Em 7 de Fevereiro de 1719, discutiu-se no Senado uma carta do novo Governador, António da Silva Telo e Meneses, que propunha se fechasse a cidade pelo lado da Barra com um muro, «por causa dos ladrões», ou «unindo-se os quintais das casas no caso que se não resolva fazer-se a dita parede», e ainda de se pagarem os soldos aos capitães das rondas, como no ano anterior. Não foi levantada, porque ocasionaria problemas com os mandarins. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, p. 233)
MAIO de 1719 – Chegou nova carta de Pequim do Padre João Mourão, reiterando a grande estima que o Imperador fizera do mimo que o Senado lhe ofereceu, mandando-lhe em recompensa 8 peças de óptima seda, e várias curiosidades de esmalte fabricadas por sua direcção, e outras mais de fino ouro; as de esmalte, por muito notáveis, foram mandada pelo Senado para Portugal de presente a El-rei, (o que depois soube o Imperador, e o estimou), tendo primeiro o Suntó feito aviso ao Senado para que fosse à cidade onde residia, para receber este precioso mimo, e uma chapa com expressão de elevada honra, que o Imperador lhe mandava; tudo veria a ser recebido com grande fausto (em 28 de Junho de 1719) (1)
Cumprimentando o Suntó com magnificência, e estando os nossos gravemente assistidos, entregou-se com muitas cerimónias o presente, entre duas fileiras de soldados e músicos; o presente foi conduzido pelos chinas em dois andores até à barca, vindo coberto com panos de seda amarela os caixões. Na ida levou o Senado um presente que ofereceu por mimo ao Suntó, que o agradeceu, correspondendo-lhe com outro de três balças de louça, um cesto de chá pelouro, carneiros e porcos que lhe mandou também à barca. (2)
NOTA: O Imperador da China era Kangxi (Seng Chou em cantonense) – 1662-1723 https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/imperador-kangxi-%E5%BA%B7%E7%86%99%E5%B8%9D-1654-1722/
(1) “28-06-1719 – Manuel Vicente Rosa, Pascoal da Rosa e Manuel Leite Pereira foram recebidos em Siu-Heng pelo Prefeito que lhes entregou os presentes do Imperador destinados ao Senado. Não receberam chapa, como esperavam, limitando-se o Prefeito a informar que o Imperador mandava dizer que vivessem os portugueses de Macau quietos e sossegados). (2)
(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, pp. 233-234)
No dia 29 de Setembro de 1725, desembarcou em Macau António de Albuquerque Coelho (1682-1745) (1) (2) vindo de Timor, por ter acabado o seu Governo. (3) Foi residir no Convento de S. Francisco, e mandou realizar, no dia 23 de novembro, um ofício solene pela alma da sua mulher, D. Maria de Moura, que desposara nesta cidade, na Igreja de Santo António, em 22 de Agosto de 1710 e aqui falecera, em 31 de Julho de 1714, das sequelas do parto (20 de Julho) (1) No fim do ofício, houve salva na Fortaleza do Monte e dobraram os sinos em todas as igrejas. (4) António de Albuquerque Coelho ficou ainda alguns meses em Macau, regressando a Goa no início de 1726. Chegou no mês de Abril e foi preso por causa do anterior conflito em Timor, com o bispo de Malaca, tendo depois sido solto após defender-se das acusações. António de Albuquerque Coelho ainda seria nomeado em capitão-Geral da ilha de Pate (ilha ao norte de Mombaça, na costa oriental de África) após um tratado celebrado em 24 de Agosto de 1728, entre o sultão da ilha e uma embaixada de Goa no qual permitia a construção de uma fortaleza guarnecida com 150 homens. Viria a ser novamente preso em Setembro em 1729 (acusado de “deserção da fortaleza de Pate” pelo Vice-Rei D. João Saldanha da Gama) após desembarque em Goa mas viria a ser novamente absolvido da sentença.
Extraído de PEREIRA, A. Marques – Ephemerides Commemorativas da Historia de Macau …, 1868
(1) Ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/maria-de-moura/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/antonio-albuquerque-coelho/
(2) Foi governador de Macau de 1718 (tomou posse em Macau a 30 de Maio de 1718 embora nomeado em Maio de 1717) a 9 de Setembro de 1719. Segundo Jack M. Braga “ um anno, quatro mezes e 18 dias”.
(3) Nomeado em 1721 governador de Timor e Solor, partiu de Goa via Macau tendo chegado a Lifau (Timor) em 1722. A sua governação foi curta e com grandes problemas; conflito com o bispo de Malaca, D. Frei Manuel de Santo António (embarcado para Goa por ordem do governador) e revolta/rebelião de alguns povos de Timor. Em 1725 foi substituído por António Moniz de Macedo.
(4) BRAGA, Jack M. – A Voz do Passado, 1987.
Neste dia, de 1708, a Fragata Nossa Senhora das Neves comandada por Jerónimo de Melo Pereira que partira de Goa, chegou a Macau “desarvorada” (desgovernada), sem mastros e sem leme e a ré sem beque, sendo preciso irem embarcações rebocá- la para dentro do porto por causa de um grande temporal que apanhou por altura do dia 19 de Agosto.
Trazia como passageiros o capitão de Infantaria da guarnição António de Albuquerque Coelho (1682-1745) (mais tarde nomeado Governador de Macau, de 5 de Agosto de 1717 a 9 de Setembro de 1719. Sucedeu-lhe, António Silva Telo e Meneses que governou entre 1719 e 1722. (1).
Na mesma fragata vinham o tenente Dom (por ser fidalgo) Henrique de Noronha e Francisco Xavier Doutel, que pouco depois seriam grandes inimigos de Albuquerque Coelho. (2)
A fragata ficou em Macau para concerto tendo levado dois anos a ficar pronto para novas viagens.
NOTA: Na descrição dos tufões que passaram a uma distância igual ou inferior a 80 milhas de Macau, o mais antigo referenciado por Agostinho Pereira Natário (3) foi precisamente este tufão, que foi sentido em todo o Mar da China.
(1) BRAGA, Jack M. – A Voz do Passado. ICM, 1987, 78 p.
(2) http://www.arlindo-correia.com/070709.html
(3) NATÁRIO, Agostinho Pereira – Tufões que Assolaram Macau. Ver em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/07/06/leitura-tufoes-que-assolaram-macau-i/