Foi a 13 de Setembro de 1903 que o Padre José António Gomes, então Pároco de Santo António, (1) fundou nesta igreja a benemérita «Obra do Pão dos Pobres», (2) cujo jubileu se celebrou no dia 13 de Setembro de 1953, com toda a solenidade. O 50.º aniversário da fundação do Pão dos Pobres em Macau foi um dia de duplo agradecimento: a Sto. António pelos inumeráveis favores dispensados a todos os benfeitores dos seus pobres; e a todos os benfeitores desta simpática obra de caridade. Socorreu milhares de lares indigentes, continuando no ano de 1953 a minorar a fome a 200 famílias com os dez picos de arroz que lhes distribui mensalmente, além de outras esmolas particulares em dinheiro. (3) Em 1955, a acção benéfica alargava-se para 250 pobres, na sua maioria chineses e concedia esmolas, no valor de $150,00 a pobres a quem o arroz não era distribuído.

O altar do Pão dos Pobres na igreja de Santo António (1953)

Durante os 50 anos (1903 – 1953), o Pão dos Pobres de Santo António distribuiu o elevado número de 17.790 picos de arroz, estendendo também por vezes a sua caridade aos pobres das suas missões da China.
O cofre colocado na Igreja Paroquial representava a maior fonte de receitas da Ora. Tinha um letreiro com uma indicação: “pão dos pobres”. O cofre rendia, em média, mensalmente a quantia de $300,00, pelo que com as ofertas generosas de algumas pessoas, não era preciso recorrer-se a peditórios. Outra fonte da receita provinha da Comissão Central de Assistência Pública que contribuía para esta Obra a soma de $166,66 mensais. Também o soldo de Santo António, (4) como Capitão da Cidade, concedido pelo Leal Senado das Câmara de Macau, na importância de $1.200,00anuais, revertia integralmente a favor desta Obra.
(1) O aparecimento da «Obra do Pão dos Pobres» deveu-se ao Reverendo Dr. António José Gomes, sacerdote ligado às iniciativas no campo do apostolado missionário e caritativo, pois a Santa Infância e as leprosarias muito ficaram a dever a este homem. Em 1953 era pároco o padre José António Monteiro. Após o seu falecimento ficou o Cónego Manuel Pinto Basaloco.
(2) A Obra Pão dos Pobres nasceu e cresceu em Toulon (França), sob os auspícios de Santo António e rapidamente se estabeleceu em um grande número de cidades da França, depois em Itália, Espanha, Portugal e outras nações da Europa. e depois em todos os continentes. Esta obra, em Macau, encontrava-se agregada à Paróquia de Sto. António e a sua administração estava a cargo do respectivo pároco.
(3) Recebeu dos seus generosos amigos e benfeitores, durante o mesmo período, a avultada soma de $ 187.421,43, contribuição sobretudo dos católicos macaenses e chineses.
(4) É muito remota a origem da concessão deste soldo, talvez se remonte às origens desta cidade. É curioso notar que este soldo esteve interrompido durante três anos, pelos meados do último quartel do século XVIII. Por esta altura pesadas tribulações caíram sobre Macau, o que levou o povo a considerar a crise como castigo pelo corte do soldo a Santo António. O que é certo é que o Senado se viu na contingência de lhe mandar «assentar a sua praça com o vencimento de Capitão da Cidade».
Informações e fotos retiradas de «Macau B. I.»,  1953 e 1955.