A TODOS UMA BOA PÁSCOA

As cerimónias da Semana Santa revestem-se todos os anos nesta cidade de Macau, da solenidade litúrgica que envolve tão grandiosas manifestações do culto católico. Os templos vestem-se de cores escuras, a pôr no ambiente uma nota de tristeza, e os fiéis acorrem a todas as igrejas paroquiais e demais capelanias a prestar o seu culto reverente àquele estranho Crucificado.
Assim foi em 1955. Na Sé Catedral, as cerimónias presididas pelo Prelado da Diocese desenrolaram-se com o simbolismo real do que, há dois mil anos, aconteceu em Jerusalém.
A imensa mó de gente que percorreu religiosamente as pedras das ruas da cidade acompanhando a Procissão do Enterro do Senhor e que assistiu devotamente ao cerimonial litúrgico da Vigília Pascal renovada, sintetizou a fé arreigada do macaense que sempre teve pelas cerimónias da Semana Santa o mais profundo respeito e a mais sincera e tradicional devoção.

Debaixo do pálio o esquife do Senhor Morto foi transportado através das ruas silenciosas da cidade, aos ombros de quatro sacerdotes, paramentados de alva branca, seguindo atrás O Bispo da Diocese, D. Policarpo da Costa Vaz
Acompanhavam o Senhor até ao sepulcro os seus três dedicados amigos: Sua Mãe, S. João, o discípulo amado e Santa Maria Madalena. A sua compostura e recolhimento inspiram nos fiéis a modéstia cristã que deve pautar a nossa vida de católicos, e simbolizam ainda aqueles que seguem com devoção e sinceridade os caminhos difíceis da salvação.
Macau, cidade tradicionalmente católica, acorreu em peso à Procissão do Enterro do Senhor

O Domingo de Páscoa amanheceu radioso, cheio de sol e de colorido, a exteriorizar o contentamento e alegria de todo o orbe católico pela ressurreição do redentor.
Extraído de «M. B. I.», II -41, 1955.