Nos enleios subtis de fantasia,
Florido é o jardim da vida bela!
Quantos há que, sonhando, vivem nela
De doces ilusões em prenhe orgia!
 
Por longes terras, leda correria,
Libando em cada flor, em cada estrela,
Não temem o perigo de perdê-la.
Que ditoso sonhar, doce magia!
Mas não é de sensatos tal viver,
Pois a vida não é flor, é amargura
E a ilusão do  prazer mui pouco dura.
 
Na vida é mor fortuna mais sofrer;
Ter espinhos, martírios suportar.
Que prazeres e gozo é vão sonhar!

Rolando das Chagas Alves (1)
O Clarim“, 1950

(1) Poema de Rolando das Chagas Alves incluído nas duas antologias : “Trovas Macaenses” (1992), p. 163 e “Antologia de Poetas de Macau” (1999), p. 93.
Rolando das Chagas Alves, nasceu em Macau em 1923. Foi funcionário dos Serviços de Saúde e do Banco Nacional Ultramarino em Macau. Um dos fundadores do jornal «O Clarim» (2) e colaborador em vários jornais de Macau, nomeadamente «O Clarim», «Notícias de Macau» e «Gazeta Macaense»
É seguramente, um dos melhores poetas da sua geração e de até ao tempo actual, nada justificando o semi-anonimato em que permanece a sua poética, de tão impressiva como genuína qualidade.
Poeta de grande sensibilidade e de observação impressionista, tem-se por grande pesar não haver ainda publicado em forma de livro, o melhor da sua poesia“(REIS, João C. – Trovas Macaenses, 1992.)
(2) O jornal “O Clarim” que iniciou como semanário, a sua publicação em 2 de Maio de 1948 , só apareceu quando um grupo de jovens católicos (composto por José Patrício Guterres, Herculano Estorninho, José Silveira Machado, Abílio Rosa, Gastão de Barros, José de Carvalho e Rego, Rui da Graça Andrade e Rolando das Chagas Alves) apresentou aos padres Fernando Leal Maciel e Júlio Augusto Massa a ideia de publicarem um jornal.
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Clarim_(Macau)
Anterior referência em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/rolando-das-chagas-alves/