Extraído de «O Procurador dos Macaístas», Vol. I-n.º 32 de 12 de Outubro de 1844
Manuel Homem de Carvalho (Portugal c.1740-Macau 1800) não era natural de Macau, chegou ao território c. de 1760, tendo depois por via do matrimónio (casamento com Ana de Araújo Rosa, filha mais nova de Simão Vicente Rosa, proprietário da Ilha Verde) integrado na família de Vicente Rosa, uma das figuras mais importantes da cidade. Esteve ligado aos negócios (comércio e navegação, proprietário do barco «Bons Amigos») e administração nomeadamente vereador do Senado.
31-01-1773 – Manuel Homem de Carvalho (com Bernardo Gomes de Lemos) arrematou em 1 de Setembro de 1813 em leilão por 501 taéis a Ilha Verde por falecimento da Ana de Araújo Rosa que herdou de seu pai Simão Vicente Rosa proprietário da ilha desde 1765. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, p. 295.)
PEREIRA , A. Marques – Ephemerides Commemorativas da História de Macau e das Relações da China com os Povos Christãos, 1868
“1797 – Até 1800 governa Macau, D. Cristóvão Pereira de Castro, natural de Goa. No seu tempo foi assassinado, sem se apurar por quem, o arcediago Miguel Francisco da Costa- Também ocorreu o perdão da dívida dos moradores de Macau à Fazenda Real, por mercê do Príncipe Regente. Entretanto anunciasse o perigo das ondas de choque da Revolução Francesa, em Portugal (1)
“08-08-1797 – Tomou posse do Governo de Macau D. Cristóvão Pereira de Castro, que sucede a José Manuel Pinto. O triénio deste último terminara em 27-07-1796; mas o Senado pediu ao Vice-Rei da Índia o conservasse no seu posto. Vê-se que José Manuel Pinto era estimado pois governou de novo de 08-08-1800 a 08-08-1803. (1)
Em 17 de Setembro de 1883, escreve Adolfo Loureiro (1) a propósito do Hotel Macao (2) (desde 1880, sob a direcção de Pedro Hing Kee) (3):
«Fiquei hoje definitivamente instalado nos meus aposentos que são completamente independentes e mobilados conforme as minhas indicações. Na varanda coberta lá estão as frescas e cómodas cadeiras, ou sofás de rota; no salão uma grande mesa para estantes, plantas e desenhos, secretárias, pequena mesa para quando quiser almoçar ou jantar no meu quarto, etc., etc,; no quarto de cama, um leito enorme e de armação, mesas, toilettes, guarda roupa, cabides; finalmente, uma pequena galeria envidraçada, dando para um páteo interior, e nela a sala de banho com uma daquelas banheiras chinesas de barro com esmaltes que fazem lembrar as antigas tinas de banho gregas ou romanas. Estou optimamente instalado e encontro no dono do hotel que é um cristão, o maior desejo de me ser agradável… (…) O jantar foi servido com profusão, com boa ordem e com uma cozinha, meio inglesa, meio portuguesa que me não desagradou. Quando terminei, ao chegar à janela vi o governador (Tomás de Sousa Rosa) que ia ao seu passeio. Acompanhei-o.» (4)
Por volta de 1900, encontra-se no Tourist Book de Hong Kong o seguinte anúncio: (4)
“Macao Hing Kee’s Hotel – A perfectly new Building – 30 bedrooms – A confortable family Hotel – Five Minutes from the Wharves steamer – Every thing of the Best – Charges very moderate.”
Em primeiro plano os Correios, a seguir, o «Macao Hotel», c. 1900
Velho hotel oitocentista «Hotel Hing Kee» (“Nam Van Heng Ki Chau Tim”) com a fachada principal virada a leste para a Rua da Praia Grande com o número 101 (Directório de 1890, p. 57), propriedade de P. L. Hing-Kee. Depois «Macao Hotel» (explorado por William Farmer (ou «New Macao Hotel», a partir de 1923) remodelado em 1927-1928 pelo comendador Lou Lim Ioc com o nome de «Hotel Riviera» (encerrou em 1969) e, dois anos mais tarde, demolido. https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/hotel-macao/
DIRECTÓRIO DE MACAU DE 1890, p. 57
No Directório de Macau de 1879, vem mencionado um Hotel com o nome de «Macau Hotel» (Ou Mun Tai Chao Tim), propriedade de Joaquim Pereira de Campos, na Rua de Praia Grande n.º 15 (com gerência de António Gomes da Silva Telles e Augusto Siqueira)
DIRECTÓRIO DE MACAU DE 1879, pp. 28 -29
(3) O Engenheiro Adolfo Loureiro no seu livro ”Oriente” descreve-o «um china rechonchudo e prazenteiro que me recebe de modo expansivo, falando-me, em vozes mansas, um português ininteligível e que me obriga a recorrer ao inglês, língua em que sou menos forte do que ele no português» (4)
(4) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, ICM, 1997, p.75
Extraído de «TSYK», III Ano, n.º 84 de 8 de Fevereiro de 1866, p. 84
João Damasceno Coelho dos Santos, natural de Macau (S. Lourenço 11.05.1800; Sé 2.02.1866), filho de Faustino Coelho dos Santos e de Maria Josefa da Costa Lage , bacharel em Direito (U. C.). Terá sido nomeado em 1826, juiz de fora de Algoso (ex-freguesia portuguesa do concelho do Vimioso – Portugal) ( (1)
Em Macau, foi membro do Senado de Macau (desde 1841) (2 ) e depois Procurador da Cidade, entre 1843 e 1844. Foi delegado do Procurador da Coroa e Fazenda em Macau (1846-1866). (3) Foi um dos fundadores e o 1.º Presidente da direcção do Teatro D. Pedro V. Casou com Eudóxia António Joana Rangel (filha de Floriano António Rangel -1778-1843- e de Ana Maria Antónia de Jesus Correia de Carvalho), Tiveram 7 filhos (4)
(1) Extraído de «Gazeta de Lisboa», n.º 35 de 10 de Fevereiro de 1826, p. 138
(2) Extraído de «The Chinese Repository», Volume 10, From Jan to Dec, 1841, p. 57
(3) Extraído de MAIA, José António (cirurgião pela Escola Mécio-Cirúrgica de Lisboa) – Memória sobre a franquia do porto de Macao, 1849, p. 85
(4) FORJAZ Jorge – Famílias Macaenses I e II Volumes, 1996
É na verdade uma “coincidência notável”. Tomaram posse no dia 8 de Agosto, no ano de 1797, Cristóvão Pereira de Castro; no ano de 1800, José Manuel Pinto; no ano de 1803, Caetano de Sousa Pereira e no ano de 1806, Bernardo Aleixo de Lemos e Faria.
“08-08-1797 – Tomou posse da capitania geral de Macau D. Cristóvão Pereira de Castro” (1)
“08-08-1800 – Tomou posse pela 2.ª vez o Capitão Geral José Manuel Pinto” (1)
“08-08-1803 – Tomou posse do cargo de Governador e Capitão-Geral, Caetano de Sousa Pereira” (1)
“08-08-1806 – Posse do Governador Bernardo Aleixo de Lemos e Faria” (2)
(1) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.
(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1995