Archives for posts with tag: 1758

No dia 2 de Agosto de 1749, João Manuel de Mello tomou posse do governo e capitania geral de Macau (governa até 1752). Problemas religiosos na China interior e, embora menos drásticos, em Macau (proibição da prática da religião cristã aos chineses pelo Mandarim da Casa Branca). Pobreza em Macau devido à decadência do comércio principalmente ao naufrágio de numerosos barcos deixando imensas viúvas e órfãos.

Terminou o triénio do seu mandato, a 29 de Julho de 1752 deu posse do Governo ao seu sucessor, D. Rodrigo de Castro (nascido em Baçaim, capitão de Goa, governou Macau, de 29 de Julho de 1752 até 1755) e regressou à Índia em 1753, muito perturbado, ao que parece. A 15 de Março de 1758 tomou posse do Governo de Moçambique e se suicidou 21 dias depois, atravessando.se com a própria espada.

SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, pp. 269 e 274

O holandês A. E. van Braam Houckgeest, (1) que foi chefe em Cantão da feitoria da Companhia Holandesa da Índia Oriental (terminou em 1799) e conhecia bem Macau por ter aqui vivido muito tempo (c.1758 – 1773), dedicou 100 páginas a esta terra no 2.º volume (2) da sua obra “Voyage de l´Ambassade de la Compagnie des Indes Orientales  Hollandaises vers l´Empereur de la Chines dans les annes 1794 et 1795.” (3) (4)

MAPA DA CHINA – sinalizado o trajecto efectuado pela embaixada
“Voyage de l´ambassade  de la Compagnie des Indes Orientales Hollandaises vers L´empereur de la Chine, en1794 et 1795”. (3)

(1) André Éverard Van Braam Houckgeest (1739-1801);

(2) O Volume II começa com o diário datado de 31 de Janeiro de 1795.

(3) VAN BRAAM HOUCKGEEST, Andreas Everardus – Voyage de l’ambassade de la Compagnie des Indes Orientales hollandaises vers l’empereur de la Chine, dans les années 1794 et 1795. Le tout tiré du Journal d’André Everard Van Braam Houckgeest. Publié en Français par M. L. E. Moreau de SaintMéry, Philadelphia, 1798. (5) Tradução em inglês, em 1798 – An authentic account of the embassy of the Dutch East-India company, to the court of the emperor of China, in the years 1794 and 1795, Vol. I. NOTA : Disponível para leitura em: https://babel.hathitrust.org/cgi/pt?id=dul1.ark:/13960/t9766fx46&view=1up&seq=330. https://catalog.hathitrust.org/Record/100123369

(4) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. 1, 2015, p. 328.

(5) “References to Van Braam’s book are made to this edition, but the text of the quotations is taken from the English edition of 1798, published under the title: An Authentic Account of the Embassy of the Dutch East-India Company to the Court of the Emperor of China, in the Year 1794 and 1795 . . . Taken from the Journal of André Everard Van Braam . . . Translated from the original of M. L, E. Moreau de Saint-Méry. With a correct chart of the Boute. London: Printed by R. PhilUpa, No. 71, Saint Paul’s Churchyard, 1798. Footnote page references are given to both editions.https://www.americanantiquarian.org/proceedings/44806869.pdf

Manuel de Saldanha de Albuquerque e Castro, 1.º Conde da Ega.

A 20 de Março de 1758, o Rei de Portugal D. José I, (rei de 1750 a 1777) escreve ao Conde d´Ega, Vice Rei e Governador da Índia (1758-1765):
«Por lei de 19-II-1624, publicada em Goa no mês de Abril de 1625 e logo participada ao Ouvidor de Macau, foi determinado que os chins não podiam nem deviam ser escravos».
No entanto, acharam-se subterfúgios e pretextos, (1) (2) dizendo-se
«que ficariam as crianças expostas ao perigo de as matarem os ladrões  chins que as levam a dita Cidade de Macau para os não apanharem com os furtos nas mãos, no caso de não acharem compradores»; outro é de os pais as matarem eles mesmos para evitar as despesas de as criar;
«como se a culpa alheia e particular dos que cometessem semelhantes barbaridades pudesse bastar escusa de pecado próprio e igualmente bárbaro dos que, debaixo de semelhante pretexto, introduziam e estão sustentando uma escravidão geral, que ainda sendo de 40 anos, como se está praticando e convencionando ao tempo dos baptizados pelo chamado Pai dos Cristãos» (3)
Para arrancar pela raiz este absurdo, o rei determina:
«não haja mais escravidão de chins nem ainda temporal de certos anos; antes, pelo contrário, todos os referidos chins de um ou outro sexo sejam livres»… (…) e «ordenando debaixo de penas que por minha lei se acham estabelecidas contra os que fazem carceres privados e roubam o alheio; que nenhuma pessoa, de qualquer estado, qualidade ou condição que seja, possa reter os referidos chins como escravos mais de 24 horas, contadas da mesma publicação desta. Anulando e cessando toda a jurisdição temporal, que até agora teve o sobredito intitulado «Pai dos Cristãos» e seus constituídos, para que seja exercida pelos meus Governadores, Ministros Officiais, cada na parte que pelos seus Regimentos lhes pertencem» (4)
(1) 1747– D. Fr. Hilário de Sta Rosa (franciscano, Bispo de Macau 1742 a 1750, segundo C. R. Boxer, foi um dos primeiros e proeminentes a condenar o sistema vicioso) numa representação ao rei D. João V, censura os habitantes de Macau por trazerem «timores furtados, enganados, comprados e trocados por fazendas, fazendo-os escravos …» a gente de Macau (faz o mesmo) com as chinas suas naturais, comprando-as em pequenas por limitado preço (dizem que para as fazer cristãs) e depois de baptizadas e adultas as cativam e reputam suas escravas por 40 anos, sem lei que permita, comprando-as, vendendo-as e dando-lhes (ainda com ferros) como escravas, bárbaros castigos). O prelado e os jesuítas são os campeões da liberdade individual e da libertação dos escravos que, apesar de grandes oposições conseguem alcançar.
(2) Em 1758, O Rei D. José I, proíbe esta escravatura e aboliu o cargo de «pai dos cristãos»; o Senado apressa-se também a lançar pregões para que «nenhuma pessoa de qualquer condição pudesse vender Atais sob pena de perderem os ditos Atais (rapazes escravos domésticos) e Amuis (raparigas escravas domésticas), ou a valia destes e pagarem 100 taeis de pena (e todo o que foi impossibilitado para dita satisfação sera castigado corporalmente como a este Senado lhe parecer), a qual quantia sera aplicada para a reedificação das fortalezas desta cidade» (1)
Na verdade o ministro responsável por este decreto foi o marquês de Pombal, que depois expulsaria de Portugal e de todos os seus domínio, os jesuítas.
(3) O “Pai dos Cristãos” era o missionário incumbido dos chineses que se convertiam. Todos os cristãos chineses ficavam debaixo da jurisdição e vigilância deste padre. Como os jesuítas se incumbiam da conversão dos chineses, o «pai dos cristãos» era um jesuíta. A acção do pai dos cristãos exerceu-se, sobretudo, contra a escravatura, que em Macau se começou a praticar logo após a sua fundação. TEIXEIRA, P.e Manuel – Os Macaenses, 1965
(4) Retirado de SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. 2, 1997.
Ver “Notícia de 30 de Março de 1758. Carta de El Rey D. José I”, acerca do mesmo problema, postado neste blogue em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/03/30/noticia-de-30-de-marco-de-1758-carta-de-el-rey-d-jose-i/

Neste dia de 1 de Julho de 1758, tomou posse da capitania Geral e Governo de Macau o Moço e Escudeiro Fidalgo Dom Diogo Pereira, natural de Baçaim, (1) filho de D. António Pereira, Moço Fidalgo e neto de D. João Pereira. (2)
Dom Diogo Pereira governou Macau até 4 de Julho de 1761, data da posse do novo governador, António de Mendonça Corte-Real, natural de Goa. (3).
Foi durante o governo de D. Diogo Pereira que em 3 de Setembro de 1759, em Portugal, o Marquês de Pombal acabou com a Companhia de Jesus e seus missionários. No primeiro aniversário do atentado contra D. José I, uma lei declarou-os rebeldes, traidores, adversários e agressores da pessoa do Soberano e seus Estados como tais, desnaturalizados, banidos e exterminados, resolvendo-se a sua expulsão do território nacional e dos domínios e proibindo-se toda a comunicação com eles por palavras ou escrito sem imediata e especial régia. No entanto, o cumprimento da ordem de prisão dos jesuítas em Macau só se efectuou em 05-07-1762 com a prisão dos primeiros 24 missionários S.J que se encontravam em Macau. (4)
NOTA: Foi nesse ano de 1758 que ficou concluída a Igreja do Seminário de S. José Na fachada da Igreja do Seminário de S. José há uma lápide que diz: « A primeira pedra deste templo dedicado a S. José  foi lançada no Ano da Redenção de 1746 pelos Padres da Companhia de Jesus, que o acabaram de construir no ano de 1758.» Foi decorado no ano de 1803; mas deteriorado pela intempérie, durante 200 anos, o bispo de Macau, D. João de Deus Ramalho, S. J. tratou de o restituir ao antigo protótipo no ano de 1953. (4)

A fortaleza de Baçaim foi fundada por Nuno Da Cunha, Governor da Índia Portuguesa, em 1524

Mapa de 1538

(1) Baçaim ou Bassein, (actualmente Vasai-Virar) na antiga Índia Portuguesa, importante cidade/porto no extremo sul de uma ilha, a cerca de 50 quilómetros ao norte de Bombaim, (hoje Mumbai)no estado de Maharashtra, no noroeste da Índia.
Pertenceu a Portugal entre 1534 e 1739, com excepção da ilha de Bombaim, a zona central da actual cidade, cedida por estes aos britânicos em 1665.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ba%C3%A7aim
(2) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954
(3) “28-06-1758 – O Governador Francisco António Pereira Coutinho avisa o Senado de que o novo Governador D. Diogo Pereira se achava em Macau e tomaria posse a 1 de Julho. Coutinho, Moço e Escudeiro Fidalgo, natural de Taná, era filho de João Pereira Coutinho, neto de Manuel Pereira Coutinho., Cavaleiro Fidalgo, e bisneto de António Pereira Coutinho. Francisco António Pereira Coutinho foi governador de 14 de Julho de 1755 a 1758 (4)
(4) SILVA, Beatriz B. – Cronologia da História de Macau, Volume 2, 1997.