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È dada a estampa em Macau a obra de Diego Caldeira do Rego, Breve Relação do Estado da Cidade do Nome de Deos Reino da China do seu princípio até o anno de 1623. (Cfr. BARRETO, L. F., Macau: Poder e Saber … , p. 294). Data da “Breve Relação….” , escrita em Macau:

|Os portugueses| “|estiveram e contrataram com os chinas dezoito anos na ilha de Sanchoão, e doze em Lampacau, descobriram este porto de Amacao aonde por acharem mais comodidades, e melhores para seu trato e mercancia se foram deixando ficar esquecer nela ora uns, ora outros fazendo suas casas ao princípio de palha, e depois de taipa …”(In REGO, Diogo Caldeira do, Breve Relação do Estado da Cidade do Nome de Deos Reino da China do seu princípio até o anno de 1623, p. 606.)

Foi nesse ano de 1623 que o Imperador da China concede “privilégio de naturais da China” aos estrangeiros de Macau. Como chineses, deveriam pautar-se pelo código da etnia Han. Este “presente envenenado”, como lhe chama Jorge Flores em Os Jurubaças …,  não deixa dúvidas sobre o sentido da concessão da terra aos portugueses. Os línguas – Jurubaças – da embaixada de Tomé Pires à China foram executados e as mulheres vendidas como escravas. Não era conveniente manter vivos esses letrados conhecedores da burocracia chinesa e entretanto “aportuguesados” pelo convívio com os portugueses. A China evitou sempre que pôde a assimilação que resultava, para os seus naturais, da actividade de intérpretes. (Cfr. FLORES, Jorge M. , Actas …, p.109) (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia de História de Macau, Volume I, 2015, pp. 129, 130.)

27-11-1623 – O escrivão do Leal Senado, Diogo Caldeira do Rego informava: «Em número de oradores (Macau) he hoje hua das principais deste Oriente avendo nella mais de 400 portugueses casados entre os quais alguns fidalgos» (TEIXEIRA. Manuel – Os Macaenses, p.22)

Inserido numa das zonas mais típicas da parte histórica da cidade, o Largo do Lilau sofreu obras de beneficiação ao nível das fachadas dos edifícios e das calçadas, levadas a cabo pelos Serviços Técnicos Municipais do Leal Senado em colaboração com o Instituto Cultural de Macau (ICM). Um conjunto de cerimónias organizadas pelo Leal Senado, reunindo no local velhas famílias macaenses, animou o antigo bairro em Janeiro de 1996. Música e uma palestra do escritor Henrique de Senna Fernandes sobre a história e a lenda do Lilau assinalaram igualmente a devolução daquele espaço à cidade e à sua população.

Quem bebe água do Nilau / não mais esquece Macau/ Ou casa aqui em Macau/ou etão volta a Macau. Assim reza a lenda descrita nos versos populares, que nos dão conta de um sentimento comum a todos os macaenses: a saudade.

Nilau (em cantonense, Nei-lau) significa «corrente (de água) do monte. É o nome chinês primitivo (hoje pronunciado indevidamente Lilau) da colina da Penha. O culto da água, elemento e força fundamental da vida orgânica, princípio base do «fong-soi» ou geomancia, conferiu à Fonte do Nilau foros de mito.

O Largo do Lilau, zona privilegiada do património arquitectónico, histórico e cultural de Macau, integra o circuito pedonal das igrejas que passa pela Barra, junto ao Porto Interior, e terminou nas Ruínas de S. Paulo, o ex-libris do Território. A designação Largo do Lilau, em chinês Á Pó Chéang Cai Tei, foi decidida pelo Leal Senado na sessão ordinária de 1 de Setembro de 1995.

Extraído de “Leal Senado, Uma Experiência Municipal (1989-1997) ”, p.55

NOTA “Nas crónicas de S. Agostinho, lê-se: «Na cidade de Nome de Deos de Macao temos huma ermida consagrada a Nossa Senhora da Penha de França em hum dos montes da cidade, chamado Nilao, edificada pelo Padre Fr. Estevão de Vera Cruz, prior do convento da mesma cidade em o anno de 1623, em cuja fábrica muito trabalhou gastando do convento (alem das esmolas) trezentos, e tantos taéis de prata» in TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, 1997, p. 249

PEREIRA, A. Marques – Ephemerides Commemorativas …, 1868, pp. 78-79

“Francisco Lopes Carrasco tomou posse, como Ouvidor r Capitão de Terra de Macau, cargo necessário e urgente para defesa face aos ataques holandeses. Não se deu com o capitão-mor Lopo Sarmento de Carvalho e regressou a Goa em 1617. Veio depois D. Francisco de Mascarenhas (17 de Julho de 1623) mas, antes da sua chegada, já os jesuítas tinham alargado a cerca da sua propriedade e construído quatro baluartes da nova cidadela, no Monte. (1)

Quanto a Francisco Lopes Carrasco, por nada ter feito para as obras da fortificação da cidade e por serem muitas as queixas contra ele como Ouvidor, o Vice-Rei da Índia mandou que regressasse preso para Goa, tanto mais que foram muitos os excessos e as desordens por ele cometidos. Terá, apesar de tudo, devido à sua prática como militar em África e na Índia (era natural de Goa), contribuído para o projecto da Fortaleza de S. Paulo do Monte, juntamente com o Pe. Jerónimo Rho, S.J.”(2)

(1) PIRES, B. Videira – Taprobana…, p. 235

(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, p.119

Ver anteriores postagens: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/08/31/noticia-de-31-de-agosto-de-1616-governador-francisco-lopes-carrasco/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/02/10/leitura-a-fortaleza-do-monte/

No dia 26 de Maio de 1955, realizou-se no Salão Nobre do Leal Senado a 5.ª e última sessão cultural, promovida pelo Círculo Cultural de Macau, sob o alto patrocínio e orientação do Governador, Almirante Joaquim Marques Esparteiro. (1)

Foi conferente o oficial superior do Exército, Major Acácio Cabreira Henriques (2) que proferiu uma conferencia subordinada ao tema «Monumentos Nacionais existentes na Província de Macau»

Referente ao tema da sua conferência, na sua primeira parte: I- Monumentos Religiosos referiu o seguinte:

Postal da colecção “Ruínas de S. Paulo” (3)

“Nestes monumentos se encontram as melhores relíquias legadas pelos nossos antepassados e que são o verdadeiro testemunho dum povo que sempre tem vivido da crença e tradição religiosa”. Em primeiro lugar à maior e mais veneranda relíquia desta cidade do «Nome de Deus», as «Ruínas da Igreja da Madre de Deus (vulgo S. Paulo)», cuja história se encontra ligada à da Companhia de Jesus. Os primeiros jesuítas que aqui se estabeleceram foram os padres Francisco Peres e Manuel Teixeira que, acompanhados do irmão André Pinto, chegaram a Macau em 26 de Julho de 1562, os quais, ao que parece, foram encarregados se erigir o primeiro hospício e igreja fundados em 1565, junto da Ermida de Santo António, mas que um incêndio destruiu em 1594. Pensou.se então em construir uma nova igreja segundo um projecto de que foi autor um jesuíta genovês, o Beato Carlos Spínola, martirizado no Japão, em 10 de Setembro de 1623, sendo o projecto executado pelos cristãos japoneses refugiados em Macau. O projecto não incluía a fachada, pois esta foi baseada, talvez na fachada da igreja dos jesuítas, na Bélgica, e existente na cidade de Anvers.

Começada provavelmente em 1602, como o atesta uma lápide existente no cunhal da direita da fachada, esta nova igreja, cuja fachada foi completada em 1637, ficou com o título de Imaculada Conceição, conforme decretou em 1646 o Rei D. João IV. Da destruição do incêndio de 26 de Janeiro de 1835, apenas se salvou a fachada que ainda hoje representa o monumento de maior valor artístico da Província.” (4)

Postal da colecção “Ruínas de S. Paulo” (3)

Depois de uma breve descrição arquitectónica das actuais Ruínas, o orador afirmou:

“Pena é que a Igreja da Madre de Deus, um edifício de tanta grandiosidade, não seja reconstruído, dentro das suas primitivas linhas, para que a cidade contemple, de novo, o sumptuoso templo, levantado à honra da sua protectora, testemunho da ardente fé e devoção dos filhos de Macau. Felizmente, porém, a Providência tem servido de sentinela, velando pela conservação da fachada, a mais preciosa jóia da cidade do Nome de Deus», permitindo que há mais de três séculos venha resistindo às inúmeras tempestades, principalmente, aos tufões que têm assolado a cidade” (4)

(1) Esta conferência seria publicada integralmente pelas Edições “Circulo Cultural de Macau”, em 1956. HENRIQUES, Major Acácio Cabreira Henriques – Monumentos Nacionais Existentes na Província de Macau. Edições “Círculo Cultural de Macau”, 1956, 58 p. (23, 5 cm x17,3 cm). Ver em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2019/05/26/noticia-de-26-de-maio-de-1955-iii-ciclo-de-conferencias-culturais-monumentos-nacionais-existentes-na-provincia-de-macau/

(2) Em Macau, foi Comandante do Agrupamento Misto das Forças da Guarnição, chefe da secção de Justiça, Presidente da Comissão de Compras e Presidente do Conselho Administrativo do Comando Militar de Macau. Foi louvado quatro vezes pelos desempenhos das suas funções em Macau, como Chefe da Seção de Justiça, Presidente da Comissão de Compras e Presidente do Conselho Administrativo do Quartel General e ainda, pelas suas qualidades de bom senso, lealdade e camaradagem demonstradas nas inspecções por ele realizadas aos diversos materiais pertencentes ao Comando Militar da Província. https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/acacio-cabreira-henriques/

(3) Uma colecção de 6 postais com a temática “Ruínas de S. Paulo”, uma edição da Direcção dos Serviços de Turismo de Macau (para publicar em postagens posteriores)

(4) Informações do «MBI», ANO II, n.º 47, pp. 6-7

Carta ao Vice-Rei da Índia (1) encomendando-lhe que ordene ao Capitão da Cidade de Macau que lhe mande officiaes que possam em Goa fundir artilheria de ferro e ensinar a arte.

“Conde VRey amigo etc. Por não haver neste Reino officiaes, que saibaõ fundir arthelheria de ferro e pella informação, que há de que na China, e Japão há officiaes, que o sabem fazer, e juntamente pelouros de ferro coado, e que da China se trazem para a Índia, e se levaõ para Philipinas, e os olandezes se ajudaõ tbm della hauendoa de hua fetoria, que tem em Japaõ. Vos emcomendo ordeneis ao Capitaõ da Cidade de Macao, que nas pellas embarcaçõens, que para ahy uierem, vos mande officiaes sellariados, para fundem a de Bronze e me auizareis do que nisto se effectuar. Escrita em Lisboa a 15 de Abril de 1626. Dom Diogo da Silua, Diogo da Costa.” (2) (3)

(1) 22.º Vice rei da Índia, de 1622 a 1628 D. Francisco da Gama (Vidigueira). O Capitão-geral de Macau de 7 de julho de 1623 a 18 de Julho de 1626, era D. Francisco Mascarenhas (nomeado posteriormente Vice-Rei da Índia em 1628 mas não exerceu o cargo por ter arribado a Lisboa devido a tempestade). O Capitão-geral de Macau seguinte foi Filipe Novo, de 19 de Julho de 1626 a 1630.

(2) Arquivos de Macau AM-II-01-02 – 2.ª série Vol I. N.º 2 – Fev- Março de 1941 pp. 120

(3) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2021/03/27/noticia-de-27-de-marco-de-1626-o-direito-de-caldeirao-e-a-conservacao-do-colegio-de-s-paulo/

Luis de Pina (1) neste seu trabalho científico, (2) apresentado nas Sessões Científicas de Medicina do Porto no dia 21 de Janeiro de 1943, descreve por ordem alfabética, as localidades ultramarinas onde existiram hospitais portugueses nos séculos XVI e XVII.
Em relação a Macau e a Liampó, (p. 46)diz o seguinte:
Hospitais de Liampó (3)
Sôbre estes estabelecimentos, vid. Fernão Mendes Pinto, Peregrinação (ed. De 1930, VII, pág. 123). Eram dois hospitais e uma casa da Misericórdia, que dispendia, por ano, mais de trinta mil cruzados.
Hospitais de Macau
Havia Santa Casa da Misericórdia e hospitais de S. Lázaro e S. Rafael, fundados em 1569 por D. Belchior, S. J., o 1.º Bispo da China e do Japão (Domingos Tang, «Macau, ponto de irradiação do lusismo no Extrêmo- Oriente», em Actas do «Primeiro Congresso da História da Expansão Portuguesa no Mundo, 2.ª Secção, vol. II, Lisboa, 1938, págs. 297).(4)
A Misericórdia recebia o seu Compromisso, em 1627 (Arlindo Camilo Monteiro, ob. Cit., transcreve o diploma, que encontrou na Biblioteca da Ajuda – Colecção «Jesuítas na Ásia»)”
(1) Luís José de Pina Guimarães ou Luís de Pina (1901 – 1972) foi um médico, professor universitário e político português.
Concluiu na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra os estudos preparatórios médicos vindo a licenciar-se (1927) e depois a doutorar-se (1930) na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Nesta faculdade ocupou o lugar de assistente de Anatomia (1927), professor auxiliar de Medicina Legal, História da Medicina e Deontologia Criminal (1931) e de professor catedrático de História da Medicina e Deontologia Profissional (1944).
Para além da docência foi Procurador-vogal do Centro de Estudos Demográficos do Instituto Nacional de Estatística, vogal da Junta das Missões Geográficas e de Investigações Coloniais, vogal da Comissão Nacional de História das Ciências, Vice-presidente do Conselho Regional da Ordem dos Médicos (1942-1944), Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto (1953-1955), diretor do Instituto de Criminologia do Porto e foi também o primeiro diretor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (1961-1966).
Restante biografia em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_de_Pina
http://app.parlamento.pt/PublicacoesOnLine/OsProcuradoresdaCamaraCorporativa%5Chtml/pdf/g/guimaraes_luis_jose_de_pina.pdf”>http://app.parlamento.pt/PublicacoesOnLine/OsProcuradoresdaCamaraCorporativa%5Chtml/pdf/g/guimaraes_luis_jose_de_pina.pdf
https://sigarra.up.pt/up/pt/web_base.gera_pagina?P_pagina=1006676″>https://sigarra.up.pt/up/pt/web_base.gera_pagina?P_pagina=1006676
(2) PINA, Luiz de – Expansão Hospitalar Portuguesa Ultramarina Séculos XVI e XVII. Separata da Revista Brotéria, Vol. XXXVII, Fasc. 5, Novembro de 1943.
Lisboa, 1943, 60 p. + 8 p. estampas. , 22,5 cm x 16 cm.
(3) Na anotação do autor, no pé da página refere “Ou Ningpó, perto de Xangai (Cfr. Jaime do Inso, China, Lisboa, 1936, pág. 368),
Liampó ou Ningbo (寧波) é um porto com status administrativo. A cidade tem uma população de 2.201.000 e está localizado no nordeste da província de Zhejiang, na China. Situada a sul da Baía de Hangzhou, e de frente para o Mar da China Oriental, a leste, fronteiras Ningbo Shaoxing a oeste e ao sul Taizhou, e é separado Zhoushan por um corpo de água estreito.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ningbo
(4) Ver anteriores referências a este Bispo, D. Domingos Tang Yi Ming
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/d-domingos-tang-yi-ming/