Hoje dia 15 da 8.ª Lua – FESTA DO «BOLO LUNAR» , na linguagem maquista «bolo bate-pau» (1)

“O povo chinês , agarrado às suas tradições, celebra os ritos dos seus antepassados sempre com a mesma característica dos tempos antigos, vincando um tradicionalismo arreigado.
Embora oficialmente abolido na China, o povo é que não deixa de se orientar pelo ano lunar, barreira que ele acha mais difícil de transpor do que as históricas muralhas do celeste Império.
Integrado nesse modo de pensar, celebra vários factos no decurso do ano, sendo um dos mais importantes o do dia 15 da 8.ª Lua que é designado por festa do «Bolo Lunar»
Quem alguma vez presenciou a forma festiva como se celebra esta data, não se terá esquecido dos não menos célebres bolos  que se confeccionam e se vendem sòmente nesta época do ano.
Os saborosos e tão variados bolos são a vida das padarias por todos esses dias, cujas vitrinas se enfeitam com motivos alusivos a tradições lendárias que os transeuntes apreciam e contemplam demoradamente.
É de ver ainda cruzarer-se os presentes desses bolos levados pelos amigos aos amigos, numa graciosidade de convívio que encanta  pela sua simplicidade e corrobora mais os laços de amizade já existentes.
Pela noite fora há folguedos  e todos se divertem animadamente, abancando às  mesas do característico jogo chinês «Majong», queimando panchões que estalam, num  crepitar ensurdecedor, por todas as ruas  e vielas, logo que a Lua aparece no Horizonte.
E quem aqui nasceu ou passa alguns anos que sejam é forçosamente  contagiado  por este  meio e embebe-se deste saudável espírito de amizade. Não pode mesmo esquecer a simplicidade desse povo tão nosso amigo, que se acostumou a simpatizar connosco  e agora não sabe viver doutra forma, tal a força do contágio….” (2)
bolo-bate-pau(1) “O bolo bate-pau é o symbolo da lua,  e os chins chamam-n´o em dialecto mandarim Yué-ping e em cantonense Yut-peang. Geralmente o seu peso não attige meia libra. Os macaístas conhecem-n´o pelo nome de bate-pau,  por ser preparado com um pau em forma de ferula, com um orifício no centro onde se mettem a massa de farinha e os recheios, carregando com a palma da mão para comprimil-o bem; e em seguida batem o pau com força, por duas ou tres vezes sobre a meza, para fazer expellir o bolo que é levado acto contínuo ao forno, a assar…” (MARQUES, Francisco Pereira – Ta-Ssi-Yang-Kuo, III , p. 393, 1984
月餅mandarim pinyin: yuè bing; cantonense jyutping: jyut6 beng2
(2) Artigo não assinado em «Macau B. I.»,  ano I, n.º 4, 1953.
Anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/bolo-de-bate-pau/