“Slide”digitalizado da colecção “MACAU COLOR SLIDES KODAK EASTMAN COLOR” comprado em finais da década de 60 ou princípio de 70 (séculoXX), se não me engano, na Foto Princesa (1) Foi inaugurada a 16 de Setembro de 1954, em Macau, no então recente aterro da Praia Grande, em frente do antigo Palácio das Repartições Públicas o pedestal e a estátua que foi feita em pedra liós, da autoria do escultor Euclides Vaz, ao primeiro português que veio à China, Jorge Álvares. (2) (3)
O Engenheiro José dos Santos Baptista, Chefe da Repartição Técnica da Obras Públicas discursou, tendo salientado:
“ … após abertura do concurso promulgado pelo Ministro do Ultramar , o júri do concurso classificou , em primeiro lugar, o trabalho do escultor Euclides Vaz, a quem, em Setembro de 1953 , foi feita a adjudicação da obra. Em Maio deste ano (1954) chegaram a Macau, no paquete «Índia», todas as peças do monumento.
Elaborado o projecto da sua localização e montagem pela Repartição Técnica das Obras Públicas, é a respectiva execução posta a concurso e, depois, adjudicada ao empreiteiro Vá San. A montagem foi iniciada em fins de Julho e ficou concluída em fins de Agosto…. (…) “
Falou de seguida, o Presidente do Leal Senado, António de Magalhães Coutinho, que traçou resumidamente a biografia de Jorge Àlvares.
Finalmente o Governador, Almirante Joaquim Marques Esparteiro usou da palavra, enaltecendo profundamente o acto. Saliento uma pequena passagem:
“A viagem de Jorge Álvares e a documentação que lhe confirma o lugar de pioneiro nos contactos do Ocidente com o Imperio Celeste não foram completamente esclarecidos senão há cerca de 20 anos, conservando-se o seu nome injustamente esquecido durante mais de quatro séculos. Diversas causas para tal contribuíram, salientando-se dentre elas os terramotos de Janeiro de 1531 e de Novembro de 1755 que destruíram boa parte dos arquivos de Lisboa sobre os nossos feitos na ìndia e terras do Oriente e que dificultaram consequentemente trabalho de estudiosos e investigadores.
Por sua vez, o autor Ljungstedt, que escreveu o «Esboço histórico dos Estabelecimentos Portugueses na China» – obra editada em Boston em 1836 – prestou-nos muito mau serviço pelos erros e incorrecções que deixou escrito a nosso respeito que infelizmente fizeram escola por esse mundo fora. Segundo Ljungstedt fora o português Rafael Perestrelo quem primeiramente tinha chegado à China embora se saiba que só aqui esteve pelo menos um ano mais tarde… (…)”
Findo os discursos, a esposa do Governador, D. Laurinda Marques Esparteiro puxou o laço que prendia a Bandeira Nacional descerrando assim a estátua de Jorge Álvares.
Numa das faces de pedestal estão gravadas a profecia que sobre Jorge Álvares nos deixou o cronista João de Barros:
«E peró que aquela região de idolatria coma o seu corpo, pois por honra de sua pátria em os fins da terra pôs aquele padrão e seu descobrimento, não comerá a memória da sua sepultura, enquanto esta nossa escritura durara»
Recorda-se que em 1513, Jorge Álvares que largara algum tempo antes de Malaca num junco tendo a bordo o seu filho, aportava ao largo da barra do Rio cantão e lançava ferro no ancoradouro da Ilha de Tamão (Jack Braga identificou-a como a Ilha de Lintin) que nessa época era o centro de todo o comércio da China com o exterior.
Faleceu na Ilha de Tamão na sua quarta viagem para estas paragens, tendo desembarcado em Cantão onde ficou pouco tempo, no regresso à Ilha de Tamão faleceu, a 8 de Julho de m 1521, oito anos depois de ali ter aportado, ficando ali sepultado junto do padrão que ele havia levantado e ao lado do filho que aí falecera em 1513.
NOTA: A cerimónia da inauguração da estátua Jorge Álvares foi filmada por uma equipa técnica da empresa cinematográfica «Eurásia Filmes, Limitada» (4) sob a direcção de Eurico Ferreira para um documentário, que não sei se foi exibido mas que se perdeu a cópia.
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/foto-princesa/
(2) «MACAU Boletim Informativo», Ano II, n.º 28 de 30-09-1954.
(3) Ver referências anteriores a este navegador, nomeadamente à inauguração da estátua:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jorge-alvares/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/estatua-de-jorge-alvares/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/06/22/leitura-caminhos-do-futuro-dos-horizontes-da-nacao-ii/
(4) Ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/11/23/noticias-23-11-1955-caminhos-longos-uma-iniciativa-arrojada-da-eurasia-filmes/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/09/03/filme-caminhos-longos-de-1955-artistas-chineses-de-cinema/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/05/07/noticia-filme-caminhos-longos/
A propósito do filme «Caminhos Longos» que abordei em anteriores postagens (1) (2) , encontrei outra notícia relacionada com este filme no BGU (3)
“Caminhos Longos” (1955), drama, 105 minutos, produção da «Eurásia Filmes», realização e argumento de Eurico Ferreira com Chung Ching, Wong How, Irene Matos, José Pedro, Joaquim Rufino e Lola Young. Estreado no Teatro Vitória no dia 23 de Novembro de 1955.
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/11/23/noticias-23-11-1955-caminhos-longos-uma-iniciativa-arrojada-da-eurasia-filmes/
(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/05/07/noticia-filme-caminhos-longos/
(3) «BGU» XXXI- 1955.
A atriz francesa Jeanne Moreau, (1) faleceu no dia 31 de Julho de 2017. Actriz em mais de 130 filmes, muitos deles inesquecíveis: “Ascenseur pour l’Échafaud” (1958) e “Les Amants” (1958) de Louis Malle; “Les quatre cents coups” (1959) e “Jules et Jim” (1962) de François Truffaut); “Eva” (1962) de Joseph Losey; “Le journal d’une femme de chambre” (1964) de Luis Buñuel; “Faltaff – Chimes at Midnight “ (1965) de Orson Welles; “Querelle” (1982) de R. W. Fassbinder; entre muitos outros.
Recordo-a na participação do filme com referências a Macau (embora não filmado em Macau) de Orson Welles de 1968, “História Imortal” (” The Immortal Story”) (2)
Embora não seja uma das suas melhores interpretações, recordo-a aqui com o folheto de cinema do Teatro Nam Van, um dos seus filmes de 1965, “Viva Maria”, uma comédia de produção norte americana, filmado na quase totalidade no México, ao lado de Brigitte Bardot e George Hamilton, e dirigido por Louis Malle. (3)
O filme estreou-se neste Teatro “a começar em 1 de Julho de 1966” (espectáculo para maiores de 17 anos).
Brigitte Bardot e Jeanne Moreau, duas actrizes mais populares do cinema francês numa cena de “Viva Maria”, uma paródia numa revolução mexicana.
Verso do folheto publicitando o próximo filme
(1) Jeanne Moreau (1928-2017)
O seu penúltimo trabalho no cinema foi com Manoel de Oliveira, no papel de Candidinha em “O Gebo e a Sombra” (2012).
(2) “The Immortal Story“, filme (média metragem- 58 minutos) francês (Une histoire immortelle) de 1968, dirigido por Orson Welles (o mais curto filem dirigido por Welles) feito originalmente para a televisão francesa, a partir de um conto da escritora dinamarquesa Isak Dinesen (Karen Blixen), com argumento do próprio Orson Welles e de Louise de Vilmorin, posteriormente distribuído em cinemas. Welles interpreta o misterioso e rico comerciante Charles Clay, que no final da sua vida, na colónia portuguesa de Macau no século XIX, (no conto da autora Isak Dinesen, localizava o rico comerciante em Cantão) decide tornar realidade uma lenda de marinheiros, um homem que paga cinco guinéus a um marinheiro para passar uma noite com a sua jovem esposa para lhe dar um herdeiro. Assim Charles Clay que não tem herdeiros para a sua fortuna, com a ajuda do seu único funcionário/escriturário, o polaco imigrante chamado Levinsky procura no cais um marinheiro que aceite uma generosa oferta para passar a noite, com Virginie (Jeanne Moreau), amante doutro colega escriturário (um acordo de 300 moedas) para concretizar a lenda.
Cena do filme “The Immortal Story”
Ver anterior referência em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/09/05/leitura-macau-cinemateca-portuguesa/
(3) Jeanne Moreau ganhou o prémio BAFTA de melhor actriz estrangeira, na categoria comédia, por este filme.
Trailers do filme “Viva Maria”
https://www.youtube.com/watch?v=QNSSu3vLEas
https://www.youtube.com/watch?v=vZJl2y5ilDk
https://www.dailymotion.com/video/xywp5g
A propósito do filme «Caminhos Longos» (1), publicado no post (2), encontrei esta foto nas “Imagens de Macau” inserida no Boletim Geral do Ultramar, de 1954, com a seguinte legenda:
“Os principais artistas portugueses e chineses do filme que começou a ser rodado em Macau « Caminhos longos»”
NOTA: os artistas na foto são: Irene Matos, Wong How, José Pedro e Chung Ching.
(1) “Caminhos Longos” (1955), drama, 105 minutos, realização de Eurico Ferreira (e argumentista) com Chung Ching, Wong How, Irene Matos, José Pedro, Joaquim Rufino e Lola Young.
(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/11/23/noticias-23-11-1955-caminhos-longos-uma-iniciativa-arrojada-da-eurasia-filmes/
UM ASPECTO DA FACHADA DO TEATRO VITÓRIA NA NOITE DE ESTREIA DO FILME «CAMINHOS LONGOS»
“A Eurásia Filmes, Limitada“, (1) novel empresa cinematográfica, constituída há pouco mais de um ano, promoveu, no dia 23 de Novembro findo (1955) a estreia da sua primeira produção de longa metragem, «Caminhos Longos», (2) em sessão especial no Teatro «Vitória», a que assistiram Sua Ex.ª o Governador da Província, Almirante Joaquim Marques Esparteiro, e a sua Ex.ma esposa, Sr.ª Dr.ª D.ª Laurinda Marques Esparteiro, bem como numerosas entidades e individualidades convidadas…(…) O filme continuou em exibição no mesmo cine-teatro, nos três dias seguintes, com a casa sempre cheia…..(…)
IRENE MATOS, A JOVEM ESTREANTE DE «CAMINHOS LONGOS», OFERECE UM LINDO RAMO DE FLORES À EXMA. SRA. DRA. D. LAURINDA MARQUES ESPARTEIRO
Ao mesmo tempo que se abalançou a traçar na tela uma história, que mais não é do que uma das muitas facetas da vida desta terra, a Eurásia Filmes não se esqueceu de reproduzir também Macau, focando na mesma tela os inúmeros recantos de beleza e as lindas paisagens com que a Natureza dotou esta cidade.
O público teve, assim, ocasião de ver Macau na tela, de admirar quão linda ela é e quanto de sedutor tem o conjunto quiçá incomparável das suas belezas.
UM ASPECTO DA GALERIA DO TEATRO VITÓRIA NA NOITE DE ESTREIA, VENDO-SE NA PRIMEIRA FILA, SUA. EXA. O GOVERNADOR DA PROVÍNCIA E OUTRAS INDIVIDUALIDADES COMO PEDRO JOSÉ LOBO e JOSÉ SILVEIRA MACHADO.
A sessão de estreia do filme teve a honra da presença de Sua Ex.ª o Governador, Almirante Joaquim Marques Esparteiro, a quem Silveira Machado,(3) produtor do filme, dirigiu as primeiras palavras, de saudação e agradecimento, momentos antes da passagem da película…(…)
Outro nome proferiu ainda Silveira Machado: o do Sr. Dr. Pedro José Lobo (4) « alma grande de artista, espírito de iniciativas arrojadas, inteligência privilegiada e desempoeirada»… (5)
NOTA: Infelizmente não há nenhuma cópia deste filme.
Sobre o filme “Caminhos Longos”, poderá consultar:
“As minhas memórias” de Eurico Ferreira em
http://bloomland.blogspot.pt/2007/07/as-minhas-memorias_22.html e
http://macauantigo.blogspot.pt/2009/05/caminhos-longos-1955.html
(1) Sobre a “Eurásia Filmes Limitada“, ver anterior post:
“https://nenotavaiconta.wordpress.com/category/filmes/”>https://nenotavaiconta.wordpress.com/category/filmes/
(2) “Caminhos Longos” (1955), drama, 105 minutos, realização de Eurico Ferreira (e argumenstista) com Chung Ching, Wong How, Irene Matos, José Pedro, Joaquim Rufino e Lola Young
(3) José Silveira Machado foi o produtor e co- argumentista do filme
(4) Pedro José Lobo consta como “Film Editing” do filme (IMDB)
(5) Retirado do artigo não assinado do Boletim «MACAU»III-56, 1955.
“Macau – Operação Estupefacientes” foi “filmado inteiramente na Província de Macau” por Miguel Spiguel, em 1965. O filme tem a duração de cerca de uma hora e contém 3 curtas metragens(histórias verídicas) sobre a actividade da Polícia Judiciária do território, visando sobretudo dar a conhecer o combate ao tráfico de estupefacientes. (1)
.
“Como curiosidades desta produção ficaram imagens das ruas e da sociedade de Macau dos anos 60, de movimentadas perseguições de polícias de táxi a perigosos narcotraficantes…de bicicleta, de estonteantes fugas a toda a velocidade nas águas da Ilha Verde… de sampana e a nado.
Ficaram ainda registadas em imagem as primeiras instalações da Polícia Judiciária (hoje inexistente), e as interpretações dos personagens do filme, agentes da PJ na vida real e actores de ocasião, a quem o produtor e realizador Miguel Spiguel recorreu para emprestar uma maior autenticidade à sua película” (2)
(1) A Escola de Polícia Judiciária de Macau adquiriu uma cópia deste documentário em 1993, constituindo por isso, um testemunho histórico do seu Centro de Documentação.
(2) Polícia Judiciária de Macau no cinema in Revista de Investigação Criminal e Justiça, n.º 2, 1995, p.33
Este é o catálogo (1) dum ciclo de cinema, filmes relacionados com Macau e Hong Kong, organizado e apresentado em Abril de 1991, na Cinemateca Portuguesa (Lisboa).
O catálogo referente a Macau (temática Macau já que alguns, não foram filmados em Macau), tem uma introdução de Luís de Pina (2) “Macau: em busca do retrato perdido”
Foram apresentados os seguintes filmes:
“Macao. l´enfer du jeu” (Labaredas) de 1939, realizado por Jean Delannoy. (3)
Preto e branco, falado em francês, 90 minutos de duração.
“Macao“, de 1952, realizado por Josef von Sternberg e Nicholas Ray (não creditado).
Duração 80 minutos, (inédito comercialmente em Portugal onde, à época foi proibido pela Censura em Portugal)
“Macau, Cidade do Santo Nome de Deus“, de 1952, realizado por Ricardo Malheiro. Documentário, preto e branco, falado em português, 12 minutos de duração.
“Love is a many splendored thing” (A Colina da Saudade), de 1955, realizado por Henry King. Duração: 102 minutos.
“Macau, jóia do oriente“, de 1957, realizado e produzido por Miguel Spiguel.
Documentário, preto e branco, duração de 14 minutos.
“Ferry to Hong Kong” (Passagem para Hong Kong), de 1959, realizado por Lewis Gilbert. Duração: 113 minutos.
“Macau”, de 1960, realizado por Miguel Spiguel, com produção da Agência-Geral do Ultramar. Documentário, cor, falado em português, 10 minutos de duração, com locução de Fernando Pessa.
“Operação Estupefacientes“, de 1966, realizado e produzido por Miguel Spiguel. Duração: 55 minutos, cor, falado em português.
“Via Macau“, de 1966 realizado por Jean Leduc, 85 minutos, eastmancolor.
“Histoire Immortelle” (Uma história imortal) de 1968 por Orson Welles, 60 minutos, cor, falado em inglês.
“Macau, Portugal na China“, de 1974, realizado por António Lopes Ribeiro, 15 minutos, cor, falado em português.
“A ilha dos amores”, de 1978-82 realizado por Paulo Rocha, 171 minutos, cor, falado em português.
Rodado parcialmente em Macau e no Japão.
“A ilha de Moraes”, de 1984 realizado por Paulo Rocha, documentário 100 minutos – inédito comercialmente em Portugal na altura do ciclo.
“Macao, oder die ruckseite des meeres” (Macau – ou do outro lado do mar), de 1988, realizado por Clemens Klopfenstein, 90 minutos, inédito comercialmente em Portugal.
(1) Macau no Cinema/Cinema de Hong Kong. Cinemateca Portuguesa, 1.ª edição, Abril de 1974, 74 p. (23,5 cm x 13 cm)
(2) Luís de Pina foi director da Cinemateca Portuguesa de 1982 a 1991.
(3) Ver anterior post: “LEITURA – MACAO, ENFER DU JEU”
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/05/23/leitura-macao-enfer-du-jeu/
NOTA: Outros documentários realizados por Miguel Spiguel, em Macau:
“Macau de Hoje” (1971), documentário, 10 minutos, português, cor.
“No Extremo Oriente Português” (1960), documentário, 11 minutos, cor.