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Carta do Príncipe Regente datada de 13 de Maio de 1810 – do Rio de Janeiro – concedendo o título de Leal ao Senado. (In Alvarás, Justiça em Macau – A. H. M. – Res). D. João VI concedeu este título ao Senado de Macau, em recompensa os esforços envidados para repelir os piratas de Cam-Pau-Sai, que ameaçavam a Colónia, e pelos importantes socorros pecuniários prestados em muitas ocasiões ao Estado da India. (1)

– Data do Alvará (13 de Maio de 1810) que cria o Batalhão Príncipe Regente, para defesa da Cidade e de Macau (passou a funcionar como polícia da cidade), com cerca de 400 praças vindas de Goa. O Vice-rei da Índia comunicou que, o Príncipe Regente tinha autorizado a criação de um batalhão para a defesa da cidade, denominado por Batalhão Príncipe Regente. O Batalhão era constituído por quatro companhias e um efectivo da ordem dos 400 homens, que o Senado fez alojar inicialmente duas companhias no antigo quartel (Casa da Alfândega) e outras duas, na fortaleza do Monte na impossibilidade de as alojar no colégio de S. Paulo.

Em 13 de Junho de 1810, foi entregue a bandeira ao comandante Major D. Francisco de Castro na igreja de Sto. António onde recebeu a bênção por Fr Agostinho, da Ordem Dominicana. (2)

 (1) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954, p. 92 + SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume II, 2015, p. 21.

(2) O Rei em 28 de Outubro de 1816 aprovou a deliberação do Senado de acomodar duas companhias no antigo quartel e outras duas na Fortaleza do Monte, em virtude das dificuldades postas pelo Bispo em aquartelar a tropa no Colégio.

CAÇÃO, Armando – Unidades Militares de Macau, pp. 18 e 45.

Extraído de «O Portuguez na China», II-14 de 3 de Dezembro de 1840, N.º 64.

O navio «NEMESIS» (1) partiu a 28 de Março de 1840 de Liverpool (Inglaterra) com 60 homens, oficiais e marinheiros (nas suas operações na China, chegou a ter cerca 90 homens a bordo.) com destino ao Oriente, embora o plano de viagem fosse secreto, pois com a chamada “ 1.ª Guerra do Ópio”, em curso (1839 –1842) seria um teste para experimentar a eficácia do primeiro navio de guerra a vapor de ferro). (2) Era comandante do navio, William Hutcheon Hall (depois, em 1842, capitão Richard Collinson). Passou por Portugal (Cabo Finisterra a 2 de Abril) e esteve três dias em Funchal (chegada: 8 de Abril).  Chegou à costa da China em finais de 1840, passou por Macau a 2 de Dezembro. (3)

(1) “NEMESIS”, propriedade da “East India Company”, lançado em 1839, contruído nos estaleiros de “Birkenhead Iron Works”. Foi o 1.º navio de guerra oceânico britânico, de ferro (“steam iron ocean-going iron warship”). Os chineses apelidaram-no de “navio diabo”. https://en.wikipedia.org/wiki/Nemesis_(1839)

“The East India Company steamship Nemesis (right background) destroying Chinese war junks in Anson’s Bay during the Second Battle of Chuenpi, 7 January 1841” https://en.wikipedia.org/wiki/First_Opium_War

(2) O relatório da viagem bem como as intervenções militares na China foram descritos pelo comandante W. H. Hall e publicados em livro:  

(3) “On the 13th, the Nemesis, which had been for some days at anchor with the fleet, a few miles below Chuenpee, conveyed Captain Elliot down to Macao, while the rest of the fleet moved nearer up towards the Bogue, as if with the object of supporting the “negotiations” by a firm display of power. Captain Elliot’s stay at Macao was very short, and from the increased activity of our preparations at the Bogue, it became evident that the “negotiations” were not going on satisfactorily.” (p. 108 do livro citado)

“11-12-1841 – Data provável – porque não se deu logo conta – do suicídio do inglês Thomas Beale, em Macau. Devia $ 112.316,839 patacas em parcelas e a entidades perfeitamente conhecidas, e não tinha como pagar. Deixou uma carta pedindo perdão a Deus, à família e amigos pelo seu acto de desespero. Enriqueceu com o ópio este londrino que chegou a Macau em 1781. O jardim da sua residência, na Rua do Hospital, era famoso em todo  o oriente pelas plantas, flores e pássaros raros e exóticos. Também tinha uma preciosa biblioteca. Perdeu-se com a Lotaria de Calcutá, onde apostou fortemente até ao fim.” (1)
O seu corpo deu à costa na Praia de Cacilhas e foi reconhecido somente pela roupa. Thomas Beale declarou em 1816 a insolvência e foi considerada na altura “a mais sensacional bancarrota do período

CHINNERY - Retrato de Thomas BealeRetrato de Thomas Beale por George Chinnery

Thomas Beale (cerca 1775-1841) naturalista escocês, negociador de ópio, comerciante na China, foi secretário do seu irmão mais velho Daniel Beale, (2) cônsul da Prússia em Cantão, desde 1787,. Torna-se mais tarde cônsul, de 1797 a 1814. É sócio com o seu  irmão nas  firmas Magniac & Co que comercializava ópio, algodão e chá e “Cox & Beale” (após a morte de John Henry Cox em 1790, sócio fundador com Daniel Beale em 1787).
Conhecido pela sua hospitalidade, a residência de Thomas Beale em Macau tinha um jardim com 2500 vasos de plantas e era um local de visita dos estrangeiros que passavam ou residiam em Macau.
Um aviário de 12,2 cm x 6,1 cm continha centenas de pássaros raros da China, Europa, Sudoeste Asiático e América do Sul. George Vachel , capelão da Companhia das Índias Orientais descreveu ao seu amigo John Stevens Henslow (professor de Botânica na Universidade de Cambridge e mentor de Charles Darwin) que no aviário estaria  cerca de seiscentos pássaros.   Quando o naturalista George Bennett visitou Macau na sua viagem pelo Pacífico, descreveu no seu diário , em 45 páginas , o jardim e o aviário e considerou a residência de Thomas Beale como “”one of the finest of the old Portuguese houses … on a narrow street known as Beale’s Lane“. (3)

Cemitério dos Protestantes - Thoma BealeFoto de Chris Nelson (5/24/2006)
http://www.findagrave.com/cgi-bin/fg.cgi?page=pv&GRid=12805092&PIpi=3209653

William Wightman Wood (“Sketches of China: with illustrations from original drawings “ escreveu:
“...in particular I may mention the bird-of-paradise. A splendid living specimen is in the possession of Mr. Beale almost domesticated. It feeds from the hand of its amiable owner without fear, and appears capable of being rendered perfectly tame and familiar. This is perhaps the only specimen at present existing in confinement.”

Cemitério dos Protestantes - Thoma Beale II

Foto de Chris Nelson (5/26/2006)
http://www.findagrave.com/cgi-bin/fg.cgi?page=pv&GRid=12805092&PIpi=3218100

Repousa no Antigo Cemitério Protestante, (no terraço inferior, n.º 160) para onde foi transladado um mês depois da sepultura clandestina que, a 11 de Dezembro de 1841 lhe deram, na praia de Cacilhas, os pescadores que o encontraram morto. (1)
(1) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1995.
(2) Daniel Beale (1759-1827) era comissário de bordo de um dos navios da Companhia das Índias Orientais e  está sepultado lado do seu irmão Thomas Beale (no terraço inferior n.º 161)
(3) https://en.wikipedia.org/wiki/Thomas_Beale