Mais dois postais com fotos, mal datadas, de c. 1908, da colecção (10 postais), intitulada “MACAU ANTIGA, ETERNA” – fotografias das primeiras décadas do século XX – com legendas em três línguas, publicada pelo Instituto Cultural do Governo da R. A. E. M / Arquivo Histórico de Macau, em 2015. (1)
POSTAL – Jardim de S. Francisco c. 1908
POSTAL – Jardim de S. Francisco c. 1908 -verso
NOTA: Data errada, a mesma foto, foi publicada em postal pelo editor, M. Sternberg de Hong Kong e datada de “cerca de 1900”.
Recorda-se que o jardim de S. Francisco que fora murado em c. de 1860, constituindo um belíssimo campo de lazer, com três portões e uma porta pequena em frente do Convento de St. Clara, foi no ano de 1899, sujeito a um projecto de construção de um muro-cais na Praia Grande, defronte do Grémio Militar e do Jardim de S. Francisco , em 27 de Janeiro, e o aforamento do mesmo jardim em 7 de Setembro. O coreto do jardim onde a Banda Municipal dava concertos aos sábados, domingos e feriados, foi demolido em 1935. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume II, 2015 pp . 333-334)
LOUREIRO, João – Postais Antigos de Macau, 2.ª edição, 1997, p. 50
POSTAL – Ruínas de S. Paulo, c. 1908.
POSTAL – Ruínas de S. Paulo, c. 1908 – verso
NOTA: Data errada, a mesma foto, foi publicada em postal pelo editor, M. Sternberg de Hong Kong e datada de “cerca de 1900”
LOUREIRO, João – Postais Antigos de Macau, 2.ª edição, 1997, p. 82
Mais dois postais com fotos datadas de c. 1902, da colecção (10 postais), intitulada “MACAU ANTIGA, ETERNA” – fotografias das primeiras décadas do século XX – com legendas em três línguas, publicada pelo Instituto Cultural do Governo da R. A. E. M / Arquivo Histórico de Macau, em 2015. (1)
Postal – Hotel Boa Vista, c. 1902 (2)
Postal – Hotel Boa Vista, c. 1902, verso
NOTA: Data errada, a mesma foto, foi publicada em postal pela “Graça & Co”, de Hong Kong e datada “cerca de 1890”
Postal – Rua da Felicidade, c. 1902 (3)
NOTA – outra data errada e mal legendada, não se trata da Rua de Felicidade. Será provavelmente uma rua do Bairro Chinês (Bazar).
“É referida como sendo a Rua da Felicidade, mas é uma outra rua de Macau, que ainda não consegui saber qual seria. Rua da Felicidade é que não é por causa das varandas e de os edifícios terem dois andares.” (informação de R. Beltrão Coelho)
Postal – Rua da Felicidade, c. 1902, verso
Aliás esta foto, está também em postal, de “Graça & Co” de Hong Kong com indicação “Chinese town –Gambling Houses and Chinese Restaurants”, c. 1890.
LOUREIRO, João – Postais Antigos MACAU, 2.ª edição, 1997, p. 101
Os dois primeiros postais com fotos datadas de c. 1902, da colecção (10 postais), intitulada “MACAU ANTIGA, ETERNA” – fotografias das primeiras décadas do século – com legendas em três línguas, publicada pelo Instituto Cultural do Governo da R. A. E. M / Arquivo Histórico de Macau, em 2015.(1)
Vista panorâmica da Baía da Praia Grande, de c. 1902
NOTA. Esta mesma foto já tinha sido editada em postal por “Graça &Co” de Hong Kong, com indicação de c. 1890 (LOUREIRO, João – Postais Antigos Macau, 2.ª edição, 1997, p.26)
Postal – Vista panorâmica da Baía da Praia Grande, de c. 1902, verso
Colina da Penha vista do mar, c. 1902
Postal – Colina da Penha vista do mar, c. 1902, verso
NOTA ACTUALIZADA EM 09-11-2020: Numa recente troca de informações a propósito das fotos desta colecção, Rogério Beltrão Coelho, (a quem expresso o meu agradecimento pela ajuda que me prestou) autor e editor de excelentes álbuns, precursores na divulgação das fotos antigas de Macau (2), revela o seguinte: “Esta foto “Vista panorâmica da Baía da Praia Grande”, foi publicada no «Jornal Único», de 1898, em foto atribuída a Carlos Cabral. Eu próprio tenho afirmado ser assim, mas hoje tenho dúvidas se a fotos seriam mesmo do Carlos Cabral e julgo ter fundamento para duvidar”. Ver anterior postagem sobre o «Jornal Único” https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jornal-unico/
(2) Nomeadamente os que possuo: “Álbum Macau 1844-1974” (1989) – Fundação Oriente; “Macau Retalhos passado-presente-futuro” (1990) – Livros do Oriente; “Álbum Macau, sítios, gentes e vivências” (1990) (com Cecília Jorge) – Livros do Oriente; “Álbum Macau-3, sítios, gentes e vivências” (1993) (com Cecília Jorge) – Livros do Oriente. ; “Álbum Macau, memória da cidade” (texto de Cecília Jorge) – (2005) – Livros do Oriente
Mais uma colecção com 10 postais, intitulada “MACAU ANTIGA, ETERNA ” – fotografias da primeira década do século XX – com legendas em três línguas, publicada pelo Instituto Cultural do Governo da R. A. E. M / Arquivo Histórico de Macau, em 2015 (preço de venda, na altura, MOP 50.00)
Muitas das fotografias já foram publicadas neste blogue, de outras origens, e encontram-se difundidas na net.
INVÓLUCRO EXTERIOR DOBRÁVEL – cada lado: 21,8 cm x 15,3 cm x 0,4 cm
INVÓLUCRO EXTERIOR DOBRÁVEL – parte interna
Macau – Antiga, Eterna – “Na vária visão dos fotógrafos das primeiras décadas do século XX, os “ex-libris” e lugares míticos de Macau: a Baía da Praia Grande, as Ruínas de S. Paulo, o templo de A-Má, as portas do Cerco, a rua da Felicidade. Na voragem dos séculos a mesma vocação de intemporalidade, já agora consagrada património mundial. Na permanência o espírito dos lugares ontem como hoje, as gentes no culto da deusa A-Má, como o Largo do Senado centro cívico e sala de visitas de Macau.”
Todos os postais têm as seguintes dimensões: 20 cm x 14 cm. Os 10 postais datam dos anos: 1902 (4 postais); 1908 (2 postais); 1910 (1 postal); 1925 (1 postal); 1926 (1 postal) e 1927 (1 postal).
Em próximas postagens apresentarei dois postais de cada vez, dos mais antigos aos mais recentes.
No dia 25 de Junho de 1869, reuniram-se na baixa da serra da Guia, o Leal Senado e todas as corporações desta cidade, por convite do governador António Sérgio de Sousa. Este sítio é o lugar até onde chegaram as tropas holandesas que atacaram Macau em 1622, e está assinalado por duas colunas que ali se acham erigidas. A reunião teve por fim dar um caracter solene à inauguração dos trabalhos para a feitura de um largo naquele sítio, que se denominará Campo da Victoria, devendo ali ser colocado o monumento que o Senado mandou fazer na Europa. O governador dirigiu por esta ocasião algumas palavras no Leal Senado, alusivas ao heroico feito das nossas armas, que ali tivera lugar, medindo-se e marcando- se depois o terreno, e sendo por último inaugurados os trabalhos pelo governador e presidente do Leal Senado.
Extraído de «O Independente», I-44 de 2 de Julho de 1869, p. 387
Monumento do Campo da Victoria ou dos Arrependidos Sítio onde os holandeses foram vencidos em 24 de Junho de 1622 (Segundo uma foto do Dr. Albano de Macgalhães) TSYK. Série I. Vol I e II, 1899-1900 p. 87
Extraído de «BGM», IX- 29 de 21 de Junho de 1863, p. 115
Francisco António Volong era filho de Job Volong e de Inês Volong. “Bom cristão, gozava do privilégio de ter em sua casa oratório particular“. Francisco António Volong casou com Ana Rosa das Chagas, filha de Francisco das Chagas e de Paula das Chagas, de quem teve os seguintes filhos: 1. Francisco António que casou com Rosa Maria 2. Vicente de Paulo que casou com Maria Madalena 3. José Joaquim, nascido a 18-09-1853 o qual faleceu a 29-08-1971
Ana Rosa Volong, viúva de Francisco António Volong, faleceu a 16 de Maio de 1868, com 45 anos de idade. Seu filho Francisco António Volong, natural de Cantão, faleceu a 15-08-1873, com 22 anos de idade…. (…). Volong deu o nome a um bairro de Macau, sito em S. Lázaro. O bairro de Volong era uma aglomeração chiqueiro, um perigosíssimo foco de infecção….Outrora era um bambual… (TEIXEIRA, P Manuel – Toponímia de Macau, Volume II, 1997, pp.315-316)
1894 – A Horta de Volong, um dos focos de infecção nas epidemias da peste e cólera, é por sua vez expropriada por utilidade pública em 1894 e saneada; é o local com uma área de 200 hectares, limitado ao norte pela Estrada do Cemitério, ao sul pela Rua Ferreira do Amaral, a leste pela Estrada da Flora e a oeste pela Rua de S. Lázaro. Entregue, em 1897, ao Senado, depois de a Repartição de Obras Públicas ter ali procedido a importantes obras tais como a abertura das ruas, à construção da canalização de esgoto e até dos alicerces das casas particulares. O bairro contíguo de S. Lázaro que fora um dos focos de epidemia da peste, de 1896, é por seu turno, saneado em 1900. Uma vez saneado nunca mais ali entrou a peste. (TEIXEIRA, P Manuel, – Toponímia de Macau, Volume I, 1997, pp.468/469)
NOTA : A propósito dum artigo sobre a Catedral de Macau, a revista “Archivo Pittoresco” (n.º 35 de Fevereiro de 1858, p. 276) traz a seguinte informação sobre Francisco Volong:
Extraído do Capítulo VI (pp. 143-144) “Narrative of the Expedition of an American Squadron to the China Seas and Japan; Performer in the year 1952, 1953, 1954. Under the command of Comodore M. C. Perry, US Navy”. Edited 1956. (1),
CHINESE TEMPLE – MACAO
NOTA: A Baía do Bispo mencionada pelo Comodoro Perry é o sítio onde está actualmente o Ténis Civil. A Praia do Bispo que estava nessa zona era a chamada praia dos ingleses, pois era aí que nadavam os ingleses do Hotel Bela Vista
Pormenor da Planta da Península de Macau , 1889, de António Heitor (2)
Extraído do Capítulo VI (pp. 142-143) “Narrative of the Expedition of an American Squadron to the China Seas and Japan; Performer in the year 1952, 1953, 1954. Under the command of Comodore M. C. Perry, US Navy”. Edited 1956,. (1)
CAMOENS´ CAVE
CAMOENS´ CAVE REAR VIEW
Matthew Calbraith Perry (1794 – 1858) foi um militar norte-americano que serviu na Marinha dos Estados Unidos de 1809 até sua morte. Foi comandante, em 1837-40, do primeiro “Vapor” norte-americano o “Fulton”. Participou de várias guerras e conflitos, nomeadamente, a Guerra de 1812, a supressão do comércio dos escravos em África (1843) e a Guerra Mexicano-Americana (1846-48). Em 1852 já como Comodoro foi encarregue da missão naval ao Japão destinada a persuadir o imperador a reatar os laços comerciais com o ocidente. No comando de uma esquadra naval, ameaçou utilizar a força, exigindo falar com o imperador japonês mas o shogun Tokugawa Ieyoshi que era o homem das leis do Japão conseguiu persuadi-lo e no final, Perry concluiu que era melhor tentar um tratado com representantes Xogun e não com o imperador.
O Tratado de Kanagawa (神奈川条約) foi assinado entre o Comandante Matthew Calbraith Perry e o Japão no dia 31 de março de 1854. O tratado abriu os portos japoneses de Shimoda e Hakodate para o comércio americano, garantindo a segurança dos marinheiros dos Estados Unidos, e estabeleceu um consulado permanente. https://pt.wikipedia.org/wiki/Matthew_C._Perry
NOTA: Está disponível na net, para leitura, o artigo “Macau visto pelo Comodoro Peryy em 1854” da autoria do Padre Manuel Teixeira em: http://www.icm.gov.mo/rc/viewer/30007/1508
Hoje, 17-04-2020, o «Jornal Tribuna de Macau» noticia(1) que “O Corpo de Polícia de Segurança Pública encontrou uma réplica de canhão numa obra de canalização, no Porto Interior. A obra já foi suspensa. Funcionários dos Serviços de Alfândega, Instituto para os Assuntos Municipais e Instituto Cultural já estiveram no local para avaliar a situação.”
De Macau, informam-me que o “achado” foi localizado na Zona do Patane. O canhão estará relacionado com o Forte do Patane (também conhecido como Palanchica) ? E/ou às docas de embarcações que existiram nessa zona? (2)
Pormenor de Mapa de Macau Vista da Lapa de «Ou-Mun Ke- Leok, 1979» p.97
O forte estaria situado perto da Calçada da Palanchica, (3) na pequena elevação do Patane, junto à capela dedicada a Sto. António? (Igreja de N.S. do Amparo?) e tinha como “missão” proteger a cidade de uma invasão do Continente. Segundo Jorge Graça (4), o forte tinha “3 plataformas, cada qual provida de uma peça de artilharia. O acesso à esplanada superior era efectuado por meio de uma escada que a ligava com a de baixo. Estava ligado à fortaleza de S. Paulo (5) por uma secção da muralha Nordeste da cidade, na encosta ocidental da colina de S. Paulo e ao Porto Interior por outra secção desta muralha. Não é conhecida a data certa da sua construção, mas parece ser a mais antiga das fortificações do Macau primitivo. Estava provido com peças de artilharia retiradas dos barcos de comércio do Japão. Foi demolida juntamente com a muralha da cidade que ligava a fortaleza de S. Paulo ao Porto Interior em 1640 por exigência chinesa. “
Segundo Padre Teixeira, o chamado Forte da Palanchica sobre o montículo de Patane não tem História, “ porque os únicos documentos que encontrou sobre Patane: ambos afirmam que se construiu um muro que ia desde S. Paulo a Patane e se tentou construir um forte neste lugar, mas gorou-se esta tentativa devido à oposição chinesa.”(6) Esta também foi a opinião do historiador Ljungstedt: (7) «Parece que em 1925 se tentou construir um forte num lugar chamado Patane a fim de ligá-lo por meio duma cortina com o Monte. Mas os chinas fizeram um tal resistência que se abandonou a obra, e a cortina mudou-se em muro do Jardim, que se estende até um braço do Porto Interior»
Era nessa zona designada por Patane ou Chão do Campo dos Patanes ou Campos de Patane que “corria um importante veio de água potável (Ribeira do Patane), suficiente não só para dessedentar a povoação mas ainda para o fornecimento da aguada aos juncos e mais barcos de cabotagem que já concorriam ao porto. Era por isso a zona que servia não só para abrigo e aguada, mas também servia de doca para reparação das naus da carreira do Japão, ou naus da prata, enquanto aguardavam a monção para prosseguir viagem.A Ribeira do Patane veio com o andar do tempo, após o inquinamento completo das suas águas pelas várzeas que o foram marginando, a converter-se num colector de esgoto que ainda não há muitos anos se via a descoberto e que era conhecido pelo canal de San Kiu” (6)
Planta de Macau, anónimo, Pedro Barreto de Resende no Livro das Plantas de Todas as Fortalezas, Cidade e Povoações do Estado da Índia Oriental de António Bocarro, c 1635
(4) GRAÇA, Jorge – Fortificações de Macau, Concepção e História. ICM, 1985, p.99
(5) “D. Francisco Mascarenhas, governador de Macau (1623-1626) mandou construir uma muralha de 500 barças, que se estendia desde a Fortaleza de S. Paulo ao Patane. Os Chineses objectavam que, estando esta muralha voltada para a China, era contra eles que se dirigia e não contra os inimigos de fora, e, por isso, exigiram a sua demolição. Mascarenhas opôs-se, mas o Senado cedeu às exigências chinesas e revoltou-se contra o governador em Outubro de 1624 e demoliu essas 500 barças de muro em Março de 1625. D. Francisco Mascarenhas, para evitar efusão de sangue, engoliu em seco esta amarga pílula” (6)
(6) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I. ICM, 1997, pp. 36-37
“O Porto Interior é formado por um braço do rio Sikiang. As províncias de Kuang-tung e Kuang-si, ou seja, os dois Kuangs são cortados em três sentidos por três rios – o Sikiang (Rio do Oeste), o Pehkiang (Rio do Norte) e o Chukiang (Rio do Este ou das Pérolas –Rio de Cantão)
O Sikiang e Pehkiang fundem-se num só ao chegarem a Sam-chui; é este que, com o nome de Sikiang, vai descendo numa linha tortuosa, recebendo afluentes e ramificando-se em numerosos braços até Mo-to, numa extensão de 57 milhas. Percorre ainda aproximadamente 9 milhas até ao Broadway, desviando-se para Macau pelo canal de Malau Chau; é um braço desse rio que forma o Porto Interior de Macau que mede duas milhas de comprimento da entrada da Barra até à Ilha Verde, medindo na sua maior largura uma milha e um quarto e meia milha na menor. A leste, Macau é limitado pelas águas do delta do rio Chu Kiang” (1)
24-02-1868 – Em Macau, nesta data, o aterro do rio, para o lado da Barra, achava-se já unido ao aterro do Pagode chinez, de modo que as povoações da Barra e Patane ficaram em comunicação pela estrada marginal (2). Miguel Aires da Silva concessionário das obras do cais e aterro, foi o homem que se abalançou à terragem da marginal do Porto Interior, ficando as obras concluídas em 4 de Março de 1881. (1)
(1) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, 1997.
(2) «Boletim da Província de Macau e Timor», XIV-8 de 24-02-1868.