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A 17 de Janeiro de 1802, numa carta de Lord Wellesley, Governador Geral da Índia Inglesa, ao Governador de Macau, anunciava que, na sequência da notícia vinda da Europa em como os portugueses e franceses tinham feito um acordo que comprometia os interesses de Sua Majestade Britânica, dera ordens às forças inglesas estacionadas em Cantão para ocupar Macau e a “rendição de «Macau e sua dependências»deveria processar-se em termos pacíficos” (1)

Embora esta ameaça não fosse concretizada, a Companhia Inglesa das Índias Orientais continuava, na correspondência ao Governador de Macau José Manuel Pinto, a informar que os franceses pretendiam apossar-se do território e que a Inglaterra estava pronta a ajudar. 

A 22 de Março de 1802, dá-se o episódio narrado no jornal “A Liberdade”, mais uma tentativa habilidosa de ocupar o território.

A Liberdade» Ano 1-n.º 7 de 30 de Agosto de 1890.

(1) SILVA, Beatriz Basto da Silva – Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1995.

No dia 13 de Maio de 1810, o Príncipe Regente D. João (futuro rei D. João VI, rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves de 1816 a 1822) envia do Rio de Janeiro onde estava a corte portuguesa desde 1807, uma carta concedendo o título de «Leal» ao Senado de Macau (1)
D. João concedeu este título ao Senado de Macau, em recompensa dos esforços envidados para repelir os piratas de Cam-Pau-Sai (2) que ameaçavam a Colónia, e por em outras ocasiões ter prestado uteis e importantes socorros pecuniários à Capital dos Estados da Índia, em circunstâncias apertadas, e árduas.
Neste mesmo dia (13-05-1810) foi publicado o Alvará que criou o Batalhão Príncipe Regente, (3) para a defesa de Macau. Passou a funcionar como polícia da cidade e era constituído por quatro companhias e um efectivo da ordem dos 400 homens, praças vindas de Goa inicialmente alojados na Casa da Alfândega (2 companhias) e na Fortaleza do Monte (2 companhias).
Também neste dia (13-05-1810), Miguel de Arriaga Brum da Silveira (4) que chegou a Macau em 29-06-1802, foi reconduzido no cargo de Ouvidor.
O Batalhão Regenerador (nome adoptado após o saneamento do Batalhão do Príncipe Regente) apoiou o Conselheiro Arriaga, em 1822, quando este liderou uma revolução absolutista em Macau, que fracassou tenho sido preso Miguel de Arriaga na noite de 15 de Setembro de 1822.
Informações de SILVA, Beatriz Basto da Silva – Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1995.
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/leal-senado/
(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/cam-pau-sai/
(3) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/batalhao-do-principe-regente/
(4) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/miguel-de-arriaga-brum-da-silveira/

No dia 21 de Março de 1845, faleceu em Macau, antes de ser sagrado, (1) o 12.º Bispo de Diocese, D. Nicolau Rodrigues Pereira de Borja, que foi sepultado, no cemitério de S. Paulo, sendo os seus ossos transladados, em 1859, para o carneiro da capela do Santíssimo da Sé Catedral, cuja reconstrução é, em grande parte, devida ao Bispo Borja. (1) (2)
O Padre Nicolau Rodrigues Pereira de Borja (1841-1845), sacerdote da Congregação de Missão (lazarista) chegou a Macau em 1802, para Mestre na Sagrada Theologia no Real Colégio de S. José da Cidade de Macau, e desempenhou depois as funções de Reitor do mesmo Colégio. No ano 1834, devido a perseguição tanto em Portugal como em Macau, expulsando todos os religiosos e sequestrando os seus domínios, houve uma vagatura da Diocese por um período de treze anos, depois da morte do Bispo D. Francisco da Luz Chacim. O Padre Nicolau Borja, foi nomeado Bispo de Macau em 25 de Novembro de 1841, confirmado em 19 de Junho de 1843, e tomou posse do Bispado aos 14 de Novembro do mesmo ano.
(1) O Padre Manuel Teixeira – refere que a morte do Bispo Borja ocorreu a 29 de Março de 1945, baseado no ofício do Bispo D. Jerónimo José da Mata, sucessor de D. Nicolau Borja, comunicando a morte do prelado e convidando o Leal Senado para o enterro do Bispo D. Nicolau que se realizaria no dia 1 de Abril. O Bispo Nicolau Borja não chegou a ser sagrado (marcado para 8 de Setembro de 1844) encontrando-se para esse fim já em Macau D. Fr. Tomás Badia mas este falece a 1 de Setembro de 1844 e o Bispo Borja falece a 29 de Março de 1845 com 68 anos de idade. Foi sepultado no interior da Capela do cemitério de S. Paulo. Transladado depois para debaixo do altar principal da Sé Catedral.
TEIXEIRA, Pe. Manuel – Macau e a sua Diocese, II Volume, 1940, p. 393
(2) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954 e PEREIRA; A. Marques –Ephemerides commemorativas da historia de Macau e das relações da China com os povos Christãos (Macau: da Silva, 1868)
Anterior referência a este prelado em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/d-nicolau-r-pereira-de-borja/

Silhouettes D´Asie Eudore Colomban 1921 CAPASilhouettes portugaises d’Asie
Conférence donnée
à l’Institut de Macao
dans sa séance du 19 Février 1921
Typographie des P. P. Salésiens
MACAO
1921

Um “livro”, com 35 páginas, escrito em francês, intitulado Silhouettes portugaises d´Asia” (1) reprodução duma conferência proferida no Instituto de Macau, no dia 19 de Fevereiro de 1921, por Eudore de Colomban. (2)

Silhouettes D´Asie Eudore Colomban 1921 Assinatura do autorFoi impresso na Tipografia dos Salesianos, em 1921.
O autor nessa conferência traçava a biografia de três personalidades:

  • Benoît de Goes (1562-1607) pp. 5-12 (3)
  • Alexis de Menezes (1559 – 1617) pp.13- 19 (4) e
  • Michel d´Arriaga (1776 – 1824) pp. 20 – 30 (5)

Silhouettes D´Asie Eudore Colomban 1921 MACAOO livro contém fotografias das personalidades referidas mas de muita má qualidade na impressão. A melhor foto do livro é esta, uma panorâmica da Baía de Praia Grande, vista da Colina da Penha.

(1) COLOMBAN, Eudore de – Silhouettes portugaises d´Asie. Typographia des P.P.Salesieux, Macao, 1921, 35 p. 21,5 cm x 14 cm.
(2) Eudore de Colomban (1873-1940), pseudónimo de Régis Gervaix, missionário das Missões Estrangeiras de Paris, foi ordenado em 24 de Setembro de 1898, tendo partido de imediato para Kuantong onde missionou vários anos. Veio para Macau em 1919 e em 1925 foi para Pequim como professor da literatura francesa. Faleceu em Paris em Novembro de 1940.
Ver referências anteriores em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/eudore-colomban/
Silhouettes D´Asie Eudore Colomban 1921 Bento de Góis(3) Bento de Góis. Nascido em Vila Franca do Campo (Açores) em 1562, padre jesuíta português (integrou a 3.ª expedição dos jesuítas enviados à corte do Grão Mongol Akbar em Lahore ao reino da Mongólia – 1595). Em 1602, partiu de Goa  com a missão de encontrar o lendário reino do Cataio na Ásia Central. Foi o primeiro europeu a percorrer o caminho terrestre da Índia para China provando que o “Cathay” de Marco Polo era a China. Faleceu a 11 de Abril de 1607, em Suzhou junto da muralha da China onde chegara em 1606.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bento_de_G%C3%B3is
Aconselho leitura de “Bento de Góis – a paixão da Distância”de Lúcia Costa Melo Simas, de 2007 em:
http://www.ulisses.us/lucia-28-bento-goes.htm
Silhouettes D´Asie Eudore Colomban 1921 Aleixo de Meneses(4) Frei (Agostinho) Aleixo de Meneses (nascido Pedro de Meneses) foi Arcebispo de Goa (1595 -1612), governador da Índia (1607 – 1609), arcebispo de Braga (1612-1617) e governador de Portugal (161-1615 – dominação filipina). Faleceu em Madrid em 1617, sendo provisoriamente sepultado no Convento de São Felipe. Em 1621 foi trasladado para a capela-mor da igreja do Pópulo, em Braga.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Aleixo_de_Meneses
Silhouettes D´Asie Eudore Colomban 1921 Miguel de Arriaga(5) Miguel José de Arriaga Brum da Silveira, filho de José de Arriaga Brum da Silveira e de D. Francisca Josefa Borges da Câmara Corte Real, nasceu na vila da Horta (Açores) e faleceu em Macau com 47 anos de idade. Estudou Leis na Universidade de Coimbra, foi designado desembargador de Agravos da Casa da Suplicação do Brasil, tendo ido para Goa e depois nomeado ouvidor em Macau onde chegou a 29 de Junho de 1802.
Prestou salientes serviços a Macau (derrota dos piratas caudilhados por Cam Pau Sai; desempenhou o importante papel diplomático ao dissuadir os britânicos de ocupar Macau, evitando confrontos com a China; introdução da vacina em Macau e na China). Tal foi o mérito conquistado na China que quando morreu o imperador ordenou luto em sua honra.
TEIXEIRA, Padre Manuel – Vultos Marcantes em Macau, 1982.
Outras referências anteriores a Miguel  de Arriaga em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/miguel-de-arriaga-brum-da-silveira/

 

“No topo da colina da Penha existia outrora um forte que é anterior a 1623, (1) como se prova dum documento relativo a D. Francisco Mascarenhas, governador de Macau (1623-1626). A 1 de Fevereiro de 1625, este governador requereu ao ouvidor António Camelo Serrão que fizesse um inquérito judicial sobre os seguintes pontos:

«que vindo a esta cidade para Capitão geral com gente nella e ordem para a por em toda a boa defenção e desciplina, ordenou três Companhias na melhor forma que lhe foy possível. E tanto que o teve feito loguo os seus soldados occuparão os postos e forão fazer vegia na barra, no forte de São Francisco e no de Penha de França» (2)

 Não há dúvida da existência deste forte em Macau. Montalto de Jesus (3), cita um velho manuscrito francês un petit lieu ao bord de la mer au pied d´une  montagneoù autrefois les Portugais ont eu une forteresse mesmes qu´il y en a beaucoup  qui y habitente”.
Este forte estava ligado à fortaleza de Nossa Senhora de Bomparto/Bomporto  por uma muralha “Do Bomporto estendia-se uma muralha que ultrapassava a elevação da Penha”.  (3)

Forte da Penha LJUNGSTETNesta velha estampa, vê-se a muralha que ligava a Fortaleza de
Nossa Senhora da Penha à Fortaleza de Bomparto, s/ data (4)

O forte foi demolido devido às suspeições chinesas que receavam a fortificação e a construção de muralhas à volta da “cidadela”. A sua reconstrução foi depois do ataque holandês de 1622,  (5) atribuído a D. Francisco de Mascarenhas, o primeiro Governador de Macau. A fortificação de Macau, a “cidadela” foi completada em 1626. Este forte foi demolido em 1892.(6)

Forte da Penha Chinnery 1837

“Vista da Igreja da Penha”, Chinnery . c. 1837
A Ermida da Penha dentro do forte e a muralha que ligava à Fortaleza de Bomparto.

O Forte de Nossa Senhora da Penha de França estava situado no cimo da colina da Penha, onde se encontra presentemente a Ermida da Penha.

O seu objectivo principal era a defesa contra as invasões navais e por isso, apesar de não estar próximo do litoral, era considerado uma fortificação costeira. Além disso, as suas armas podiam ser apontadas formando um arco completo sobre toda a cidade. Infelizmente não há conhecimento de desenho, plantas ou descrições deste forte que tenham sobrevivido. (4)

Forte da Penha BORGET 1838“O Forte da Penha de França”, Auguste Borget – c. 1838
O Forte da Penha está à esquerda e a Fortaleza de Bomparto
no sopé da colina e ligando as duas fortificações, a muralha

(1) Não se sabe a data de construção do forte mas foi um dos primeiros de Macau. Por esta notícia, já existia o forte da Penha aquando da chegada de D. Francisco, a 7 de Julho de 1623.
(2) TEIXEIRA, Pe. Manuel – Os Militares em Macau.1976
(3) JESUS, C. A. Montalto de – Macau Histórico. Livros do Oriente, 1990
(4) “Fort Bomparto –“baluarte de Nossa Senhora de Bomparto” – anciently denominated with greater propriety Baluarte do Bomporto. From this fort a Wall ascends south-west the Hill, on the top of wich is seated the hermitage of Penha de França”
LJUNGSTEDT, Andrew – An Historial Sketch of the Portuguese Settlements in China ando of the Roman Catholic Chirch and Mission in China”. Boston, 1836.Ver em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/03/23/noticia-de-23-de-marco-de-1759-nascimento-de-andrew-ljungstedt/
Poderá ler este livro em:
http://books.google.pt/books/about/An_Historical_Sketch_of_the_Portuguese_S.html?id=Q7gNAAAAIAAJ&redir_esc=y
(5) Ou-Mun Kei-Leok relata que, para protecção contra os ataques holandeses, os portugueses construíram um forte semelhante a um antigo que tinha sido demolido.
Tcheong-U-Lâm; Ian-Kuong-Iâm- Ou-Mun Kei-Leok, Monografia de Macau, 1751, traduzida por Luís Gonzaga Gomes. Quinzena de Macau, 1979.
(6) GRAÇA, Jorge – Fortificações de Macau; concepção e história. Instituto Cultural de Macau.