Archives for posts with tag: 1714

11-08- 1714- (1) Tomou posse do governo de Macau D. Francisco Alarcão Sotto-Maior, natural de Óbidos, que foi também Governador de Moçambique e Rios de Sena e Capitão –Mor da Armada do Canará e Costa do Sul  (2)

De 1714 e até 4 de Agosto de 1718, (3) embora com poucos anos na Índia, mas muito recomendado pelas suas qualidades, governa Macau D. Francisco de Alarcão Sotto Mayor. Este Governador cumpriu cargo homólogo em Moçambique, (4) e as relações entre os dois pontos a administração portuguesa devem ser estudadas com o auxílio de DITEMA, Vol III, pp 1022-1023. (5) No seu tempo no Oriente, equaciona-se a viagem Macau-Brasil que, não tendo resultado abre caminho para um futuro próximo. Também no seu governo se fizeram magníficas celebrações dos 60 anos de K´ang-Hsi; terão sido tão brilhantes que o Imperador se mostrou favorável aos moradores de Macau. (2)

(1) Erradamente Luís G. Gomes indica 13-07-1714 como data da posse: “ Tomou posse do governo de Macau Dom Francisco Alarcão Sotto-Maior, que foi também Governador de Moçambique e Rios de Sena e Capitão-Mór da Armada do Canará e Costa do Sul” (GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954. Anteriores referências: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/francisco-alarcao-sotto-maior/

(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. I, 2015, p. 223.

(3) Nomeado em Goa, Governador de Macau, António de Albuquerque Coelho, e não conseguindo encontrar transporte, atravessou o Indostão, a custo de muitas fadigas e perigos e chegou neste dia 5 de Agosto de 1717 a Madrasta, com destino a Macau.

(4) D. Francisco de Sottomaior, filho do fidalgo Goês Lourenço de Sottomayor e de Inês de Vilhena, foi Governador de Moçambique entre 1716 e 1719.

(5) “Existem, de qualquer forma alguns testemunhos documentais esclarecendo o cruzamento de militares, administradores e funcionários coloniais, frequentemente convocando as suas carreiras africanas ou macaenses para nesses territórios ascenderem nas hierarquias da representação da soberania portuguesa. É o que ocorre, entre vários outros casos, em 1714, como governador de Macau, D. Francisco Alarcão Sottomaior que se desloca para o enclave português do Sul da China depois de cumprir carreira homóloga no território que, nessa época, se designava por Moçambique e Rios de Sena”. (I.C.S. – Relações de Macau com Moçambique in DITEMA, Vol III, p. 1022)

Entrou em Macau no dia 23 de Agosto de 1708, desgovernada e desmastreada por um tufão que a assaltara, a fragata Nossa Senhora das Neves que vinha de Goa, comandada pelo capitão-de-mar-e-guerra Jerónimo de Mello (Pereira), trazendo como passageiros, feitor por sua Magesta Miguel Pinto, Tenente D. Henrique de Noronha e o Capitão de Infantaria António de Albuquerque Coelho, (1) que mais tarde seria Governador de Macau. (2) (3)  

A fragata entrou no porto desarvorada, sem mastros nem leme, e a ré sem beque, (e, por isso, saracoteando-se) sendo precizo ir (outras) em embarcações rebocá-la para dentro, por cauza do grande temporal que apanhou na altura de 19 graos (golfo de Tonquim, junto à ilha de Hainão). Ficou em Macau, de invernada para se consertar” (4)

“A fragata N.ª Sra.ª das Neves, de Sua Majestade (ou do estado da Índia, a que Macau e Timor estavam sujeitos), chegou pela primeira vez à cidade do Nome de Deus, na primeira metade de Agosto de 1703 sob o comando do capitão-de-mar–e-guerra Luís Teixeira Pinto e trazendo o governador e capitão-geral desta cidade José da Gama Machado (tomou posse a 15-08-1703).  Recolheu a fragata a Goa, antes do Inverno, levando o governador cessante (Pedro Vaz de Sequeira). No dia 23 de Agosto de 1708, o mesmo barco de guerra chega de Goa… (…). A sua oficialidade, entretanto, causou grande inquietação na Cidade do Nome de Deus. Foi o caso do célebre romance amoroso entre António Albuquerque Coelho (1) e a órfã Maria de Moura. A infantaria da fragata, com o seu comandante, aquartelou na Casa de Campo de S. Francisco (que, por volta de 1780, era de Francisco Josué, natural de Vila do Mato, Beira, e seu pai; em 1801, de um filho do mesmo nome). Albuquerque demorou-se em Macau, com os seus soldados e a fragata, até ao 1.º de Agosto de 1714, dia do enterro, na Igreja de S. Francisco, de sua esposa, falecida do segundo parto. Em 13-11-1715, a Sr.ª das Neves já não existe por talvez nunca se ter recomposto do temporal que a colheu, em 1708, e da invernada seguinte em Macau.” (3)

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/antonio-albuquerque-coelho/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/08/23/noticia-de-23-de-agosto-de-1708-fragata-nossa-senhora-das-neves/

(2) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1952

 (3) PIRES, Benjamim Videira – A Vida Marítima de Macau no Século XVIII, 1993, p. 26

(4) BRAGA, Jack  M.  – A Voz do Passado, 1987,p.25