Archives for posts with tag: 1761

“O Irmão jesuíta João Alvares (1) salvou a «copiosa e escolhida» livraria do Colégio de S. Paulo. Os jesuítas já em 1760 tinham notícia do decreto pombalino de 1759; a 9 de Outubro de 1760, Álvares escreveu ao Padre Inácio Málaga, S. J., procurador da Província das Filipinas, a relatar o que se passara em Goa desde Setembro de 1759 a Fevereiro de 1760. Prevendo que o malfadado decreto chegasse em breve a Macau, tratou de salvar o arquivo de S. Paulo, de que ele fora copista durante tantos anos. Comprou quatro caixas de madeira chinesa, forrou-as com papel vermelho e marcou-as com os n.ºs de 1 a 4. Nelas meteu o arquivo. Em cada caixa meteu uma nota que declarava o conteúdo com a data de 14 de Março de 1761. Nesse mesmo ano, o Capitão D. António Pacheco levou para Manila os 4 caixotes e entregou-os ao Padre Málaga para o futuro os reenviar para Macau. Eram mais de 40 maços de papel, originais, alguns cadernos isolados e vários documentos soltos. Os livros manuscritos, quase todos em folha, eram 100, dos quais pelo menos 23 não forma encadernados. O Inventário só menciona 3 livros impressos: Língua Japonesa, Dicionário de Tunkim e Bullarum Collectio.” (2)

(1) O Irmão João Álvares (Alvarez) foi a princípio colaborador e depois sucessor do Padre José Montanha, S. J., (3) no trabalho de copista do Arquivo de S. Paulo. Em 1742, recebeu ordem do Padre Domingos Pinheiro, Vice-Provincial da China (1741-1745) para copiar os originais da documentação do Arquivo. Auxiliado por 7 copistas, lançou-se ao trabalho e de 1744 a 1748 produziu 50 volumes das cartas escritas pelos jesuítas da Índia, da China e do Japão. Este precioso Arquivo foi remetido para Madrid em 1773 e hoje encontra-se lá em 3 sítios diferentes: Biblioteca da Real Academia de la Historia, Archivo Nacional e Biblioteca Nacional.

(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, pp. 257, 260 e 284.

(3) O Padre José Montanha, S. J., foi designado pelo Provincial da Companha em Portugal para rever e compilar toda a documentação da Companhia de Jesus arquivada no Colégio de Macau, onde chegou em 1742. O método usado foi a cópia sistemática desse arquivo, com ajuda de um grupo de amanuenses. O padre José Montanha e o Irmão Jorge Álvares (seu continuador neste trabalho) começaram o processo de cópia dos documentos importantes do estabelecimento do Colégio de S. Paulo ou neles guardados em Novembro de 1742 (a partir de 3 de Outubro de 1742, segundo outra fonte) Produziu e enviou em 1744 alguns códices de “Jesuítas na Ásia”. (2) (3)

MONTANHA, José, Padre – Apparatos para a historia eccleziastica do Bispado de Macao, ( corresponde à história geral da missão do Japão dos anos 1583-1587) 1749-1752, 31×25 cm A. H. U., Contém uma das mais completas descrições da Igreja e do Colégio de São Paulo, baseada nos testemunhos anteriores que o autor pôde recolher e compilar na Livraria do mesmo. Extraído de: “SANTOS, Domingos Maurício Gomes dos  – Macau Primeira Universidade Ocidental do Extremo oriente in http://www.icm.gov.mo/rc/viewer/30021/1742

Ver anterior referência ao Padre Montanha em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-montanha/

(3) Em 1998, foi publicado um catálogo e guia “JESUÍTAS NA ÁSIA”,(2 Vols. Coordenação de Francisco G. Cunha Leão. Lisboa: ICM: IPPA: Biblioteca da Ajuda)  contendo 9462 sumários de documentos, existentes na Biblioteca da Ajuda, que formam o núcleo de uma das mais ricas e importantes colecções que existem sobre a Ásia e a presença portuguesa. Na Biblioteca da Ajuda existe um total de 30.000 folhas, distribuídas modernamente por 61 códices.

Neste dia de 1 de Julho de 1758, tomou posse da capitania Geral e Governo de Macau o Moço e Escudeiro Fidalgo Dom Diogo Pereira, natural de Baçaim, (1) filho de D. António Pereira, Moço Fidalgo e neto de D. João Pereira. (2)
Dom Diogo Pereira governou Macau até 4 de Julho de 1761, data da posse do novo governador, António de Mendonça Corte-Real, natural de Goa. (3).
Foi durante o governo de D. Diogo Pereira que em 3 de Setembro de 1759, em Portugal, o Marquês de Pombal acabou com a Companhia de Jesus e seus missionários. No primeiro aniversário do atentado contra D. José I, uma lei declarou-os rebeldes, traidores, adversários e agressores da pessoa do Soberano e seus Estados como tais, desnaturalizados, banidos e exterminados, resolvendo-se a sua expulsão do território nacional e dos domínios e proibindo-se toda a comunicação com eles por palavras ou escrito sem imediata e especial régia. No entanto, o cumprimento da ordem de prisão dos jesuítas em Macau só se efectuou em 05-07-1762 com a prisão dos primeiros 24 missionários S.J que se encontravam em Macau. (4)
NOTA: Foi nesse ano de 1758 que ficou concluída a Igreja do Seminário de S. José Na fachada da Igreja do Seminário de S. José há uma lápide que diz: « A primeira pedra deste templo dedicado a S. José  foi lançada no Ano da Redenção de 1746 pelos Padres da Companhia de Jesus, que o acabaram de construir no ano de 1758.» Foi decorado no ano de 1803; mas deteriorado pela intempérie, durante 200 anos, o bispo de Macau, D. João de Deus Ramalho, S. J. tratou de o restituir ao antigo protótipo no ano de 1953. (4)

A fortaleza de Baçaim foi fundada por Nuno Da Cunha, Governor da Índia Portuguesa, em 1524

Mapa de 1538

(1) Baçaim ou Bassein, (actualmente Vasai-Virar) na antiga Índia Portuguesa, importante cidade/porto no extremo sul de uma ilha, a cerca de 50 quilómetros ao norte de Bombaim, (hoje Mumbai)no estado de Maharashtra, no noroeste da Índia.
Pertenceu a Portugal entre 1534 e 1739, com excepção da ilha de Bombaim, a zona central da actual cidade, cedida por estes aos britânicos em 1665.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ba%C3%A7aim
(2) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954
(3) “28-06-1758 – O Governador Francisco António Pereira Coutinho avisa o Senado de que o novo Governador D. Diogo Pereira se achava em Macau e tomaria posse a 1 de Julho. Coutinho, Moço e Escudeiro Fidalgo, natural de Taná, era filho de João Pereira Coutinho, neto de Manuel Pereira Coutinho., Cavaleiro Fidalgo, e bisneto de António Pereira Coutinho. Francisco António Pereira Coutinho foi governador de 14 de Julho de 1755 a 1758 (4)
(4) SILVA, Beatriz B. – Cronologia da História de Macau, Volume 2, 1997.