Já não se ouve hoje em dia, mas em pequeno, ainda ouvia os mais velhos a empregar estes termos maquistas:

FERÁ CÁM com o sentido “pregar calote” (1) (2)

FERÁ – enrascar; pregar

CÁM – cão. Significa também calote. Cám-china: cão que ladra mas não morde; cobarde. (o cão chinês, normalmente, ladra muito mas foge quando se aproximam dele). Ferá cám: pregar calote. (1)

BAGATE

Bagate – fascinação; encanto; coisa que enfeitiça (1)

Bagate – mal provocado por mando de alguém, por via duma mulher de virtude que serve de intermediária”; (bagata s. f. do hindust.; bagata – feitiço, bruxaria” e bagata s. m. – homem que tem trato como demónio) (3)

Bagateá – enfeitiçar; sujeitar à acção do feitiço ou de certo chá que se dá a beber, para cativar (1)

“Perguntando-se a qualquer senhora macaense o que é bagate, com santo respeito, no caso de serem idosas, dirão que é um “mal provocado por mando de alguém, por via duma mulher de virtude que serve de intermediária”. Esta mulher é a man héong pó (問香) – feiticeira; ou algumas pai san pó(拜神婆) – simples benzedeiras. O bagate é muito temido porque só pode ser anulado por práticas da mesma pessoa que o desencadeou ou de outra com mais poder. As senhoras portuguesas de Macau, mesmo de famílias de elevado nível social, acreditam no bagate e temem esta forma de fazer mal, que pode provocar doenças e outras infelicidades aos inimigos ou pessoas que se invejam ou caíram em desagrado.” (3)

(1) FERREIRA, José dos Santos – Macau Sã Assi, 1967/68, p. https://nenotavaiconta.wordpress.com/2020/06/21/leitura-macau-sa-assi/

(2) Dívida que não foi paga por falta de vontade ou por má-fé. (do francês culotte – perda importante no jogo ou nos negócios. (https://dicionario.priberam.org/calote).

(3) AMARO, Ana Maria – Bagate, RC n.º 11/12 de 1990, p. 99-110.

問香mandarim pīnyīn – wèn xiāng pó; cantonense jyutping: man6 hoeng1 po4

拜神婆mandarim pīnyīn – bài shēn pó; cantonense jyutping: baai1 san1 po4