Um pequeno artigo do Governador de Macau, António José Bernardes de Miranda, (1) a propósito da Exposição Colonial do Porto de 1934, (2) publicado na “Acção Colonial“(3)
(1) Anteriores referências a este governador:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/antonio-jose-bernardes-de-miranda/
(2) Anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/1-a-exposicao-colonial-portuguesa/
(3) «Acção Colonial», número comemorativo da Exposição Colonial do Porto, de 1 de Outubro de 1934. Director: Frederico Filipe
A 1.ª Exposição Colonial Portuguesa foi inaugurada em 16 de Junho de 1934, na cidade do Porto, no Palácio de Cristal (transformado em Palácio das Colónias) entre os dias 16 Junho a 30 de Setembro de 1934. (1).
Hoje apresento o livro:
O.IMPÉRIO.PORTUGUÊS NA. 1.ª EXPOSIÇÂO.COLONIAL.PORTUGUESA
ALBUM-CATÁLOGO (2)
No Pavilhão de Macau apresentava-se uma mostra de paisagens e curiosos aspectos da vida em Macau; uma constituição da música, actos religiosos e tradicionais, um pavilhão de chá, uma mostra de indústrias e outras de artes e literatura.
Na secção Instrução nas colónias (quarta secção à direita da nave central do Palácio de Cristal, por baixo da galeria), havia fotografias da sede e dos alunos do Liceu Nacional de Macau.
Também ficou em exposição, maquetas de embarcações usadas na navegação nos mares da China feitos na Capitania dos Portos e enviados pela Inspecção dos Serviços Económicos de Macau.
Na exposição industrial (galeria da direita da nave central do Palácio), na secção Pesca e conservas, estavam representadas de Macau, as seguintes empresas:
Kwong Me Chun & Co. – conservas de peixe;
Hip Cheong – conservas de peixe e frutas;
Sun Tack Loong C.ª Ld. – conservas de frutas
Sun Tack Loong Yuen Kee Co – conservas de frutas
Sun Tak Loong Canned Co. – conservas de frutas
Fook Tai Hing – molhos
Wing Sang – molhos
Une Xane – molhos
Tsu Chan – calda de tomate
Hin Kee – pastelaria; dôces
Na secção Óleos e sabões:
Hov King – sabões
Na secção Tabacos:
Sing Ping & Co – tabaco manipulado
James Tobaco Mig. Co – tabaco manipulado
Chan Sau Lan (Rua 5 d e Outubro) – manocas de tabaco, mostruário de tabaco manipulado
Soi Fong – tabacos
Tat Cheong – charutos
Chan Ian Lan . cigarros
Tam Mon Lau (embora erradamente atribuída a Timor, neste Catalogo) (sede estava na Avenida Almeida Ribeiro) – aparelho de cortar tabaco.
Na secção Produtos Químicos:
Leung Wing Hing – (Rua 5 de Outubro) Mostruário de pivetes
Chun Lun Hing (Rua Almirante Sérgio) – Mostruário de pivetes
Kuong Hing Tai – Mostruário de panchões
Kuong Yeen (Largo do Pagode do Bazar) – mostruário de panchões
Chan Tin Que – mostruário de fogos de artifício
Kwang Long Yuen – mostruário de fogos de artifício
Tai Cong (Avenida Almirante Lacerda) -mostruário de fósforos
Tung Hing ((Estrada Coelho do Amaral) – Mostruário de fósforos
Jorge & C.ª L.ª (Farmácia Moderna) – produtos farmacêuticos.
Na secção Metalurgia:
Metal Manufacturing Co. L.ª – Lanternas electricas
Na secção Artes gráficas:
Imprensa Nacional de Macau – livros
Na secção Indústria textil e de vestuário
The Tung Wearing & Dyéong Factory – Mostruário de tecidos de fabrico regional (riscados)
Tack Son & Co. (Rua dos Mercadores) -chapéus
Pou Joc Lau – tera chinês
Li Chen Tong (Rua da Erva) – rêdes
Na secção Peles e derivados:
Yan Yan – calçado
Dun Dun (Avenida Almeida Ribeiro – calçado
Si San (Beco dos Colaus) – calçado
Na secção Ceramica e vidros:
Chan Tin Quel – vidros; modelo de forno para derreter vidro
Na secção Produtos alimentares e de consumo
On Tai – farinhas
Cha Ian Lau – mostruário de chá
Xiao Sane – mostruário de chá
Yee Mow Tai – mostruário de chá
Hig Cheong – vinho chinez
Na secção Ourivesaria e Bijuteria
Veng Hap (Rua Camilo Pessanha) – objectos de cobre
Cong Cheong Seng (Rua da Terceira)- objectos de cobre
Na secção de Arte indígena (secção privativa, ao fundo da nave principal do Palácio)
Trabalhos artísticos em madeira, prata, tecidos e papel, confeccionados por naturais da colónia. Fotografias.
Na secção Etnografia (usos e costumes)
Documento Etnográfico do Governo da Colónia de Macau.
“A 1.ª Exposição Colonial Portuguesa dividia-se em duas grandes secções: A secção oficial e a outra dedicada as iniciativas privadas. A secção oficial dispunha de quinze sub-secções: A secção da História, de forma a referir a história colonial desde 1415; outra destinava-se a apresentar os empreendimentos coloniais portugueses dos últimos quarenta anos; representação etnográfica; a demonstração do exército; os monumentos; o parque zoológico; outra mostrava o teatro e cinema oficiais; outra a livraria colonial; uma secção destinada a provas de produtos coloniais; um salão de conferências e congressos; uma outra de assistência médica e sanitária aos nativos. …(…) …O edifício principal do Palácio de Cristal estava transformado no Palácio das Colónias. Na zona central, encontrava-se a exposição oficial, que incluía referências aos portos marítimos, caminhos-de-ferro, missões religiosas, aspectos relacionados as colónias, entre outros, e que pretendia dar uma maior visão sobre todos os benefícios que a colonização tinha levado aos territórios de além-mar. Na ala direita, estavam expostos os participantes privados vindos das colónias e, na ala esquerda, foram colocados os participantes privados vindos da metrópole. …(…) … O final da exposição marcou-se com o Cortejo Colonial que percorreu algumas ruas da cidade… (3)
(1) Referências anteriores a este tema:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/08/30/30-de-agosto-de-1934-dia-de-macau-e-a-1-a-exposicao-colonial-portuguesa/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/09/01/noticia-de-1-de-setembro-de-1934-dia-de-macau-na-exposicao-colonial/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/08/22/22-de-agosto-de-1849-assassinato-do-governador-ferreira-do-amaral/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/09/04/leitura-a-represen-tacao-de-macau-na-i-exposicao-colonial/
(2) O Império Português na 1.ª Exposição Colonial Portuguesa – Album-Catálogo Oficial. Direcção Literária de do Dr. Alberto Pinheiro Torres e Organização e Direcção Técnica de Mário Antunes Leitão. Tipografia Leitão (Porto), 457 p.
(3) Partes do trecho (recomendo a sua leitura integral) retirado do blog: Cromos da História: 1.ª Exposição Colonial Portuguesa em
http://1exposcaocolonial-porto1934.blogspot.pt/2009/03/1-exposicao-colonial-portuguesa-porto.html
Do jornal “Ultramar”, órgão oficial da I Exposição Colonial, de 15 de Agosto de 1934, n.º 14 , retirei a notícia referente a “A representação de Macau”
“Retiraram em 13 do corrente (13 de Agosto de 1934) para Marselha, de onde seguirão para Macau os nativos que constituíram a representação étnica de Macau – José Maria de Noronha, chefe; Chang-Hong, Lau-Lau, Ho-Heng. Chan-Cheong, Loi-Fu, Lon-Sap e Joel José Choi…”
O «Farol da Guia» “construído” no jardim do Palácio de Cristal
A 1.ª Exposição Colonial Portuguesa foi inaugurada em 16 de Junho de 1934, na cidade do Porto, no Palácio de Cristal. O regime sob a presidência de António Óscar Fragoso Carmona, pretendia tal como nas exposições congéneres doutros países coloniais, Marselha (1922), Antuérpia (1930) e Paris (1931) mostrar o seu vasto império pluricontinental e pluriétnico. Henrique Galvão (futuro dissidente do regime) foi então nomeado director técnico da exposição.
Ver anterior referência da 1.ª Exposição Colonial Portuguesa em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/08/30/30-de-agosto-de-1934-dia-de-macau-e-a-1-a-exposicao-colonial-portuguesa/
Do Jornal “ULTRAMAR” (órgão oficial da I Exposição Colonial) (1) retirei esta pequena notícia do dia 1 de Setembro de 1934, referente ao “Dia de Macau“.
A Gruta de Camões em Macau, que foi reproduzida nos jardins do Palácio de Cristal, onde se alizou a exposição.
Na mesma publicação mas em números anteriores, duas fotografias de Macau.
“Panorama de Macau” – a baía de Praia Grande vista da Colina da Penha.
“O Estádio de Macau” (2), futuro “Campo Desportivo 28 de Maio“
(1) Segundo outra fonte, o “Dia de Macau” foi realizado no dia 30 de Agosto de 1934. Ver anteriores referências a esta Exposição e o opúsculo que foi impresso a propósito da conferência do então chefe de Repartição do gabinete do Governo de Macau, Capitão Rogério Ferreira, referido no texto da notícia.
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/1-a-exposicao-colonial-portuguesa/
(2) Em 1934, o “Estádio de Macau” era um canídromo pois em 1932, “um grupo de chineses e americanos organizam em Macau a «Associação de Corridas de Cães de Macau» e fazem construir um canídromo, precursor do actual; a inauguração do espaço foi um acontecimento importante, a que não faltou o concurso de uma orquestra feminina, composta de 22 raparias americanas, com vistoso uniforme. Mas o preço das entradas, muito elevado para o nível médio de vida, não permitiu a manutenção do espectáculo que acabou em 1936. Em substituição das corridas de cães, o espaço do canídromo foi transformado em parque de diversões (ópera, acrobacia, jogo) assim se mantendo até cerca de 1940. Em 1940, o Governo de Macau transforma o espaço do canídromo no «Campo Desportivo 28 de Maio».”
(SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4.
Na 1.ª Exposição Colonial Portuguesa que se realizou em 1934 na cidade do Porto, o dia 30 de Agosto, foi dedicado ao “DIA DE MACAU“. O Capitão Rogério Ferreira proferiu uma conferência, nesse dia, no Palácio das Colónias intitulada “Os Portugueses na China e a fundação de Macau”. O Capitão Rogério Ferreira, foi chefe de Repartição do gabinete do Governo de Macau.
A conferência foi posteriormente reproduzida num pequeno opúsculo que apresento.
Foi publicada pelas «Edições da 1.ª Exposição Colonial Portuguesa – Pôrto – 1934». Tem 20 páginas e foi composto e impresso na Tipografia Leitão, de Anjos & C.ª, Limitada – R da Picaria, 73 – Telefone 5070 – Porto.(23 cm x 16 cm)
Do texto, retiro :
“…Quando, muitos anos mais tarde um violento incêndio destruiu o Seminário de S. Paulo, outro colégio semelhante foi estabelecido num lugar diferente da cidade. E tão grande era o prestígio e o respeito, quási supersticioso, que aos chinas inspirava o velho Colégio incendiado – do qual hoje só restam majestosas ruínas – que ao seu sucessor, o Seminário de S. José, ficaram chamando San-Pá-Chai – Filho de S. Paulo.
Foi lá que aprendeu as primeiras letras o heróico Marechal Gomes da Costa, no tempo em que seu pai foi Tenente-Quartel- Mestre em Macau; eu vi, em 1923, o velho cabo de guerra, escarnecido no serviço da Pátria e nos combates, atravessar, comovidíssimo, com os olhos marejados de lágrimas, por entre as alas admirativas dos rapazinhos que ali se educam, os sombrios corredores abobadados ponde, tantas vezes, havia passado, menino, sobraçando os seus livros de Macau… “
O Pavilhão Chinês no Stand de Macau na 1.ª Exposição Colonial Portuguesa no Porto apresentava paisagens e curiosos aspectos da vida em Macau; reconstituição da música, actos religiosos e tradicionais, um salão de chá, mostra de indústrias, artes, literatura. Já tinha havido feiras de amostras, no Ultramar (Macau, Angola e Moçambique), no Porto (1921 e 1923), no Estoril (1929) e uma Primeira Feira Industrial em Lisboa (1932) (1)
Para ocorrer às despesa com a sua representação na 1.ª Exposição Colonial, os governos coloniais foram autorizados a abrir no ano económico de 1933-1934 créditos que em relação a Macau foram 7.000 patacas, bem como foi permitida a importação temporária de mercadorias estrangeiras ou coloniais que se destinavam à Exposição (2)
“A 1.ª Exposição Colonial Portuguesa deu-se no Palácio de Cristal e nos seus jardins, no Porto, entre os dias 16 Junho a 30 de Setembro de 1934. Esta exposição teve em preparação desde 1931 pois o Estado Novo tinha como objectivo organizar um evento de dimensões nacionais. No meio de muitas dúvidas sobre o melhor lugar para decorrer esta exposição, chegou-se à conclusão que a melhor zona seria a do Palácio de Cristal, no Porto.
A exposição dividia-se em duas grandes secções: A secção oficial e a outra dedicada as iniciativas privadas. A secção oficial dispunha de quinze sub-secções: A secção da História, de forma a referir a história colonial desde 1415; outra destinava-se a apresentar os empreendimentos coloniais portugueses dos últimos quarenta anos; representação etnográfica; a demonstração do exército; os monumentos; o parque zoológico; outra mostrava o teatro e cinema oficiais; outra a livraria colonial; uma secção destinada a provas de produtos coloniais; um salão de conferências e congressos; uma outra de assistência médica e sanitária aos nativos. …(…) …O edifício principal do Palácio de Cristal estava transformado no Palácio das Colónias. Na zona central, encontrava-se a exposição oficial, que incluía referências aos portos marítimos, caminhos-de-ferro, missões religiosas, aspectos relacionados as colónias, entre outros, e que pretendia dar uma maior visão sobre todos os benefícios que a colonização tinha levado aos territórios de além-mar. Na ala direita, estavam expostos os participantes privados vindos das colónias e, na ala esquerda, foram colocados os participantes privados vindos da metrópole. …(…) … O final da exposição marcou-se com o Cortejo Colonial que percorreu algumas ruas da cidade… (3)
(1) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Século XX, Volume 4. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, Macau, 1997, 454 p, ISBN – 972-8091-11-7
(2) BO de 28 de Agosto de 1933.
http://www.dre.pt/pdf1s%5C1933%5C08%5C19400%5C15811581.pdf
(3) Partes do trecho (recomendo a sua leitura integral) retirado do blog: Cromos da História: 1.ª Exposição Colonial Portuguesa em
http://1exposcaocolonial-porto1934.blogspot.pt/2009/03/1-exposicao-colonial-portuguesa-porto.html
NOTA: Mais informações sobre a 1 .ª Exposição Colonial (e o impacto que teve no Porto), sugiro além do referenciado em (3) os seguintes:
http://doportoenaoso.blogspot.pt/2010/10/os-planos-para-o-porto-dos-almadas-aos.html
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2011/05/guine-6374-p8253-notas-de-leitura-237.html
http://macauantigo.blogspot.pt/2009/05/1-exposicao-colonial-portuguesa-1934.html
“Foi a memória dêste heróico Governador que a 1.ª Exposição Colonial Portuguesa – Pôrto 1934 – escolheu para singelamente homenagear em «O DIA DE MACAU»” (1)
E para “rememorar” este Capitão de Mar e Guerra, a 1.ª Exposição Colonial Portuguesa, editou um pequeno opúsculo, que apresento. (2)
“…….. Os mandarins não lhe perdoam.
Na sombra, premedita-se o crime e a traição e, na tarde de 22 de Agosto de 1849, quando Amaral passeava a cavalo nas imediações das portas da cidade, deteve-o um grupo de chino. Um dêles pretendia entregar-lhe um memorial. O Governador larga as redeas e estendeu, para o receber, o único braço que possuía.
Em vez do memorial, recebeu traiçoeiramente uma cutilada que o derrubou do cavalo.
O crime completou-se e os assassinos internaram-se a seguir no território chinês levando consigo a cabeça e o braço do heróico Governador, que , dois anos antes, em 1847, aludindo a falta de recursos da Colónia, numa extranha previsão escrevia:
“Eu respondo com a minha cabeça que hei-de cumprir e fazer cumprir tudo o que humanamente seja possivel e me seja ordenado pelo Governo, mas sem dinheiro e sem crédito é exigir mais do que pôde um homem de um braço só”
(1) “O DIA DE MACAU” foi comemorado no dia 30 de Agosto de 1934, durante a 1.ª Exposição Colonial Portuguesa, realizada no Porto. Sobre esta Exposição, tentarei abordá-lo no dia 30 de Agosto.
(2) S/nome do autor – Capitão de Mar e Guerra, João Maria Ferreira do Amaral, Governador de Macau – Abril de 1846 a Agosto de 1849. Edição da 1.ª Exposição Colonial Portuguesa, Litografia Nacional, Porto, 1934, 8 p. (25,6 cm x 20 cm)