Antigamente, o balichão, 鹹蝦醬 (1) pasta de camarão salgado (ingrediente/condimento da cozinha cantonense) era abundantemente produzida nas águas costeiras de Macau, pois era muito utilizado quer pelos chineses na sua culinária quer pelos macaenses que incorporaram-no na sua cozinha e consideram-no «coisa de Macau»
“O balechão é um tempero ou um acompanhamento para certos pratos. É feito de camarões pequenos, sal, e ingredientes picantes. Guarda-se como uma conserva e vai-se utilizando em pequenas porções que se juntam aos refogados para tempero ou se passam na frigideira para acompanhamento. O nome deve ser de proveniência malaia e aprendido pelos chineses através da culinária macaense . As donas de cada macaenses, que o prepavam para consumo da família diziam que «balechão china é muito ordinário»” (2)
NOTA 1 – BALICHÁM – condimento salgado preparado com camarões muito pequenos, secos; muito importante em muitos pratos macaenses (3). Neste livro regista ainda o termo. «Bicho-balichám» como pessoa irrequieta.
NOTA 2 – BALCHÃO (prato goês) é o termo registado por Sebastião R. Dalgado, (4), mas conforme referência que extrai do “Ta-Ssi-Yang-Kuo” de 1990, em Macau, o termo usual é BALICHÃO.



NOTA 3 – O nome está na toponímia de Macau nomeadamente a «Travessa do Balichão – 鹹蝦巷» situada no centro da povoação de Coloane, perto do Parque Eanes, entre a Avenida 5 de Outubro e a Rua dos Negociantes.
鹹蝦巷 – mandarim pīnyīn: xián xiā hàng; cantonense jyutping: haam4 haa1 hong6
NOTA 4 – Dum texto em patuá de 23-11-2013 do saudoso Carlos Coelho publicado em (5):
“Tõma caldo di Tong-Kuá cô rábo di pêxe, hám-sun-chõi chau-chau sun-keong, kiu-tou cô chá-siu, chau-nap-nap cô chõi-pou, fã-sang, margôso-minchi cô bálichãm máquista, pêxe.cucûz cô sutate, cebolinha china. Sabroso rufã cô arroz branco. Rufã qui nádi pódi pára. Cãva tudo rispirâ fundo. Qui rámede. Tudo cumizaina sã pêdi arroz. Senti tem qui vâi sium pádri confessã qui tâ comê di Gula. Qui ferrádo. Dessã vai-ia. Nuncasã tudo ano tem tanto gente volta nossô amado Terra Macau. Sã nunca?
NOTA 5 – Sabores da Lusofonia – Balichão
http://www.gastronomias.com/lusofonia/mac007.htm
NOTA 6 – Não esquecer, recordar a letra da “Rua di Balicám” do Adé dos Santos Ferreira em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/01/23/musica-rua-di-balicham/
(1) 鹹蝦醬 – mandarim pīnyīn: xián xiā jiàng; cantonense jyutping: haam4 haa1 zoeng3
(2) BATALHA, Graciete – Glossário do Dialecto Macaense, 1977, p. 304
(3) FERNANDES, Miguel Senna; BAXTER, Alan Norman – Maquista Chapado, IIM, 2001
(4) DALGADO, Sebastião Rodolfo – Glossário Luso-Asiático, Volume I, 1919
https://ia800202.us.archive.org/31/items/glossriolusoas00dalguoft/glossriolusoas00dalguoft_bw.pdf
(5) http://jbfoco.com.br/2019/11/escritos-em-patua-di-macau-por-carlos-coelho/