong Kong da ponte cais de Macau, a bordo do navio “White Cloud”, para daquela colónia, seguir viagem num paquete francês.
TSYK, III – 6 de 9 de Novembro de 1865, p. 24
TSYK, III – 7 de 16 de Novembro de 1865, p. 28
TSYK III – 8 de 23 de Novembro de 1865, p. 31
TSYK III – 8 de 23 de Novembro de 1865, p. 33TSYK III – 13 de 28 de Dezembro de 1865, p. 54
António Alexandrino de Melo (1837 – 1885) – 2.º Barão de Cercal. (recebeu o título em 16 de Setembro de 1863), filho de Alexandrino António de Melo (1809-1877) – | 1.º Barão do Cercal (Decreto de 11 de Dezembro de 1851 e Carta de 5 de Janeiro de 1852) em duas vidas e 1.º Visconde (Decreto de 13 de Março e Carta de 5 de Abril de 1867) |, e de Carlota Josefa Botelho (1820 -). Casamento I: Macau, São Lourenço 08.11.1858 com Guilhermina Pamela Gonzaga (1841-1893)
Principiaram a 16 de Outubro de 1837 e decorreram durante 6 dias, as festas no Pagode do Bazar.
NOTA: o termo “Sam Cai Hui Cun” no texto, refere-se ao Pagode das Três Ruas “SAM KAI VUI KUN ou KWAN TAI /三街會館或關帝古廟. (1)
NOTA: o termo “Hoei cuon” no texto, refere-se à Casa de Beneficência “Sam Kai Vui Kun (Assembleia dos Habitantes das três Ruas), que gere o Pagode das Três Ruas e onde a Sociedade tinha a sua sede. (1)
Extraído de «O Macaísta Imparcial», Vol II, n.º 121, de 18 de Outubro de 1837, p. 67
Extraído de «O Macaísta Imparcial», Vol II, n.º 122, de 25 de Out 1837, p. 71
Extraído de «Gazeta de Macao», I-31, 22 de Agosto de 1839
«O Macaísta Imparcial», de 16-06-1836
«O Macaista Imparcial» publicou-se de 09-06-1836 (preço: 50 avos) a 04-07-1838. (n.º 158)
Último número de «O Macaísta Imparcial e Registo Mercantil» II-158 de 04-07-1838
Bi-semanal até 05-05-1837 e em 05-07-1837 (n.º 106) acrescentou o subtítulo «Registo Mercantil», depois passou a hebdomadário. (1)
«O Macaísta Imparcial e Registo Mercantil» I-106 de 05-07-1837
Foi seu fundador e redactor, Félix Feliciano da Cruz. (2) Impresso na Tipografia Feliciana, do próprio fundador. Colaborou neste jornal, José Baptista de Miranda e Lima, (4) nomeadamente com apontamentos da história de Macau na secção ”Antiguidades de Macao”. Impunha-se ser imparcial embora de feição conservadora, mas em Agosto de 1936, entrou em oposição ao jornal «Cronica de Macao» (quinzenário de 12-10-1834 a 18-11-1836) e terminou a publicação por ordem censória do governador Adrião Acácio da Silveira Pinto.
(2) Félix Feliciano da Cruz nasceu na Sé, cerca de 1810 e faleceu em Hong Kong a 1 de Março de 1879. Foi Irmão da Santa Casa de Misericórdia, eleito a 29-10-1837. Publicou a «Pauta Geral da Alfândega da Cidade de Macau», em 1844. (3) Trabalhou entre Cantão e Hong Kong tendo editado o «Anglo- Chinese Kalendar and Register», em 1832 e colaborado, em Cantão, no lançamento do «Canton Press” (1835 publicado em Cantão e depois, em 1844, publicado em Macau). Depois em Macau, foi proprietário da Tipografia Feliciana e Tipografia Armenia, e fundador, em Macau, de três jornais portugueses entre 1936 e 1844: «O Macaista Imparcial» de 09-06-1836 a 04-07-1838 (Tipografia Feliciana) «O Farol Macaense» de 23-07-1841 a 14-01-1842 (Tipografia Armenia) «Aurora Macaense» 14-01-1843 A 03-02-1844, semanário (Tipografia Armenia). F. F. da Cruz foi o editor do “Canton Commercial List” com os seus filhos e “compositores tipográficos” macaenses entre 1848 e 1856. https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/felix-feliciano-da-cruz/
(3) FORJAZ, Jorge – Famílias Macaenses, Vol. I, 1996, p. 965.
Dia 10 de Agosto é dia de S. Lourenço (São Lourenço de Huesca ou Valência nasceu em 225 e morreu a 10 de Agosto de 258, com 33 anos, martirizado em Roma) (1)
Esboço da Igreja de S. Lourenço , George Chinnery, 1830
Em sua honra, os jesuítas contruíram em meados do século XVI (1558 -1560), a igreja de S. Lourenço, uma das três igrejas mais antigas de Macau (esta, a igreja de S. António e a «igreja matriz» depois elevada a Catedral) A sua aparência actual é o resultado das obras efectuadas em 1846, o levantamento do muro do adro foi feito por Evaristo Lopes em 1869 e a construção e arranjo do jardim foi feito em 1937 por Alfredo Almeida sob as indicações de D. Laura Maria de Guimarães Lobato A Igreja tem uma estrutura neoclássica com um subtil tratamento decorativo de inspiração barroca.
Escadaria da Igreja de S. Lourenço, ao cimo da Travessa do Padre Narciso.(década de 60. Século XX)
«A igreja de S. Lourenço apresenta provavelmente o desenho mais sofisticado e intelectual de Macau e foi desenhada, sem dúvida, por alguém dotado de bom conhecimento de arquitectura, mas não familiar coma s tradições de Macau. Possui, ao mesmo tempo, grande beleza e ostenta na côr e texturas uma harmonia semelhante a qualquer igreja sertaneja da Inglaterra. Mas há certos traços arquitectónicos que revelam firmemente a fisionomia da Península Ibérica. A diferença principal que a distingue de qualquer outra igreja de Macau reside no volume da nave e na completa ausência de naves laterais. Possuiu o tecto mais extenso e ininterrupto entre as mais antigas igrejas de Macau. O edifício salienta-se também por quatro elementos dominantes. A entrada apresenta uma especto fortemente ocidental, formado por duas torres quadradas contendo o campanário e juntando-se à nave dum e doutro lado. O Altar-mor está colocado numa capela absidal, na linha central da composição; existem ainda duas capelas absidais formando assim uma fraca cruz latina à esquerda e à direita da nave. Há dois pequenos alteres colocados na parede à direita e à esquerda do Santuário.
Poço na Rua da Igreja de S. Lourenço, George Chinnery, 1836
Existe outro par de altares semelhantes aos primeiros, situados nas paredes da nave, a cerca dum terço de distância da galeria do coro e da entrada. A Igreja tem anexo um bloco de quartos e salas a ocidente. Tem ainda duas arcadas dos lados norte e sul. Esta composição está habilmente proporcionada e a interpenetração das várias estruturas foi bem executada; as mesmas paredes e a concepção da estrutura, diferente da maioria das igrejas de Macau, indica boa inteligência da qualidade dos materiais usados e das suas limitações. A espessura das paredes, por exemplo, é de três a quatro pés, mas tem conveniente adaptação para nichos, vãos e escadas, sem prejudicar de qualquer forma a sua função de suporte» (2)
(1) São Lourenço foi queimado vivo numa grelha sob um braseiro ardente. Reza a história que Lourenço manteve o bom humor até ao final, dizendo para o virarem, pois um dos lados do seu corpo já estava bem assado. Ele é o santo padroeiro dos diáconos, dos cozinheiros, dos humoristas e de Huesca em Espanha. Este santo costuma ser representado com uma grelha (instrumento do seu martírio) e uma bíblia na mão. Os seus restos mortais repousam na basílica que lhe foi dedicada, S. Lourenço, fora dos muros de Roma. https://www.calendarr.com/portugal/dia-de-sao-lourenco/
(2) BRUNT, Michael Hugo – The Parish Church of St. Lawrence at Macao, 1954 p. 110. Tradução do Padre Teixeira, que afirma: este trabalho é «óptimo sob o ponto de vista arquitectónico, deixa muito a desejar sob o porno de vista histórico.»In TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, ICM, 1997, p.93.