Continuação dos extractos da monografia do capitão-tenente Jaime do Inso, preparada para a Exposição Portuguesa em Sevilha sobre o Comércio e Indústrias de Macau. (1) (2)
Outra industria digna de menção, é a do descasque do arroz, para o que há uma importante fábrica mecanica, além de outras que empregam ainda o processo vulgar dos pilões movidos com os pés.
O descasque anda intimamente ligado ao comercio do arroz, havendo umas 18 casas de descasque e venda por grosso e 8 só para esta venda.
Além destas industrias, muitas outras de menôr importancia há ainda em Macau  que, pelo seu numero, representam  actividades da colónia, susceptíveis de grande desenvolvimento e valorisação.
Assim, contam-se: 10 pequenas fábricas de vidros, 1 de cortumes, 1 de tijolo, 8 de velas de cebo, 2 de sabão, 1 de papel ordinario para panchões, 1 de fundição de metais, 4 de cal, 12 fabricas de objectos de cobre, 7 fabricantes de artigos de chumbo, e varias ourivesarias, litografias, marcenarias, galvanoplastias e sapatarias, tendo estas ultimamente tomado grande incremento.
A principal firma que trabalha e m cobre, Choi-Heng , obteve um diploma de honra na Exposição de Paris e medalhas de ouro na Exposição Industrial e Feira de Macau de 1926.
Uma outra industria muito espalhada e de todas a mais pobre, é a dos tamancos de madeira da China e de Borneo, no q   ue se ocupam cerca de 30 casas, que fabricam artigos muitos variados.
As Oficinas Navais, unico estabelecimento metalurgico importante que há na colónia, tomaram ultimamente um notavel desenvolvimento, estando aptas a satisfazer todas as necessidades do meio, como certas reparações de navios, de automoveis, etc, necessitando, entre outras cousas, para alargar convenientemente os seus meios de trabalho, uma doca sêca, que será construída logo que seja possivel.
A industria e o comercio do chá e das sêdas, hoje em decadencia, constituiram um valioso elemento de riqueza de Macau nos fins do século XIX quando o porto frequentado por navios de todas as nacionalidades.(a)
Mais tarde, com o assoreamento do porto, a concorrencia de Hong Kong e outros factores, Macau perdeu a navegação , de longo curso, e o seu movimento foi reduzido ao que hoje é.
Em alguns bairros de Macau ainda hoje se veem bôas e grandes casas de solida construção, lembrando as antigas casas portuguesas, que foram dos nossos ultimos armadores que desta colónia enviaram os seus navios às costas da China, Singapura, América Central, Java e Timor.
Não é sem uma evocação dos tempos idos que se olha para aqueles edifícios do nosso outrora rico comercio tornados hoje armazens, fábricas, ou vulgares habitações da população chinesa.”
(a) Em 1869 frequentaram o porto de Macau 53 navios de guerra e 185 mercantes, representando uma tonelagem de 87.545 T. e pertencendo a 18 nacionalidades diferentes e dos quais 11 eram portugueses.
(1) INSO, Jaime do – Macau, extrato de uma monografia. Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, n.º 7-8, Julho -Agosto, Série 48.ª, 1930, pp. 157- 717.
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/06/11/leitura-macau-extrato-de-uma-monografia-do-capitao-tenente-jaime-do-inso-i/
(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/06/18/leitura-macau-extrato-de-uma-monografia-do-capitao-tenente-jaime-do-inso-ii/