Não podia deixar passar também uma notícia deste dia, 1 de Setembro de 1887, relacionada a um edifício histórico -VILA BRANCA – que não sei se vai fazer parte do plano de destruição para futura construção de um novo edifício que irá servir de Bloco Hospitalar destinado às doenças infecto-contagiosas do Centro Hospitalar Conde de S. Januário. De certeza serão demolidos (ou já estarão ?) os edifícios que foram o Pavilhão de Isolamento e a Farmácia do Hospital de S. Januário – e assim se vão perdendo os lugares de outrora com passado histórico.
“01-09-1887 – Pedido feito pelo Chefe de Saúde desta Colónia, Dr. José Gomes da Silva, de aforamento de um terreno junto ao planalto do Hospital de S. Januário para construção duma casa de habitação (1)
Foto de 2005 – edifício da antiga farmácia do Hospital S. Januário (traseiras)
“VILA BRANCA situa-se na vertente Sul da Colina de S. Januário onde estão (ou estavam) edificados os pavilhões de isolamento e a farmácia do Hospital de S. Januário, entre o hospital e a Estrada Nova.
A Vila Branca era a residência do Dr. José Gomes da Silva, que deu à sua casa o nome de sua esposa.
Gomes da Silva nasceu no Porto em 1853 sendo filho de Joaquim Gomes da Silva e de Ana Rosa Gomes da Silva. Casou com Branca Chaves nascida em Bordeaux, França, em 1851, sendo filha de João José Lopes e de Casimira Esperança Douguel Branca. Formou-se na Escola Médica do Porto.
O Dr Gomes da Silva faleceu na Vila Branca, no posto de coronel-médico, a 1 de Novembro de 1905, (2) com 52 anos de idade, 22 dos quais passados em Macau, sendo chefe do Serviço de Saúde desde 1884; foi ele também o 1.º reitor do Liceu de Macau, inaugurado no extinto convento de S. Agostinho a 28 de Setembro de 1894. Sua esposa, Branca Chaves Gomes da Silva, faleceu na Vila Branca a 9 de Dezembro de 1895, com 44 anos de idade, deixando 11 filhos.
O Dr. Gomes da Silva foi também, botânico, músico, jornalista e professor além do liceu, no Seminário
A vila Branca foi comprada pelo Governo em 1917, por ocasião da epidemia da varíola para isolamento dos variolosos; em 1919, foi lá instalado o serviço de parturientes e puérperas.” (3)
NOTA: Foi dada o nome de «Rua de Gomes da Silva», à rua que começa na Rua da Erva, entre os prédios n.º 29 e 31, e termina na Rua de João de Araújo, entre os prédios n.ºs 22 e 24.
Foto de 1940 – edifício do Pavilhão de Isolamento (frente e parede lateral direita) do Hospital S. Januário
O edifício do antigo pavilhão de isolamento e o edifício da farmácia do Hospital de S. Januário, entre o hospital e a Estrada Nova foram restaurados para servir de residência de médicos. Posteriormente à frente do antigo Pavilhão de Isolamento construíram o chamado “Edifício Residencial dos Médicos” dentro do projecto do então novo Centro Hospitalar da década de 80 (século XX). Na data desta fotografia (1998) estava a residir no primeiro andar, o médico pediatra Dr. Jorge Humberto e família; no rés-do-chão (trás) o médico dermatologista e Director dos Serviços de Saúde, Dr. Larguito Claro e família e no rés-do-chão esquerdo (à direita na foto) estava a sede da Associação dos Médicos de Clínica Geral de Macau (A. M. C. G.M.)
Foto de 1998 – edifício do antigo pavilhão de isolamento (frente e parede lateral esquerda) do Hospital S. Januário
(1) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1995.
(2) Na sessão de 11 de Novembro de 1905 do Conselho Escolar do Liceu, o reitor Dr. Manuel da Silva Mendes «pediu que se exarasse na acta um voto de sentimento pelo fallecimento do sr. dr. José Gomes da Silva, que foi reitor e professor deste lyceu durante o estabelecimento delle nesta colónia, pedindo mais que se desse conhecimento do sentir de todo o conselho à família do finado»
(3) TEIXEIRA, Pe. Manuel – Toponímia de Macau, Volume II, 1997 .