MOSAICO I-6 FEV 1951 SALVE MACAU (IV) José Silveira MachadoA José Silveira Machado
e
José dos Santos Ferreira

Junto ao palácio dum chinês ricaço
O miserável cule e o jerinxá (1)
O rico vai tomar o iâm-chá (2)
Graças ao pobre de potente braço.

Chegam ao restaurante em tempo escasso
Que o animal é forte e espera já
O câm-sé (3) que o senhor não deixará
De lhe dar, como prémio ao seu bom passo. (4)

E enquanto o pobre fica a avaliar
O óbulo de há tanto ambicionado
O rico pede o chá que pouco tarda …

… Mas o cule também quer petiscar:
Entra e senta-se então na mesa ao lado,
Toma o jornal, pede os a-cau (5) e aguarda …
                                                                      Hernâni Anjos

As referências seguintes são notas do próprio autor:
(1) Pequeno carro de duas rodas e dois varais, de tracção humana
(2) Deliciosa e curta refeição chinesa
(3) Gorjeta
(4) “Passo” tem aqui acepção de “andamento”
(5) Aperitivo feitos a base de camarão
Ver anteriores sonetos em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/hernani-anjos/
Referências anteriores a José Silveira Machado e José dos Santos Ferreira em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-silveira-machado/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-dos-santos-ferreira/