“É uma pequena cidade sem muralhas e sem fortalezas, com umas poucas casas de portugueses, sendo chamada Cidade do Nome de Deus; e se bem é ilha adjacente, à China, contudo é governada por um Capitão Português que vai lá de Goa todos os anos com patente e provisões reais da Coroa de Portugal, para administrar a justiça aos portugueses que moram ali.
Quer, como prémio por este serviço, quer para o recompensar por outros serviços prestados na Índia, em matéria de guerra, à Majestade Católica, é concedido a esse capitão o privilégio de ele só, e não outros durante aquele ano, aprontar uma nau para ir ao Japão, transportando as mercadorias que os habitantes da cidade lá mandam, as quais são compradas duas vezes ao ano, na cidade de Cantão, onde se fazem as feiras. Estas mercadorias são transportadas à Índia oriental no mês de Setembro e Outubro, e ao Japão no mês de Abril e Maio: estas últimas são principalmente seda crua, da qual se transportam em cada viagem setenta e oitenta mil libras de vinte onças cada uma, que eles chamam «cates». Também transportam para lá grande quantidade de drapejamentos diversos e muito chumbo, valendo três escudos cada cem libras; e ainda prata pura e zarcão e grande quantidade de almíscar com as suas vesículas, tudo o que se consome nestas partes entre estes povos.”
Retirado de “Segundo Arrazoamento da Índia Oriental” (pp. 9-10) in TEIXEIRA, P. Manuel – Macau através dos séculos. Macau, Imprensa Nacional, 1977, 87p..
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