Recentemente entre amigos, relembrando termos/expressões «maquista» surgiu esta
CIFRÂ DENTE
com utilização num sentido que desconhecida: “vai à merda”
Segundo outros autores consultados o termo é usado como
Cifrâ (ou Cifâ) – cerrar ou arreganhar(1) (2)
Cifrâ dente – vai-te embora, não me chateies (1)
Cerá-dente – cerrar os dentes, dando mostras de zangado (2)
Em “Maquista Chapado” (1) os autores apresentam a expressão:
Nê-bôm cerá dente – calma, não se irrite
José dos Santos Ferreira (2) (3) apresenta as duas formas: Cerá ou Cifrâ
Cifrá-dente – mostrar os dentes, com expressão de cólera
Vôs nancassá cerá dente; iou nádi susto – não esteja com este ar zangado; não me assusta.
«Ti Vicente boca gránde,/
Cifrá dente, preguntá…»
A Dra. Graciete Batalha (4) refere o seguinte:
“Cifar verbo ant.
Polir com cifa?
Usado apenas na expressão plebeia cifá dente! “vai-te embora, não me maces, não me chateias”
Penso que deste termo cifa, areia fina, se derivaria em Macau cifar dente, no sentido de “arear, polir os dentes”. Informadores idosos recordam-se de polir ou escovar antigamente os dentes com uma espécie de cinza de casca de arroz, visto que não existia pasta dentífrica. Em vez dessa cinza, poderia ser usada, em época mais antiga, areia fina ou qualquer semelhante a areia.”
(1) FERNANDES, Miguel Senna; BAXTER, Alan Norman – Maquista Chapado, 2001.
(2) FERREIRA, José dos Santos – Macau di Tempo Antigo, Vocabulário, 1985.
(3) FERREIRA, José dos Santos – Macau sã assi, Vocabulário, 1967.
(4) BATALHA, Graciete Nogueira – Glossário do Dialecto Macaense, 1977.