O «Diário da Manhã» (1) apresentou um suplemento semanal em 1966, a propósito da comemoração do 40.º Aniversário da Revolução Nacional de 28 de Maio com o título de “40 Anos na Vida de uma Nação”. O primeiro suplemento abrangia as “províncias europeias, com os arquipélagos da Madeira e dos Açores”.
O 2.º suplemento publicado em 9 de Julho de 1966, era dedicado às províncias do Oriente “Províncias de Moçambique, Macau, Timor e as terras sequestradas do Estado Português da Índia”.
O terceiro número era consagrado às “províncias da África Ocidental: Angola, Cabo Verde, Guiné e S. Tomé e Príncipe”.
Estava programado um quarto suplemento dedicado às comunidades portuguesas dispersas em território estrangeiro, mas creio que não chegou a ser publicado.
A secção dedicada a Macau está nas páginas 153 a 162 e tem vários artigos (nenhum deles assinado):
– “A Análise mais autorizada ao progresso verificado na nossa Província de Macau”
– “Aqui Portugal! Fala de Macau a Emissora de «Vila Verde» ” (2)
– “Quatro séculos da História de Macau”
– “Duas figuras de prestígio intelectual e económico da cidade do Santo Nome de Deus.
– “Colaboramos com quem estiver disposto a colaborar connosco”
– “Bispo D. Paulo Tavares.”
– “Leal Senado presente em todos os momentos críticos da história de Macau”
– “Porto de abrigo no «extremo» do Mundo, Macau acolhe 73 000 refugiados.”
“Só os grandes génios são capazes de, por si, mudar decisivamente o rumo da coisas e da própria história, mas esses aparecem, e nem sempre, uma vez em cada século como alguém dizia. Macau não precisa de génios, mas duma acção coordenada, persistente e contínua de todos, mãos dadas e sem veladas intenções nem inconfessáveis interesses, para garantir o bem da província e dos seus habitantes. … “(discurso do Governador de Macau, António Adriano Faria Lopes dos Santos, na abertura do Conselho Legislativo, 1966)
(1) O «Diário da Manhã» n.º 12.562 de 9/7/66, 176 p., dimensões: 41,5 cm x 28, 2 cm x 1 cm. Tinha como Director, Barradas de Oliveira e esse suplemento tinha como editor: António da Fonseca.
O “Diário da Manhã”, a 4 de Abril de 1931, sob direção de Domingos Garcia Pulido, integrante do círculo íntimo de Salazar ocupou a antiga redação d’ “O Mundo”, pioneiro jornal republicano (na Rua da Misericórdia, onde hoje está instalada a Associação 25 de Abril), assume o papel de órgão oficioso e de doutrinação da União Nacional. Com a consolidação do Estado Novo, o “Diário da Manhã” assume uma linha progressivamente mais sectária no culto à figura de Salazar, embora continue a apresentar-se como um órgão noticioso. Esta evidência certamente terá contribuído para que a sua expansão se deva quase exclusivamente à distribuição gratuita ou por assinatura dos diferentes serviços do Estado. A subida ao poder de Marcelo Caetano e uma certa abertura do regime esvaziam de sentido a existência do jornal. O seu último número sai no dia 30 de Janeiro de 1971, vindo a ser substituído pelo jornal “Época”.
http://casacomum.org/cc/arquivos?set=e_8765
(2) Publicado em anterior postagem em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/10/26/leitura-1966-emissora-de-vila-verde/