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Do «Boletim do Sindicato Nacional dos Jornalistas», no n-º especial comemorativo do Tricentenário da «Gazeta», n.º4, Out/Nov/ Dez  de 1941, pp. 143-144; 169-170. (1), extraí o seguinte texto sobre a evolução da imprensa escrita em Macau.

(1)http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/BoletimdoSindicatodeJornalistas/N04/N04_master/BoletimdoSindicatodeJornalistas_N04_OutNovDez1941.pdf

Extraído de “O MACAISTA IMPARCIAL”, Vol I, n.º 2 de 13 de Junho de 1836, p. 8

Mais uma vez, em 12 de Maio de 1836, o Vice-Rei de Cantão (Suntó de Cantão)  e o mandarim da Casa Branca comunicaram ao Procurador de Macau que era permitido fazerem-se as reparações das fortalezas do Monte e Guia, desde que nada fosse acrescentado ao que já existia e ordenaram que fosse desfeita e entulhada uma estrada nova que fora aberta atrás da Guia.

PEREIRA, António Marques – Ephemérides Commemorativas da História de Macau, 1868

 Continuação dos apontamentos de Jozé Baptista de Miranda e Lima (1) que foram publicados em vários números do jornal “O Macaísta Imparcial” em 1836.

Este é referente ao episódio ocorrido em Março de 1685 entre Macau e Nagasaki, na ilha da Macareira, que resultou no naufrágio de um barco de pesca japonês com doze homens a bordo, que aportaram em Macau. (2). O incidente “fez renascer de imediato as esperanças de Macau quanto à possibilidade de um regresso — material e espiritual — ao Japão após a expulsão decretada em 1639”, o que não veio acontecer (3)

NOTAS – “04-04-1685-A conselho do Capitão – Geral Belchior de Amaral e Meneses e do Governador do Bispado, António de Morais Sarmento, o Senado convocou os homens bons para discutir sobre: s forma como haveria de fazer regressar ao Japão os doze tripulantes japoneses dum barco que chegara desarvorado; a escolha do indivíduo que deveria fazer a sua entrega; e a forma como se conseguiria o dinheiro para as despesas, assentando todos em que existia toda a conveniência em repatriá-los num barco português, por existir a possibilidade de o Imperador do Japão, por reconhecimento, tornar a permitir que os barcos desta cidade voltassem a negociar naquele país, o que não se verificou. O macaense Manuel de Aguiar Pereira, cidadão categorizado, ofereceu-se para levar os japoneses, não obstante a sua avançada idade e os seus achaques.” (4)

“07-04-1685 – Reuniu-se novamente o Senado para deliberar sobre a forma de conseguir dinheiro para adquirir um barco destinado a repatriar os doze náufragos japoneses, mas não se conseguiu coisa alguma, pois o barco custaria 6 500 pardais. Porém, o Pe. Filipe Fieschi, Procurador da Província do Japão, escreveu oferecendo um barco que seria comprado por ele, pelo embaixador Pedro Vaz de Siqueira, José Pinheiro de Faria e Bernardo da Silva. Como existisse a possibilidade de os chineses e os holandeses chegarem ao Japão primeiro que os portugueses, podendo assim com as suas maquinações indispor o ânimo do Imperador contra os nossos, o Senado pediu ao embaixador que dispensasse a sua fragata São Paulo, que já não ia a tempo de seguir para Manila, para onde se destinava, por ter já passado a monção própria, pedido este que foi satisfeito”. (4)

“13-06-1685- Não obstante todos os embaraços postos pelos chineses interessados no negócio do Japão para impedirem o repatriamento dos 12 japoneses num barco português, chegando a oferecer 6 000 taéis aos mandarins do Governo de Navegação para se oporem a esta viagem., foi conseguida licença de Cantão para a partida da fragata São Paulo; e isto graças à providencial intervenção do Pe. Filipe Grimaldi,S. J. que, enviado pelo Imperador para vir buscar o célebre matemático Pe António Thomas (jesuíta belga em Macau de 1682 a 1685), tinha chegado nessa ocasião a Cantão, onde a muito custo conseguiu junto das autoridades o que pretendia; chegou mesmo a dizer que, no caso de os mandarins não concederem a licença pedida, ele mandaria seguir a fragata, estando pronto a pagar a sua cabeça, se o Imperador julgasse que ele procedera mal. Assim, em13 de Junho de 1685, pôde a fragata São Paulo fazer-se a vela para o Japão, sob o comando de João Baptista Pereira, natural de Setúbal, que exigira o posto de Capitão-de-Mar-e-Guerra e de Capitão-Mor da Viagem do Japão, levando como enviado da cidade Manuel de Aguiar Pereira.” (4)

“14-06-1685 – Era tão grande a necessidade que Macau tinha de se conseguir a reabertura do comércio com o Japão que o Senado escreveu ao Governador do Bispado, António Morais Sarmento, pedindo-lhe que encomendasse a Deus a viagem da fragata São Paulo, em todas as freguesias, e que fosse feita uma solene novena a São João Baptista com a assistência do Senado. No Colégio de S. Paulo fez-se uma novena a Santo Inácio. O prior de Sto. Agostinho, Fr. João das Chagas, convidou todos os fiéis e principalmente todos os pobres mendigos para que subissem à Penha para rogarem a Deus e noutros colégios e igrejas se fizeram também orações, para impetrar o bom sucesso da viagem da mencionada fragata. “ (4)

“3-07-1685- Chegou a Nagasáqui a fragata São Paulo, que foi obrigada a regressar no dia 20 de Agosto deste ano, sem ter conseguido nada dos japoneses que se recusaram a reatar relações com os portugueses, com receio, diz-se, de estes regressarem para tornar a ensinar a doutrina de Cristo.” (4)

(1) “Antiguidades de Macao I – D. Belchior Carneiro “ no jornal “O Macaísta Imparcial”, Vol. I n.º 1 de 9 de Junho de 1836, p.3. https://nenotavaiconta.wordpress.com/2020/06/16/leitura-antiguidades-de-macao-apontamentos-de-jose-baptista-de-miranda-e-lima-d-belchior-carneiro/

(2) “O Macaísta Imparcial”, Vol. I, n.º 3 de 16 de Junho de 1836, p. 12

(3) Comunicação de Jorge da Silva Flores “Um naufrágio e um sonho entre Macau e Nagasaki em 1685”, disponível em: https://academia.marinha.pt/pt/multimedia/sessoesculturais/Paginas/Um-naufr%C3%A1gio-e-um-sonho-entre-Macau-e-Nagasaki-em-1685.aspx

(4) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954, pp. 66, 77,111, 112, 113 e 128.

Notícia da visita da corveta francesa “La Bonite”, comandada elo capitão Vaillant, que chegou a Macau em 31 de Dezembro de 1836, vindo de Manila. (1) O comandante da “Corvette” francesa “La Bonite” Auguste Nicolas Vaillant (1793-1858), depois da viagem publicou o livro “Voyage Autour du Monde Executé Pendant les Années 1836 et 1837 sur la Corvette “La Bonite” (2)

Extraído de «O Macaista Imparcial», I-62 de 9 Janeiro de 1837.

Com início em 1836 e duração até 1837 realiza-se a Viagem científica de Auguste-Nicolas Vaillant, publicada em dois volumes e três fólios por A. Bertrand em Paris (1841-1852). Contém três gravuras sobre Macau e uma de um pagode nos arredores de Macau no conjunto de cem gravuras que integram o Álbum Histórico em fólio de grande formato.” (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume II, 2015, p. 76)

 (1) Anterior referência a este comandante em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/auguste-nicolas-vaillant/

(2) VAILLANT, Auguste Nicolas, 1793-1858 –“Voyage autour du monde exécuté pendant les années 1836 et 1837 sur la corvette la Bonite, commandée par M. Vaillant, capitaine de vaisseau : pub. par ordre du roi sous les auspices du Département de la Marine. Paris: Arthus Bertrand, éditeur 1840-66. Leitura disponível em: https://catalog.hathitrust.org/Record/001876493

Hontem (dia 13 de Novembro, Domingo), querendo o Soldado Simão Sapatim da 2.ª Companhia d´Artilharia do Batalhão (Batalhão do Príncipe Regente) que guarnece esta Cidade, apaziguar uma desordem entre Chinas e filhos de Manila, na Praia chamada da Feitoria, (1) hum dos Indios deo huma facada, de que poucos minutos acabou os seus dias: esta morte cauzou um geral sentimento a todos os seus superiores por conheceram no ditto Soldado qualidades dignas de melhor sorte.”

Extraído de “O Macaísta Imparcial” Vol I, n.º 46 de 14 de Novembro 1836, p. 184.

(1) Ver: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/praia-da-feitoria/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/2020/09/14/espectacu-los-de-ginastica-na-feitoria-de-paiva-em-setembro-de-1856/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/rua-da-prainha/

Extraído de «A Aurora Macaense», I-12 de 1 de Abril de 1843, p. 55

A notícia saiu na “A Revolução de Setembro “ (1) no dia 15 (e não a 16) de Novembro de 1842. Este jornal citando “O Pregoeiro de Bombaim” (2) de 16 de Julho (pressupõe-se de 1842) (notícia no entanto originária do periódico “O Farol Macaense” de 1 de Julho) (3) refere que “o governador major Adrião Accacio da Silveira Pinto (4) convocara o Senado “fazendo um discurso insultante ao governo da Mãi Patria”, resignou a autoridade, e publicou à tropa esta sua deliberação”

Extraído de “A Revolução de Setembro”, n.º 589 de 15 de Novembro de 1842, p. 3

Tomou posse a 23 de Fevereiro de 1837, na Fortaleza do Monte e governou até Outubro de 1843, (1) tenho-lhe sucedido, Joze Gregório Pegado que tomou posse a 3 de Outubro de 1843.

Extraído de «O Macaista Imparcial», I- 72 de 13 de Fevereiro de 1837, p. 288

“Teve pela frente o Senado (o governador equiparou a mera câmara municipal o “Leal Senado”) e o Ouvidor unidos e, por influência externa (Ingleses), e sentiu em Macau as implicações da I Guerra do Ópio (1840-1842) ” (4) (5)

(1) O jornal “A Revolução de Setembro” ,editor responsável: J.F.S.Castro foi publicada em Lisboa de 1840 a 1901, na tipografia de J. B. da A. Gouveia.

(2) “O Pregoeiro da Liberdade”, jornal publicado em Bombaim desde 1840 até 21 de Agosto de 1844. (Annaes Marítimos e Coloniaes, 1845, p.222)

(3) Mas “O Farol Macaense”, jornal macaense, teve inicio a sua publicação em 23 de Julho de 1841, e terminou a 14 de Janeiro de 1842. O editor e redactor era Félix Feliciano da Cruz e também era proprietário da Tipografia Arménia onde era impressa o jornal. O mesmo editou na sua tipografia, um novo jornal, o semanário “ A Aurora Macaense “ que circulou de 14-01-1843 a Maio de 1844. https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/felix-feliciano-da-cruz/

(4) Adrião Acácio da Silveira Pinto nomeado Governador e Capitão Geral de Macau em 4 de Março de 1836, só chegou a Macau em 14 de Fevereiro de 1837. Desembarcou na Praia Grande (com a esposa e família) tendo vindo no navio “Resolução” que saiu de Lisboa em 18 de Junho de 1836, passando por Baía (Brasil) onde esteve dois meses e por Timor onde esteve quase duas semanas.

Extraído de «O Macaista Imparcial», I- 72 de 13 de Fevereiro de 1837, p. 288

Após o seu mandato, em 2 de Outubro de 1843 Adrião Acácio da Silveira Pinto, foi nomeado pelo Governador José Gregório Pegado, em sessão do Senado de 10 de Outubro de 1843, para tratar com os comissários chineses, no sentido de se melhorarem as condições da existência política deste estabelecimento. Seguiu para Cantão no brigue de guerra «Tejo», do comando do capitão-Tenente Domingos Fortunato de Vale. Agregaram-se a esta missão, o Procurador da Cidade João Damasceno Coelho dos Santos e o intérprete interino José Martinho Marques. (6) Em 23 de Março de 1868, foi nomeado embaixador de Portugal para tratar com os plenipotenciários chineses sobre o estabelecimento de Macau. Faleceu em Lisboa, no dia 10-10-1868, no posto de Marechal de Campo. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume II,2015, pp.79, 93, 94 e 99)

Ver anteriores postagens em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/adriao-a-silveira-pinto/

(5) Em 26 de Janeiro de 1841, os ingleses ocuparam a Ilha de Hong Kong  e a 29 de Janeiro, C. Elliot proclamou os direitos de S.M. Britânica sobre Hong Kong. Em 1842 com o nascimento de Hong Kong e a abertura dos cinco portos chineses nos termos do Tratado de Namquim (29 de Agosto) Macau entrou numa gradual e acelerada decadência (4)

(6)  https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/11/04/noticia-de-4-de-novembro-de-1843-conferencia-luso-chinesa-em-cantao/

Na tarde do dia 27 de Maio de 1836, chegou a Macau a armada americana composta pela corveta “Peacock” comandada pelo capitão C. K. Stribbling, e onde vinha o comodoro E. P. Kennedy, e a escuna “Enterprize” comandada pelo capitão Archibald S. Camphell (o nome do comandante no jornal não está correcta)

O comandante do “Entreprize”, Archibald S. Camphell vinha já doente e faleceu no dia 3 de Junho, vítima de uma disenteria.

Extraído de «O Macaista Imparcial», Vol. I n.º1 de 9 de Junho de 1836, p. 3

No dia 4 de Junho, pelas 5 horas da tarde, foi o funeral tendo assistido o Governador Bernardo Joze de Sousa Soares Andrea (governo: 1833-1837) tenho o Batalhão de Príncipe Regente prestado as honras fúnebres. Ficou sepultado na campa n.º 49 do Cemitério Protestante.

CAMPA N.º 49 : “The remains of Archibald S. Campbell Esq. who died at Macao in command of the Schooner Enterprize June 3d 1836. AET: 40. Erected to the memory of Lieutenant Commandant Archibald S. Campbell by the Officers of the U. S. Ship Peacock and Schooner Enterprize 1836

(TEIXEIRA, P. Manuel – A Voz das Pedras de Macau, 1980, p. 286)

Relatos dos inícios dos festejos públicos em Macau no dia 9 de Abril de 1837, pelo casamento da Rainha D. Maria II (em segunda núpcias) com o príncipe Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, depois Rei Consorte de Portugal, como D. Fernando II, (1) realizado presencialmente na Sé Patriarcal de Lisboa em 9 de Abril de 1836 (casamento em Coburgo por procuração em 1 de janeiro de 1836). Os festejos públicos prolongaram-se até 11 de Abril, merecendo também uma notícia no mesmo jornal, (já foi postado em 11-04-2020). (2)

Extraído de «O Macaísta Imparcial», I- 87 de 10 de Abril de 1837, p. 350
Dona Maria II (1835) por John Zephaniah Bell (3)

(1) D. Maria II, em 1836 casou em segunda núpcias com o príncipe Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, baptizado Fernando Augusto Francisco António de Saxe-Coburgo-Gotha e Koháry, nascido em Viena em 29 de Outubro de 1816 e falecido em Lisboa a 15 de Dezembro de 1885, no Paço Real das Necessidades, estando sepultado no mosteiro de São Vicente de Fora. O contrato matrimonial foi assinado no fim de 1835. Meses depois, chegou o marido. Haviam casado em Coburgo por procuração em 1 de janeiro de 1836 e, em Lisboa, em pessoa, na Sé Patriarcal em 9 de Abril de 1836. O casamento formal deu origem à Casa Real de Bragança-Saxe-Coburgo-Gotha e o príncipe alemão passou a Rei Consorte de Portugal, como D. Fernando II, em 16 de setembro de 1837, após o nascimento de um filho varão. Regente do reino (entre 1853 e 1855) durante a menoridade do filho D. Pedro V e, depois da morte deste, até à chegada a Portugal do filho D. Luís I. Tiveram 11 filhos. https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_II_de_Portugal

D. Fernando II, Rei Consorte de Portugal, em 1861. (4)

(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2020/04/11/noticia-de-11-de-abril-de-1837-festejos-pelo-consorcio-da-rainha/

(3) Por Joannes Paulus – Obra do próprio, CC BY-SA 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=63969447

(4) https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_II_de_Portugal

Notícia da sessão da Camara dos Deputados em Macau realizada no dia 24 de Março de 1836, sobre a questão de Macau (Macau é ou não possessão portuguesa), retirada do «Morning Herald» de 9 de Abril. e publicada pelo jornal «O Macaista Imparcial» I- 28 de 12 de Setembro de 1836, p. 108.