Pequeno livro de poesia que o autor, António Manuel Couto Viana dedicou “ À Macau portuguesa, por mim fecundamente amada, na hora trágica do nunca mais” – ORIENTAIS  poemas – (1) contendo 10 poemas.

POSTAL (15cm x 10,5 cm)
Fachada do Templo de A-Ma (2)
A-Ma Temple Façade
媽閣廟正面

Transcrevo o poema (n.º 7) dedicado à “Á-Má”

Levei laranjas a Á-Má.
Queimei-lhe panchões no ar,
Pivetes no altar … Sei lá
O que fiz pra lhe agradar!
 
Cansei de bater cabeça,
Cansei de estar de joelhos,
Colar em quanto apareça
Montões de papéis vermelhos.
 
Nada, nada a persuade
(Ah!, deusa má, deusa crua!)
A livrar-me de saudade
Dessa cidade que é sua.
(18-08-1999)

Notas do próprio autor: 7 – Á-Má é, segundo a lenda, a deusa fundadora de Macau, legando-lhe o nome. Possui um antigo templo junto ao porto interior, onde recebe as oferendas dos crentes.
Panchão é fogo de artifício que sempre comemora qualquer evento feliz chinês.
Pivete é uma substância aromática que se queima em louvor dos santos.
Papéis vermelhos com letras douradas são provas de oração e veneração à divindade.

Contracapa

Aquela morte naquele dia
(…)
Cinco séculos quase a existir Portugal,
Macau, em sangue e lágrimas, desfalece e comove,
Mão assassina assina, na pedra sepulcral,
Um nome ateu, traidor, sobre a data final:
Aos vinte de Dezembro, Ano 99!

António Manuel Couto Viana
Não há Outro mais Leal” (1991) 

(1) VIANA, António Manuel Couto – Orientais poemas. Universitária Editora, 1999, 25 p. ISBN: 972-700-227-7; 21 cm x 15 cm.
(2) Colecção de 7 postais dedicados ao “Templo de Á-Má”, edição da Direcção dos Serviços de Turismo de Macau (Lito: Imprensa Nacional de Macau). Sem indicação de autor e data.
媽閣廟正面 – mandarim pīnyīn:  mā gé miào zhēng miàn; cantonense jyutping: maa1 gok3 miu6 zeng3 min6
Ver anteriores referências a este poeta em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/antonio-couto-viana/