Emissão do sobrescrito de 1.º dia de circulação (e obliteração de 1.º dia) , no dia 25 de Outubro de 1985, pelos CTT,  com o seguinte motivo:

“BARCOS DE CARGA”

e o lançamento de 4 selos com o mesmo motivo, no valor de 50 avos, 70 avos, 1 pataca e 6 patacas.. O “design” é de Ng Wai Kin.
Apresento a pagela n.º 18 dos Correios e Telecomunicações de Macau.
As embarcações tradicionais chinesas designam-se genericamente por LORCHAS ou JUNCOS, e a sua diversidade é grande, não tanto pelo aspecto – que, a olhos leigos e à primeira vista se apresenta idêntico – mas em pormenores e particularidades derivados das suas aplicações na pesca, no tráfego local e outras. A presente emissão diz respeito às embarcações de tráfego local.
A construção dos barcos mais antigos, à vela, hoje raríssimos, designados por “TOUS”, é baseada inteiramente sobre a experiência de largos anos, transmitida de geração em geração. Como madeiras de construção, eram principalmente empregadas a TECA, a CÂNFORA, o CHAU e a ENTENA, que é um pinho mole e resiste bastante à água. O tabuado de grossura conveniente colocava-se sobre formas experimentadas só depois se fixando o cavername e as anteparas. As portas de leme, de grande dimensão, e de correr – o que permitia facilmente o encalhe quando necessário e inteiramente perfuradas em losangos, facilitando assim a manobra. Os barcos em geral não se pintavam. Os alojamentos do pessoal situavam-se em cubículos à popa e acima de convés. Os mastros eram colocados a chamarem o centro de impulsão vélico bastante a vante, o que permite velejar em locais estreitos. As velas eram esticadas por vergas relativamente pesadas, o que fazia dispensar os “rizes” pois, vela e vergas se arriavam só pela manobra duma simples adriça.
Actualmente, a quási totalidade das embarcações de tráfego local, utilizadas no transporte de mercadorias, são de propulsão e motor, grande parte delas construídas em madeira. Nos dois últimos anos, à medida que as antigas ponte-cais do Porto Interior vão sendo reconstruídas em betão armado, permitindo o manuseamento de contentores, as embarcações de madeira estão a ser substituídas por pequenos navios porta-contentores, em ferro, de característica adequadas às limitações hidrográficas do delta.”

Comandante João Manuel Nobre de Carvalho (1)
Director dos Serviços de Marinha de Macau.

Dados Técnicos (em português, chinês e inglês)

(1) João Nobre de Carvalho oficial da Armada Portuguesa (tendo atingido o posto de Contra-Almirante), apresentou-se- na Capitania dos Portos de Macau em 14 de Agosto de 1981, ficando a residiu na Fortaleza de Bom Parto, residência tradicional do Capitão dos Portos. Nesta data, o Chefe da Repartição dos Serviços da Marinha desempenhava simultaneamente as funções de Capitão dos Portos e Presidente do Concelho de Administração das Oficinas Navais, onde se construíam lanchas para a Polícia Marítima e outras embarcações para os serviços de Marinha. Terminou a comissão em Macau em 31 de Agosto de 1985. (Informações retiradas do livro de memórias CARVALHO, João Nobre de – Contra Ventos e Marés. Livros do Oriente ,2006, 438 p. ISBN 99937-866-0-8