Uma exposição levada a efeito pelo Círculo Cultural de Macau, foi apresentado o pintor macaense Luís Demée (1) (então com 22 anos de idade) e os seus trabalhos, durante os dias 24, 25 e 26 de Março de 1951, no Átrio do Liceu Nacional Infante D. Henrique em Macau.
“P. B.” (2) na revista «Mosaico» comentou assim o evento: (3)
“Decorada a sala de Exposições segundo os moldes estéticos modernos viam-se, a destacar duma cortina verde que cobriu todas as paredes, 60 aguarelas e óleos que pelo seu real valor prendiam a atenção dos visitantes que não regateavam os elogios ao Autor que a todos recebia com afabilidade.
O Governador da Colónia inaugurou a Exposição, às 4 horas da tarde, tendo, depois de uma demorada visita, adquirido vários quadros, no que foi secundado por várias pessoas da sua comitiva.
Com efeito, o interesse do público não foi atraiçoado mas, pelo contrário constitui para a maior parte uma surpresa o elevado nível artístico alcançado por um pintor tão novo, que, de mais a mais, não havia saído ainda destas paragens.
Do agrado que despertaram nos visitantes os trabalhos expostos pode-se avaliar pelo facto de todos os quadros terem sido vendidos ao fim do segundo dia da Exposição. … (…)
Resta-nos insistir no ponto frisado no primeiro artigo que escrevemos sobre Luís Demée trata-se de um artista de talento que não pode nem deve ficar esquecido, a estiolar.se nas ocupações comezinhas de quem tem de ganhar a vida fora da sua verdadeira tendência. É indispensável que este esperançoso moço, de que Macau deve orgulhar-se, seja protegido e acarinhado de forma a poder ir continuar nas Belas Artes os seus estudos que lhe abrirá novos horizontes e o levará talvez a ser um nome de vulto dentro do nosso campo artístico.
Ou por meio de uma bolsa de estudo ou por iniciativa da Caixa Escolar de Macau, prestimosa instituição que tão brilhantes frutos tem dado à sua terra, é absolutamente necessário que Luís Demée venha a ser a realização duma promessa das mais auspiciosas que temos visto. Aos nossos leitores de Portugal e do Império apontamos este nome para que o não esqueçam e venham em breves dias dar-nos razão: Luís Demée. O jovem pintor de Macau, que o Círculo Cultural apresentou e há-devir a ser um valor na Arte Nacional”
(1) Anteriores referências a este pintor, Luís Luciano Demée (1929-2014), em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/luis-demee/
(2) “P. B.”, muito provável, o Capitão Manuel Maria Pimentel Bastos, vice-presidente do Círculo Cultural de Macau e um activo colaborador da revista «Mosaico». (3) «MOSAICO», II-8, 1951, p.110-111.