Crónicas/relato do jornalista Barradas de Oliveira, que acompanhou a viagem do Ministro do Ultramar, Comandante Sarmento Rodrigues às províncias portuguesas da India, Timor e Macau no ano de 1952. (1)
17 de Junho – Com mar esplêndido – depois do temporal, a bonança – chegámos (no «Gonçalo Velho») a costa chinesa. Passámos através de várias ilhas que defendem Hong Kong e ancorámos na foz do Rio das Pérolas. Águas castanho-claras, espessas, desagradáveis. Próxima, a ilha de Lan-Tao. Montes escalvados, de vegetação baixa, semelhante a musgo, nas rugosidades da pedra. Outras ilhas mais rochosas e tristes. Ao longe vê-se piscar, caída a noite, o farol da Guia em Macau, o primeiro farol levantado em todo o Oriente.
A entrada na cidade portuguesa far-se-á amanhã à hora marcada. ” (p.181)
Referente a Macau, estão as crónicas do capítulo XX a XXVI, nomeadamente:
Capítulo XX – Macau – Síntese das almas chinesa e portuguesa numa cidade maravilhosa (pp. 183-190).
Capítulo XXI – Comentário breve e simples sobre o chinês (pp. 191-198).
Capítulo XXII – A sabedoria incarnada que segura as areias ou o sentido duma interpretação (pp. 199-206).
Capítulo XXIII – Em Macau até o diabo é bom (pp. 207-214).
Capítulo XXIV – Lutam leões nas ruas de Macau (pp. 215-218).
Capítulo XXV – Houve um momento em que a China esteve à beira da conversão ao cristianismo (pp. 219-230),
Capítulo XXVI – Notícias da Vida Cultural na cidade de Macau (pp. 233-245).

… Não encontramos aqui, neste agregado urbano, onde sobressai por vezes certo sentido de monumentalidade, nem grandes igrejas, nem grandes estátuas. Destas, o monumento a Ferreira do Amaral, embora vigoroso e movimentado, está prejudicado pelo pedestal e pela falta de cenário. Será de esperar que a urbanização da zona onde se encontra lhe dê enquadramento adequado. A estátua a Nicolau de Mesquita é uma brutalidade a afrontar a fachada pobre mas digna do Leal Senado.
Quanto às igrejas, confrange ver as barbaridades cometidas. Há um predomínio das pífias, lambidas, inexpressivas imagens do princípio deste século e quase total desaparecimento da forte imaginária antiga. Uma Virgem magnífica do século XVIII, da qual adivinhamos o delicado rosto amarelado e as roupagens castanho-escura, debruadas a oiro . foi restaurada em São Domingos por um amador de pintura, que a transformou num triste mamarracho azul e vermelho… (…)
(1) OLIVEIRA, Barradas de – Roteiro do Oriente. Agência Geral do Ultramar, 1953, 249 p.
Anteriores referências a este jornalista
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/barradas-de-oliveira/