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Faleceu, em Macau, no dia 3 de Maio de 1620. o célebre jesuíta napolitano Sabbatino de Ursis, (1) que, devido às suas engenhosas máquinas hidráulicas, soube captar a simpatia dos mandarins que, numa visita à igreja de S. Salvador, a designaram por T´in-Chu-T`óng, nome que, desde então, serviu para denominar, em chinês, todos os templos católicos. (2)

Foi expulso de Pequim em 1617 com o Pe. Diego de Pantoja, para Cantão, depois para Macau (1618). Introduziu na China a farmácia europeia e a destilação de essências. (3)

The 1612 book in Chinese on Western hydraulics, by Sabatino de Ursis. It describes a traditional European force pump.” (4)

(1) Sabatino de Ursis (1575–1620, 熊三拔; Xióng Sānbá), jesuIta italiano nascido em Lecce, Apulia, chegou em 1607 a Pequim (Beijing) para auxiliar Matteo Ricci nos estudos astronómicos. Trabalhou com Xú Guāngqĭ e Matteo Ricci na tradução para chinês dos “Elementos” de Euclides e com Ricci no primeiro atlas global chinês (Zhifang waiji). Sabatino de Ursis escreveu um livro em chinês sobre conhecimentos de hidráulica ocidental do século XVII. Ficou famoso por ter predito um eclipse, que não estava nas previsões dos astrónomos/adivinhos chineses, em 15 de Dezembro de 1619. (4)

(2) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.

(3) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, p. 122

(4) https://en.wikipedia.org/wiki/Sabatino_de_Ursis

PEREIRA, A. Marques – Ephemerides Commemorativas …, 1868, pp. 78-79

“Francisco Lopes Carrasco tomou posse, como Ouvidor r Capitão de Terra de Macau, cargo necessário e urgente para defesa face aos ataques holandeses. Não se deu com o capitão-mor Lopo Sarmento de Carvalho e regressou a Goa em 1617. Veio depois D. Francisco de Mascarenhas (17 de Julho de 1623) mas, antes da sua chegada, já os jesuítas tinham alargado a cerca da sua propriedade e construído quatro baluartes da nova cidadela, no Monte. (1)

Quanto a Francisco Lopes Carrasco, por nada ter feito para as obras da fortificação da cidade e por serem muitas as queixas contra ele como Ouvidor, o Vice-Rei da Índia mandou que regressasse preso para Goa, tanto mais que foram muitos os excessos e as desordens por ele cometidos. Terá, apesar de tudo, devido à sua prática como militar em África e na Índia (era natural de Goa), contribuído para o projecto da Fortaleza de S. Paulo do Monte, juntamente com o Pe. Jerónimo Rho, S.J.”(2)

(1) PIRES, B. Videira – Taprobana…, p. 235

(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, p.119

Ver anteriores postagens: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/08/31/noticia-de-31-de-agosto-de-1616-governador-francisco-lopes-carrasco/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/02/10/leitura-a-fortaleza-do-monte/

Consta que neste dia he o de S.mo João Baptista alcançou esta cidade a maior victória que se pode considerar pelas circunstâncias em que estava naqueles lastimosos tempos” (1)

Fortaleza do Monte – 1985
Foto de Tang Hin Hei

Esta fortaleza “Fortaleza de Nossa Senhora do Monte de S. Paulo) (2) teve um papel decisivo no repelir do ataque holandês de 24 de Junho de 1622, pois foi a sua artilharia que fez explodir as reservas invasoras quando desembarcaram na Praia de Cacilhas e já estavam “«muy cerca de la ermida de nuestra Senora del monte de S. Paulo» (3)
Foram três os tiros que partiram do Monte e o terceiro atingiu o “paiol” que os holandeses traziam.
Segundo Padre Teixeira, foram dois os padres jesuítas responsáveis por este feito. Os padres italianos Burri (depois aportuguesado para Bruno) e Giacomo (Jerónimo) Rho. (4)
“Sabemos que merecimentos teve o Padre Bruno. Ao outro caberia merecimento de ter apontado e disparado os canhões”. (1)

A TRADIÇÃO DO OVO DE S. JOÃO BAPTISTA
A propósito deste dia, vou falar de uma recordação de infância que partilho com a minha irmã. Neste dia de S. João Baptista, em conjunto com a minha mãe, costumavamos partir um ovo para dentro de um copo transparente e ao meio dia em ponto, pegávamos o copo e virando-o para o sol, tentávamos ver no ovo, a figura de S. João Baptista num barco (alegoria da chegada do Santo para salvar Macau). Embora nunca conseguíssemos ver essa figura, o costume mantinha-se anualmente.

(1) TEIXEIRA, P. Manuel – Os Militares em Macau, 1975, p. 211)
(2) Parece ter sido desenhada de acordo com os planos de Francisco Lopes Carrasco, um homem com grande experiência militar adquirida em África e na Índia que foi nomeado ouvidor e capitão de guerra, em Macau, mas caiu em desgraça devido às inúmeras queixas contra o seu comportamento e em poucos meses depois de tomar posse, terá partido para Goa em 1617. O melhoramento e aperfeiçoamento das muralhas, terá sido de D. Francisco Mascarenhas, com conclusão do quarto e último baluarte em 1626, data esta que aparece na pedra da fortaleza. (1)
GRAÇA, Jorge – Fortificações de Macau: Concepção e História. ICM, 1985.
(3) BOXER, C. R. – Boletim E. D. de Macau, Agosto, 1938  in (1)
(4) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/giacomo-rho/