A Revista «Universal Lisbonense» no seu n.º 22, do dia 9 de Dezembro de 1852, dava a notícia na coluna “NOTICIAS E COMMERCIO” da chegada no dia 2 de Dezembro desse ano, no paquete do norte, de dois chineses Francisco Leu e José Li, provenientes de Macau.
Francisco Leu (o mais idoso) natural e residente em Pequim (北京), era encarregado de representações dos cristãos chineses da diocese de Pequim e vinha a Lisboa para tratar das questões do padroado real, nomeadamente pedir o regresso do bispo eleito de Pequim D. João de França Castro e Moura, (1) (na altura em Timor) e também a ida dos padres portugueses para as missões na sua diocese.
José Li, natural de Macau, estudava para padre e acompanhava Francisco Leu como intérprete, “fazendo-se entender em latim”.
revista-universal-lisbonense-n-o-22-1852-dois-chins-em-lisboa-iA notícia chamava ainda a atenção para o livro de A. C. J. Caldeira, “Apontamentos de uma Viagem de Lisboa à China” (2 volumes) (2), onde o leitor poderia aprofundar os motivos desta deslocação dos prelados.
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(1) D. João de França Castro e Moura nunca foi eleito bispo de Pequim.
d-joao-de-franca-e-catro-e-moura-18904-1868D. João de França Castro e Moura (1804-1868) nasceu no Porto e em 1823 partiu de Lisboa para o Convento de Rilhafoles da Congregação da Missão, preparando-se para as Missões do Oriente. Em 10 de Abril de 1825 partiu para Macau, ordenando-se sacerdote nas Filipinas em 1829. Celebrou a sua primeira Missa em Macau no princípio do ano de 1830. Em Agosto desse ano parte para a China primeiro para Fukien (福建) e depois Nanquim (南京). Nomeado Vigário geral em Nanquim. Devido ao falecimento do Bispo de Pequim, D. Caetano Pereira Pires, em 2 de Novembro de 1838, foi nomeado administrador apostólico da Diocese de Pequim. Devido estarem interrompidas as relações diplomáticas entre Portugal e Santa Sé, D. João esteve dezassete anos na China, não chegando a assumir o posto de Bispo de Pequim, proposto por Portugal e não aceite pela Santa Sé (o mesmo acontecendo com a nomeação do Bispo de Claudiópolis para Pequim pela Santa Sé e não aceite por Portugal, e com isso, a perda ao direito do Padroado Português na diocese de Pequim). D. João regressou a Macau em 14 de Julho de 1847 e em 1850 vai para Timor. Regressa a Portugal em Abril de 1853 e é nomeado em 27 de Fevereiro de 1862, Bispo do Porto.
http://biblioteca.cm-gondomar.pt/Topon%C3%ADmia.aspx
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_de_Fran%C3%A7a_Castro_e_Moura
Aconselho ainda a leitura de:
LIU Ruomei – Missionários portugueses e russos em Pequim no Século XIX in Administração n.º 95, vol. XXV, 2012-1.º, 259-278, disponível em:
file:///C:/Users/ASUS/Downloads/10-Missionarios_Liu%20Ruomei(259-278).pdf
(2) Carlos José Caldeira era primo de D. Jerónimo José da Mata (Bispo de Macau de 1845 a 1862) e amigo de D. João de França Castro e Moura bem como de D. João Maria de Amaral e Pimentel (Bispo de Macau nomeado em 1865 pela Santa Sé, mas não aceite por Portugal).
Ver mais informações em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/carlos-jose-caldeira/