Duas notícias publicadas no mesmo dia, (uma datada de 4 de Outubro de 1872, de Madrid) ambas publicadas no «Diário Illustrado» de 5 de Outubro de 1872,, (1) anunciavam o seguinte:
“O Visconde de Paiva, filho do antigo ministro de Portugal em Paris, primeiro marido da condessa prussiana Hendel-Donnermark, suicidou.se hontem Foi levado morimbundo para o hospital”
1:º Notíca:
2.ª Notícia:
Trata-se da notícia do suicídio do macaense Albino Francisco da Paiva Araújo (2) em «Ile de France», Paris. As fontes consultadas não coincidem com a data da morte (mesmo na postagem anterior, citei: 08.11.1872) mas com esta notícia publicada no dia 5 de Outubro de 1872 (2) conclui-se que a morte tenha sido a 3 de Outubro de 1872.
Não era “um mancebo de 30 e tantos anos apenas” (como vem publicado) mas tinha 48 anos quando se suicidou.
No entanto, Albino de Araújo de Paiva, que se auto intitulava marquês ou visconde, em Paris, não era aristocrata nem possuía qualquer título nobiliário e não é filho de Francisco José da Paiva Pereira (3),1.º Visconde de Paiva “cavalheiro muito estimado tanto em Portugal como no estrangeiro, por largos anos amigo de Napoleão II” que foi embaixador português em Paris na década de 50 (séc. XIX). Talvez por ser “Paiva”, Albino Francisco da Paiva Araújo assumiu-se ser parente de Francisco José da Paiva Pereira, daí a notícia errada.
(1) O «Diário Illustrado» (1872-1911), n.º 97 – Sábado 5 de Outubro de 1872.
(2) Albino Francisco Araújo de Paiva, nasceu em Macau 18.05.1824, filho de Albino José Gonçalves de Araújo (1797 – 1832) (negociante abastado em Macau, relacionado com o comércio do ópio) e de Mariana Vicência de Paiva (22.07.1802). Casou em Paris (Ile de France) em 05.06.1851 com Pauline Thérèse Blanche Lachmann (nascida Esther Lachmann)  (07.05.1819 -21.01.1884) Não houve descendência deste casamento.
Pauline Thérese Blanche Laschmann que em Paris ficaria conhecida como “La Paiva” obteve anulamento do seu casamento com Albino Paiva Araújo em 16-08-1871 e em 28.10.1871 casaria com Guido Georg Friedrich Erdmann Heinrich Adalbert, Conde Henckel von Donnersmark.
Albino Paiva Araújo é sobrinho de Francisco José de Paiva, referenciado anteriormente em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/francisco-jose-de-paiva/
Ver anteriores referências a este boémio ”visconde” bem como o de sua família e a “ Senhora La Paiva” em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/albino-f-paiva-araujo/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/mariana-vivencia-de-paiva/
https://en.wikipedia.org/wiki/La_Pa%C3%AFva
NOTA: sobre a vida deste malogrado “visconde” aconselho ainda a leitura do artigo de José Simões Morais em:
https://hojemacau.com.mo/2017/03/10/o-macaense-albino-de-paiva-de-araujo-na-europa/
e outras referências:
https://issuu.com/hojemacau/docs/hm-17-3-17/14
https://www.sabado.pt/social/internacional/detalhe/a-prostituta-que-casou-com-o-marques-de-paiva
(3) Francisco José da Paiva Pereira (12.11.1819 – 25.12.1868) – 1.º Barão (1853) e depois 1.º Visconde de Paiva (1858). Foi ministro de Portugal em Paris e depois em Berlim. Este embaixador que casou com Carlota de Oliveira Maia em 19.12.1838,  teve  descendente Adolfo de Paiva Pereira ( 9.10.1839 – ????), 2.º visconde de Paiva, que adido da legação Portuguesa em Bruxelas. Em 1872, Adolfo de Paiva Pereira tinha 33 anos, daí a notícia “um mancebo de 30 e tantos anos apenas”
Francisco José da Paiva Pereira suicidou-se em “Ile de France,” (Paris) a 25.12.1868; daí a notícia final incorrecta: “Tanto o pae como o filho suicidaram-se! Notável coincidencia esta!”