A 27 de Fevereiro de 1968, realizou-se uma récita em «patois» de Macau, cujo relato extraímos do Notícias de Macau, de 29 de Fevereiro de 1968:
Promovida pela activa Direcção do Clube de Macau e integrada no programa geral das festas do Carnaval de 1968, realizou-se na noite de anteontem, no Teatro D. pedro V, uma récita verdadeiramente original, de carácter hilariante, em que predominava o antigo «patois» de Macau, curioso e pitoresco dialecto português local que, com o rolar dos anos e mercê de circunstâncias várias, vai desaparecendo da «fala que Deus nos deu».
O velho Teatro D. Pedro V, centro de arte e cultura desta cidade, de nobres pergaminhos e honrosas tradições – encheu-se de sócios e suas famílias, vendo-se também presentes representantes da Imprensa e outros convidados.

teatro-d-pedro-v-salao-do-teatroSalão do Teatro D. Pedro V.

O programa abria com discurso de apresentação. Mas, em vez do clássico aparecimento no palco dum senhor grave e circunspecto, surgiu na plateia uma simpática «velhinha» (uma dessas velhinhas à moda antiga, de xaile e de saco de pano numa das mãos), rastejando os seus passos e berrando «Anita, Anita…».
A figurinha foi andando e acabou por subir ao palco. Era o Santos Ferreira (autor de todos os números em que entrava o «Patois» , e ainda, dos dois surpreendentes números de coreografia com que fechou o espectáculo que durou nada menos que duas horas e meia).
Santos Ferreira, cujos dotes já eram por nós conhecidos, foi sem dúvida a alma dessa noite de riso aberto. Falando e cantando em «patois», encantou, fascinou e arrancou sonoras gargalhadas a todos os espectadores. O antigo dialecto macaense, na sua boca, ganha uma frescura e um colorido desusadosSabe entreter, com a fala e com a mímica, fazer rir e agradar….”
Retirado de TEIXEIRA, P. Manuel – O Teatro D. Pedro V, 1971.