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“29-05-1718 – Tomou posse do cargo de Governador o Capitão-Geral, António de Albuquerque Coelho que chegara na véspera, em uma embarcação chinesa que o trouxe de Sanchoão, onde deixara o seu navio com toda a tripulação doente.” (GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954)

Nomeado em Goa, Governador de Macau, António de Albuquerque Coelho, e não conseguindo encontrar transporte, atravessou o Indostão, a custo de muitas fadigas e perigos e chegou neste dia 5 de Agosto de 1717 a Madrasta, com destino a Macau.

“O Vice-Rei Vasco Fernandes César de Meneses (1712-1717) mandara-o seguir de Macau para Goa pelo seu tirânico comportamento não só para com os moradores, mas também para com os estrangeiros. Mas o seu sucessor D. Sebastião de Andrade Pessanha, não só o absolveu de todas as acusações, como o nomeou Governador de Macau em Maio de 1717:

atendendo que assim para o bem temporal daquela Cidade, como para o espiritual das dilatadas Missões, dependentes da mesma Cidade, e nestes calamitosos tempos tão perturbados, necessitamos da assistência de tal Governador, como assás experimentado daqueles países, pois tinha por bastante tempo habitado neles “(Nova Goa, 6 de Maio de 1718)

Até 1719, Albuquerque Coelho governa Macau. Conhecera Macau onde entrou como oficial da guarnição em 1708. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, p. 230)

NOTA I – António de Albuquerque Coelho (1682–1745), posteriormente, exerceu o cargo de Governador de Timor, antigo território português subordinado à Índia Portuguesa,  entre 1722 e 1725, tendo sido antecedido por Manuel de Santo António e sucedido por António Moniz de Macedo, no seu 1.º mandato. https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_de_Albuquerque_Coelho

Ver anteriores postagens em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/antonio-de-albuquerque-coelho/

“27-09-1712 – O ouvidor Gaspar Franco da Silva (1) recebeu um recado do capitão-de-mar-e-guerra da fragata para soltar um marinheiro insolvente. Depois, o ouvidor e seus subalternos receberam vários agravos da gente da fragata, que o levaram a fazer um auto contra Gamboa (2) e remetê-lo à Relação de Goa. (3)

(1) Gaspar Francisco (Franco) da Silva – Procurador do Senado em 1707 (4), embarcou para Portugal no dia 14 de Janeiro de 1708, na nau N.ª Sr.ª de Mazagão conseguindo obter 26 privilégios da cidade de Macau, (4) cujos alvarás, de D. João V, se guardaram no Arquivo do Senado. (5)

“21-11-1707 – Decidiu-se dar ao Procurador Gaspar Francisco da Silva que ia para o Reino, 300 taeis e 10 peças de damasco para seus gastos; este partiu a 14 de Janeiro de 1708 e regressou a Macau a 16 de Julho de 1710 (4)

“16-07-1710 – Gaspar Francisco da Silva que fora a Lisboa, em 1708, como delegado do Senado, regressou na fragata Nossa Senhora da Visitação, tendo conseguido a confirmação dos privilégios da cidade (4)

Anterior referência em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2022/03/04/noticia-de-4-de-marco-de-1717-partida-dos-ministros-do-senado/

(2) Trata-se do capitão-de mar-e-guerra José de Andrade e Gamboa que partiu de Macau para Goa na fragata N. Sra. da Nazaré, em 14-01-1712

(3) PIRES, Benjamim Videira – A Vida Marítima de Macau no Século XVIII, pp. 27 e 31.

(4) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, pp. 60, 212, 218

(5) “16-10-1710 – Fragata Bom Jesus (ou N. S.) de Marzagão, que, aos 14-01-1708, levou a Lisboa o procurador do Senado, Gaspar Franco da Silva, trouxe este, a 16-07-1710, na fragata da Europa N.ª Sr.ª da Visitação, a confirmação, por D. João V, de 26 privilégios do mesmo Senado de Macau” (2)

18 de Setembro de 1708 – “Neste dia se fes na Se Cathedral desta Cidade as Exequias  funebres pela morte do Sr Rey D. Pedro 2.º na forma e modo seguinte –Sahirão da Caza do Senado os Ministros e Officiaes do mesmo com varas alçadas acompanhados da nobresa e povo desta cidade todos vestidos de luto, e se dirigirão a Sé para assistirem as Vesperas do seu Officio. Ao Sahirem da Caza do Senado fóra da porta se quebrou o primeiro Escudo que levava no braço o primeiro Vereador que era o mais velho, dizendo – Chorai povo a morte do nosso Rey D. Pedro. 2.º – Ao pé de S.m Domingos se quebrou o segundo que levava o segundo Vereador com as mesmas ceremonias e ao pé da Se se quebrou o 3.º que levava o 3.º Vereador também na forma do primeiro.”(1)

19 de Setembro de 1708 – “ Se fes o Officio com Missa Cantada achando-se huma Eça no Corpo da Igreja magestozamente coberta de preto e illuminada por todos os lados: assistirão a esta função fúnebre o Gov. Diogo Teixeira Pinto, o Cap.º do Senado – O sr. Bispo D. João do Cazal e todos os lugares próprios de representação que tinhão. Os Conegos e Clero na Capella-mor cantando com muzica todas as partes do Officio – Fez a orção fúnebre com toda a Eloquencia própria deste acto o P.e João Mourão da Cp.ª de Jesus.” (1)

NOTA: Quebra dos Escudos – cerimónia praticada desde a morte de D. João I. Consistia em quebrar os escudos do rei falecido para os substituir pelos do novo monarca. O Regimento do Senado, feito na época de D. Manuel I, regulamentou esta cerimónia

D. Pedro II faleceu de apoplexia em 9 de Dezembro de 1706. Reinou de 1683 a 1706. Sucedeu a Afonso VI e foi sucedido por João V.

Retrato de D. Pedro II, autor desconhecido (séc. XVII).
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_II_de_Portugal

OUTRAS FONTES: “18-09-1708 – Effectuou-se n´este dia, em Macau, a quebra de escudos pela morte de el-rei D. Pedro II, sendo esta cerimonia feita pelos tres vereadores, com grande acompanhamento do povo. Foi quebrado á porta do palácio do senado o escudo, defronte da igreja se S. Domingos o segundo, e o terceiro junto á sé catedral, onde o préstito assistiu a vésperas. No dia seguinte se celebraram, também na sé, as exéquias, com missa e officio, estando erguida ao meio do templo uma eça, magnificamente odornada e allumiada. Foram presentes a este acto o governador Diogo de Pinho Teixeira, o senado, o bispo D. João do Cazal, e as mais pessoas notáveis da cidade. Orou o padre João Mourão da Companhia de Jesus. (GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954) (PEREIRA, A. M. – Ephemerides Commemorativas, 1868, p. 85)

Beatriz Basto da Silva na sua Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, p. 215, data este acontecimento a 17 de Setembro de 1708 – Quebra de escudos por morte de D. Pedro II.      

(1) BRAGA, Jack M. Braga – A Voz do Passado, 1987, p. 25)

Neste dia, 13 de Abril de 1708,  a chalupa de Luís Abreu que seguia viagem com destino a Manila  conduzindo alguns padres dominicanos expulsos das missões da China pelo cardeal Tournon, Patriarca de Antióquia, (1) foi surpreendida por mau tempo, ao sair da ilha de Ladrão, indo parar a uma enseada abaixo de Tun-cam, a oeste de Macau, onde 12 cafres, que deviam ser vendidos em Manila, se revoltaram, apossando-se do barco . De volta a esta cidade, as autoridades pretenderam ao princípio, enforca-los, mas acabaram por os meter apenas na cadeia. (2)

PEREIRA, António Marques – Efemérides Comemorativas da História de Macau, pp. 34-35

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/carlos-tomas-maillard-de-tournon/ (2) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954)

Morre no Convento de Santo Agostinho D. Álvaro Benavente, O.E.S.A., (1) vigário apostólico de Kiangsi que se refugiara em Macau 3 meses antes, ou seja, a 1 de Dezembro de 1708, Os portugueses, o clero local e os missionários estrangeiros, aqui refugiados, tomaram parte nas solenes exéquias fúnebres em Sto. Agostinho, onde foi sepultado na nave central a 21 de Março; a tropa assistiu também ao funeral.

Na capela-mor de Sto. Agostinho, no local da sua sepultura, está uma inscrição latina, que diz: “Aqui jaz o il. D. Fr Álvaro, nascido da nobre família de Benavente em Salamanca, onde ingressou na Ordem do Nosso Padre Agostinho. Pelo zelo de propagar a Fé, demandou a Província das Filipinas, foi transferido para o Império da China e, depois de ter administrado brilhantemente a mesma Província e a Missão da China, foi promovido a Bispo de Ascalona e a Vigário Apostólico; faleceu em Macau aos 20 de Março de 1709, com 63 anos de idade, 9 de Episcopado. Descanse em paz. Amen” (1)

(1) Álvaro Benavente nasceu a 1646 (?), tornando-se membro da Ordem do Nosso Padre Agostinho (O.E.S.A) aos 17 anos (1663), Vigário Apostólico de Kiangsi (China) (1698) e nomeado Bispo Titular de Ascalona em 1698 (ordenado em 1700).  http://www.catholic-hierarchy.org/bishop/bbenaa.html

(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, pp. 215-216)

Entrou em Macau no dia 23 de Agosto de 1708, desgovernada e desmastreada por um tufão que a assaltara, a fragata Nossa Senhora das Neves que vinha de Goa, comandada pelo capitão-de-mar-e-guerra Jerónimo de Mello (Pereira), trazendo como passageiros, feitor por sua Magesta Miguel Pinto, Tenente D. Henrique de Noronha e o Capitão de Infantaria António de Albuquerque Coelho, (1) que mais tarde seria Governador de Macau. (2) (3)  

A fragata entrou no porto desarvorada, sem mastros nem leme, e a ré sem beque, (e, por isso, saracoteando-se) sendo precizo ir (outras) em embarcações rebocá-la para dentro, por cauza do grande temporal que apanhou na altura de 19 graos (golfo de Tonquim, junto à ilha de Hainão). Ficou em Macau, de invernada para se consertar” (4)

“A fragata N.ª Sra.ª das Neves, de Sua Majestade (ou do estado da Índia, a que Macau e Timor estavam sujeitos), chegou pela primeira vez à cidade do Nome de Deus, na primeira metade de Agosto de 1703 sob o comando do capitão-de-mar–e-guerra Luís Teixeira Pinto e trazendo o governador e capitão-geral desta cidade José da Gama Machado (tomou posse a 15-08-1703).  Recolheu a fragata a Goa, antes do Inverno, levando o governador cessante (Pedro Vaz de Sequeira). No dia 23 de Agosto de 1708, o mesmo barco de guerra chega de Goa… (…). A sua oficialidade, entretanto, causou grande inquietação na Cidade do Nome de Deus. Foi o caso do célebre romance amoroso entre António Albuquerque Coelho (1) e a órfã Maria de Moura. A infantaria da fragata, com o seu comandante, aquartelou na Casa de Campo de S. Francisco (que, por volta de 1780, era de Francisco Josué, natural de Vila do Mato, Beira, e seu pai; em 1801, de um filho do mesmo nome). Albuquerque demorou-se em Macau, com os seus soldados e a fragata, até ao 1.º de Agosto de 1714, dia do enterro, na Igreja de S. Francisco, de sua esposa, falecida do segundo parto. Em 13-11-1715, a Sr.ª das Neves já não existe por talvez nunca se ter recomposto do temporal que a colheu, em 1708, e da invernada seguinte em Macau.” (3)

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/antonio-albuquerque-coelho/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/08/23/noticia-de-23-de-agosto-de-1708-fragata-nossa-senhora-das-neves/

(2) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1952

 (3) PIRES, Benjamim Videira – A Vida Marítima de Macau no Século XVIII, 1993, p. 26

(4) BRAGA, Jack  M.  – A Voz do Passado, 1987,p.25

Neste dia de 24 de Dezembro de 1708, morre em Pequim um dos mais célebres jesuítas portugueses, que prestou grandes serviços à Igreja e à China e que, como Presidente do Tribunal das Matemáticas, honrou Portugal e a ciência europeia. Trata-se do Padre Tomás Pereira também chamado Tomé Pereira., tenho inicialmente o nome de “Sanctos” Pereira (1), nascido a 1 de Novembro de 1645, em S. Martinho do Vale, diocese de Braga. Ao chegar a Macau em 1672, o Padre Fernando Verbiest, S. J., então altamente conceituado em Pequim, elogiou os seus predicados perante o Imperador, que imediatamente mandou a Macau dois mandarins para o levarem à corte; para lá foi transportado em cadeirinha, chegando à capital chinesa em Janeiro de 1673. (2)
Padre Tomás Pereira foi matemático, astrónomo, geógrafo e diplomata. (3) Em 25 de Setembro de 1663 entrou para a Companhia de Jesus. Em 15 de Abril de 1666 embarcou para a Índia, continuando os seus estudos em Goa, chegando a Macau em 1672, onde aprendeu na língua e cultura chinesa Tomás Pereira viveu na China até à sua morte em 1708 (4) no antigo Observatório Astronómico de Pequim. Foi também músico, (5) sendo autor de um tratado sobre a música europeia que foi traduzido para Chinês, e também construtor de um órgão e de um carrilhão que foram instalados numa igreja de Pequim. É considerado o introdutor da música europeia na China. (6)

OBSERVATÓRIO DE PEQUIM (gravura do século XVIII)

Sobre Tomás Pereira, ver anteriores referências em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/padre-tomas-pereira/
e
https://www.revistamacau.com/2014/04/16/tomas-pereira-e-o-imperador/
(1) https://orientalistasdelinguaportuguesa.wordpress.com/tomas-pereira/
(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 2, 1997.
(3) Tomás Pereira participou nas negociações do Tratado de Nerchinsk (1689), que é considerado o primeiro tratado subscrito pela China com uma potência da Europa, neste caso o Grão-Principado de Moscou.
(4) Sobre a sua morte escreve o Padre Miguel de Amaral, S. J.: «Depois de sofridos grandíssimos trabalhos (por causa da malfadada questão dos ritos), (7) no dia 23 de Dezembro de 1708, na tarde do Domingo em que tinha cumprido todos os requisitos para ganhar o jubileu do papa Clemente para alcançar de Deus a paz entre os príncipes cristãos, foi a segunda vez acometido com o acidente de apoplexia que pôs fim à sua vida pela uma hora depois da meia noite de 24 de Dezembro do dito ano» (1)
(5) “Quando foi recebido pelo Imperador Kangxi, este tocou no su clavicórdio algumas canções chinesas que sabia de cor; acto contínuo, o Padre Pereira reproduziu-as em música, executando-as no seu clavicímbalo com tal perfeição que o Imperador exclamou: «Estas ciências dos europeus são verdadeiramente admiráveis, Estas ciências dos europeus são verdadeiramente admiráveis. Este homem é um génio maravilhoso!». Mandou-lhe dar 24 peças de seda, dizendo: «Estes vossos vestidos não prestam; aí tendes com que vos vestir». (1)
Aconselho leitura “Os jesuítas e a música em Macau e Pequim” de Ana Luísa Balmori_Padesca em
file:///C:/Users/ASUS/Documents/PARA%20ELIMINAR%20-%20DOWNLOADS/Os%20jesu%C3%ADtas%20e%20a%20M%C3%BAsica.pdf
(6) https://pt.wikipedia.org/wiki/Tom%C3%A1s_Pereira
(7) O episódio da Controvérsia dos Ritos em que após a proibição das missões na China, graças aos seus argumentos, Tomás Pereira conseguiu junto do imperador, que o Édito de Tolerância ao Cristianismo fosse publicado.

Neste dia, de 1708, a Fragata Nossa Senhora das Neves comandada por Jerónimo de Melo Pereira que partira de Goa, chegou a Macau “desarvorada” (desgovernada), sem mastros e sem leme e a ré sem beque, sendo preciso irem embarcações rebocá- la para dentro do porto por causa de um grande temporal que apanhou por altura do dia 19 de Agosto.
Trazia como passageiros o capitão de Infantaria da guarnição António de Albuquerque Coelho (1682-1745) (mais tarde nomeado Governador de Macau, de 5 de Agosto de 1717 a 9 de Setembro de 1719. Sucedeu-lhe, António Silva Telo e Meneses que governou entre 1719 e 1722. (1).
Na mesma fragata vinham o tenente Dom (por ser fidalgo) Henrique de Noronha e Francisco Xavier Doutel, que pouco depois seriam grandes inimigos de Albuquerque Coelho. (2)
A fragata ficou em Macau para concerto tendo levado dois anos a ficar pronto para novas viagens.
NOTA: Na descrição dos tufões que passaram a uma distância igual ou inferior a 80 milhas de Macau, o mais antigo referenciado por Agostinho Pereira Natário (3) foi precisamente este tufão, que foi sentido em todo o Mar da China.
(1) BRAGA, Jack M. – A Voz do Passado. ICM, 1987, 78 p.
(2)  http://www.arlindo-correia.com/070709.html
(3) NATÁRIO, Agostinho Pereira – Tufões que Assolaram Macau. Ver em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/07/06/leitura-tufoes-que-assolaram-macau-i/