Nasceu em Macau, no dia 17 de Maio de 1863, João Feliciano Marques Pereira, filho de António Feliciano Marques Pereira, (1839-1881) (1) nascido em Lisboa, e de Belarmina Inocência de Miranda, natural de Macau.
Muito cedo partiu para Lisboa onde começou a sua educação e os seus estudos. Estudou os preparatórios no antigo Colégio Luso-Brasileiro, frequentando depois o Curso Superior de Letras onde foi discípulo de Adolfo Coelho e onde se doutorou com distinção.
Ocupou em seguida vários cargos públicos no Ministério dos Negócios Estrangeiros, ingressando depois no Ministério da Marinha e Ultramar (1888) chegando em pouco tempo a Secretário particular da Conselheiro Barros Gomes, então Ministro da Marinha (1897).
Em 1899, fundou a revista ” Ta-Ssi-Yang-Kuo, archivos e annaes do Extremo-Oriente Português”, (2) que durou até 1903 e cujo título foi inspirado no “seminário de interesses públicos locaes, litterario e noticioso” fundado pelo seu pai, em 1863, ano do seu nascimento. (3)
Retirado da A. Marques Pereira “Ephemerides Commemorativas da História de Macau e das Relações da China com os Povos Christãos“, 1868.
Escreveu para inúmeras publicações de que era redactor e de algumas director, sob os mais variados assuntos e crónicas ultramarinas, sob o pseudónimo de Fernão Lopes no Jornal do Comércio e como colaborador efectivo da Revista Colonial e Marítima.
Por Portaria de 17 de Outubro de 1904, foi nomeado para fazer parte da comissão encarregada de estudar o regime de monopólios e de impostos em Macau.
Quando se criou a Escola Colonial, (1906) foi nomeado professor efectivo de Legislação e Administração Ultramarinas.
Representou o círculo de Macau como Deputado no Parlamento, pertencendo ao grupo do Conselheiro Ferreira do Amaral, filho do Governador do mesmo nome.
Foi agraciado com o grau de Oficial da Ordem de S. Tiago de mérito científico, literário e artístico; foi eleito membro honorário da Real Sociedade Asiática de Paris; Vogal da Secção de Arqueologia da Real Associação de Arquitectos e Arqueólogos Portugueses; Sócio correspondente do Instituto Arqueológico e Geográfico Pernambucano.
João Feliciano Marques Pereira faleceu a 7 de Junho de 1909, ano em ainda era deputado às Cortes eleito pelo círculo de Macau.(4)
NOTA – Dados biográficos retirados de artigo não assinado em «MACAU Bol. Inf. 1954»
(1) Ver anteriores referências a António Feliciano Marques Pereira em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/antonio-feliciano-marques-pereira/
(2) Há uma edição da Direcção dos Serviços de Educação e Cultura/Arquivo Histórico de Macau de Dezembro de 1984 do conteúdo desta publicação, em reprodução fiel do original., em dois volumes.
TA-SSI-YANG-KUO – Archivos e annaes do Extremo-Oriente português 1899 -1900 – Colligidos, coordenados e anotados por J. F. Marques Pereira. Série I- Vols I e II e Série II, Vol. III e IV.
(3) Ver trabalho de GARMES, Hélder – A Cultura Sino-Portuguesa no Século XIX e o TA-SSi-YANG-KUO em
http://www.revistas.usp.br/viaatlantica/article/viewFile/49743/53855
(4) “João Feliciano Marques Pereira (1863-1909), apesar de ser um defensor do colonialismo e dos direitos legítimos de Portugal em Macau, foi também um investigador e divulgador dedicado sobre a história dos portugueses na China. Considerado o primeiro sinólogo português moderno, vai fundar, em 1899, a revista Ta-Ssi-yang-kuo, archivos e annaes do Extremo-Oriente Português, onde pretendia divulgar a cultura, civilização e actualidades da China, assim como o historial da presença portuguesa no Oriente. A publicação transformou-se progressivamente num órgão de propaganda da linha ideológica defendida por Marques Pereira para a política externa portuguesa relativamente ao império chinês e à chamada “Questão de Macau”.
COUTO, Marcos Miguel Oliveira – Representações do Oriente em “O Mundo Português” (1934-1947)
http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/60899/2/TESEMESMARCOSCOUTO000150583.pdf
“Mas o dialecto (patois) teve ainda um intérprete apaixonado no orientalista João Feliciano Marques Pereira.(…) Embora não tenha editado os seus trabalhos literários em Macau, toda a sua actividade está ligada ao território que o podemos considerar como um verdadeiro escritor macaense. (…)”
AZEVEDO, Rafael Ávila de – A Influência da Cultura Portuguesa em Macau
file:///C:/Users/ASUS/Downloads/bb095.pdf