E não há no mundo inteiro
Melhor mesa nem cozinha
Que a dos nossos macaenses
mesmo em casa pobrezinha

É um prazer assistir
Aos seus jantares e festas,
Onde há boas iguarias,
Levezinhas e indigestas.

E até o mais exigente,
Lambareiro ou comilão,
Gosta dum bom chau-chau pele
Com molho de balichão.

Minxi, brêdo raba-raba,
Diabo, tamarinhada,
Galinha chau-chau
Apa bico, goiabada.

Capela, vaca cabad,
Bagi, porco bafá-assá,
Galinha frito amarelo,
Dodol, chau-chau lacassá.

Ladu , peixe depinado,
Caldo de carne com lula,
Barbá, bibinca de rábano,
Bicho-bicho, fula-fula.

Chá gordo, bolo menino,
Saran surabe, aluar;
Doces, manás, acepipes,
Que são de nos consolar|

Comeres deliciosos
E também nada baratos;
Mas vejam mais ou menos
De que constam estes pratos:

Chau-chau pele; pel´de porco,
Pé, costeletas com molho,
Chouriço, pato salgado,
Galinha e couve repolho.

Balichão é um molho , feito
De camarão miudinho
Em pó, com folhas de louro
E pimenta em grão e vinho
…………………………………………continua
                                         J.J. Monteiro (1)

(1) MONTEIRO, J. J. – Macau Vista por Dentro. Edição da Direcção dos Serviços de Turismo, Imprensa Nacional de Macau, 1983, 385 p.

José Joaquim Monteiro (1913-1988)  o «poeta-soldado»  de verso popular com vários livros publicados: «A Minha viagem para Macau» (1939); «História de um soldado» (1940) (3 edições posteriores:1952, 1963 e 1983), «De volta a Macau» (1957 e 1983) «Macau vista por dentro» (1983) »Anedotas Contos e Lendas» (1989- após morte do autor).
NOTA: sublinhei a «negrito/bold» as iguarias.