“11-12-1841 – Data provável – porque não se deu logo conta – do suicídio do inglês Thomas Beale, em Macau. Devia $ 112.316,839 patacas em parcelas e a entidades perfeitamente conhecidas, e não tinha como pagar. Deixou uma carta pedindo perdão a Deus, à família e amigos pelo seu acto de desespero. Enriqueceu com o ópio este londrino que chegou a Macau em 1781. O jardim da sua residência, na Rua do Hospital, era famoso em todo  o oriente pelas plantas, flores e pássaros raros e exóticos. Também tinha uma preciosa biblioteca. Perdeu-se com a Lotaria de Calcutá, onde apostou fortemente até ao fim.” (1)
O seu corpo deu à costa na Praia de Cacilhas e foi reconhecido somente pela roupa. Thomas Beale declarou em 1816 a insolvência e foi considerada na altura “a mais sensacional bancarrota do período

CHINNERY - Retrato de Thomas BealeRetrato de Thomas Beale por George Chinnery

Thomas Beale (cerca 1775-1841) naturalista escocês, negociador de ópio, comerciante na China, foi secretário do seu irmão mais velho Daniel Beale, (2) cônsul da Prússia em Cantão, desde 1787,. Torna-se mais tarde cônsul, de 1797 a 1814. É sócio com o seu  irmão nas  firmas Magniac & Co que comercializava ópio, algodão e chá e “Cox & Beale” (após a morte de John Henry Cox em 1790, sócio fundador com Daniel Beale em 1787).
Conhecido pela sua hospitalidade, a residência de Thomas Beale em Macau tinha um jardim com 2500 vasos de plantas e era um local de visita dos estrangeiros que passavam ou residiam em Macau.
Um aviário de 12,2 cm x 6,1 cm continha centenas de pássaros raros da China, Europa, Sudoeste Asiático e América do Sul. George Vachel , capelão da Companhia das Índias Orientais descreveu ao seu amigo John Stevens Henslow (professor de Botânica na Universidade de Cambridge e mentor de Charles Darwin) que no aviário estaria  cerca de seiscentos pássaros.   Quando o naturalista George Bennett visitou Macau na sua viagem pelo Pacífico, descreveu no seu diário , em 45 páginas , o jardim e o aviário e considerou a residência de Thomas Beale como “”one of the finest of the old Portuguese houses … on a narrow street known as Beale’s Lane“. (3)

Cemitério dos Protestantes - Thoma BealeFoto de Chris Nelson (5/24/2006)
http://www.findagrave.com/cgi-bin/fg.cgi?page=pv&GRid=12805092&PIpi=3209653

William Wightman Wood (“Sketches of China: with illustrations from original drawings “ escreveu:
“...in particular I may mention the bird-of-paradise. A splendid living specimen is in the possession of Mr. Beale almost domesticated. It feeds from the hand of its amiable owner without fear, and appears capable of being rendered perfectly tame and familiar. This is perhaps the only specimen at present existing in confinement.”

Cemitério dos Protestantes - Thoma Beale II

Foto de Chris Nelson (5/26/2006)
http://www.findagrave.com/cgi-bin/fg.cgi?page=pv&GRid=12805092&PIpi=3218100

Repousa no Antigo Cemitério Protestante, (no terraço inferior, n.º 160) para onde foi transladado um mês depois da sepultura clandestina que, a 11 de Dezembro de 1841 lhe deram, na praia de Cacilhas, os pescadores que o encontraram morto. (1)
(1) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1995.
(2) Daniel Beale (1759-1827) era comissário de bordo de um dos navios da Companhia das Índias Orientais e  está sepultado lado do seu irmão Thomas Beale (no terraço inferior n.º 161)
(3) https://en.wikipedia.org/wiki/Thomas_Beale