Cruzador S. Gabriel Viagem de Circumnavegação CAPA DURACapa e lombada duras, com sinais de manuseamento, de 20,5 cm x 15 cm x 5 cm de dimensões.

Relato /diário do Comandante A. J. Pinto Basto (1) da viagem de circumnavegação efectuada pelo Cruzador S. Gabriel que passou por Macau e Hong Kong (onde esteve ancorado) de 7 de Agosto a 25 de Setembro de 1910.

Cruzador S. Gabriel Viagem de Circumnavegação CAPACapa do livro

Na Introdução e dirigido aos leitores, o autor refere:
“Foi o S. Gabriel não só o primeiro navio de guerra portuguez que realizou uma viagem de circumnavegação, mas o primeiro navio portuguez que passou pelo estreito de Magalhães e Canaes da Patagonia, e entrou nos portos do Chile, Peru, Panama, Mexico, California e ilha de Hawai…(…)
Em 1900 entraram no Tejo os cruzadores D. Carlos, construído pela casa Armstrong, e o S. Gabriel e S. Rafael, pelas Forge e Chantiers no Havre, mandados adquirir pelo ministro da marinha Jacinto Candido. A permanência d´estes navios nas colonias era desnecessária e dispendiosa. Com o telegrapho e o augmento da velocidade e do raio de acção dos navios de guerra tornava-se facil mandar um ou mas navios a qualquer parte das nossas colonias. A inacção dos navios nas Estaçoes Navaes era prejudicial à sua conservação, e a demora prolongada em maus climas arruinava a saude das guarnições que frequentemente era forçoso substituir, o que, junto ao custo elevado do combustível, sobressalentes e mantimentos, obrigava a grandes sacrificios o pequeno orçamento da marinha. Foi attendendo a estas circumstancias e com applauso de toda a corporação da Armada, que o ministro da marinha Terra Vianna determinou que, em vez de fazerem arte das Estações Navaes os nossos cruzadores fizessem circulatorias percorrendo as colonias.”
O livro além de fotografias, mapa desdobrável, contém muitos desenhos feitos pelo autor,  A. J. Pinto Basto, ilustrativos dos locais e peripécias vividas nessa viagem, comentados assim pelo autor:
Os desenhos que acompanham o texto, apenas teem o valor de serem originaes”

Cruzador S. Gabriel Viagem de Circumnavegação 1.ª páginaPrimeira página com uma assinatura (ilegível) de posse.

O «S. Gabriel» era um cruzador de aço, protegido por uma coberta couraçada de 35 milímetros, com 1:850 toneladas de deslocamento, 75 metros de comprido, 10 ,8 m de boca e 4,35 m de imersão a ré. Foi construído pelas Forges et Chantiers, no Havre, em 1900. Estava armado com duas peças de 15 c. Schneider-Canet uma no castelo e a outra no tombadilho, com quatro peças de 12 c. às amuradas e oito de 7,5 c. Tinha à proa um tubo lança-torpedos.
Cruzador S. Gabriel Viagem de Circumnavegação CRUZADORTinha três mastros, mas antes da partida para a viagem de circum-navegação tirou-se o mastro da mezena e deslocou-se o grande afim de instalar o telégrafo sem fios.
Competia ao S. Gabriel fazer a primeira viagem circulatoria pelas colonias, de acordo com o decerto de 16 de Setembro de 1909.
Partiu na tarde do dia 11 de Dezembro de 1909 da barra de Lisboa, em direcção da Madeira (e depois América do Sul) e conclui a sua viagem entrando na mesma barra em frente ao Arsenal na tarde do dia 19 de Abril de 1911. Durou 16 meses e 9 dias percorrendo 41 981 milhas (quase duas voltas ao globo pelo equador) fazendo escala por 72 portos (alguns deles mais de uma vez).
Apesar de ter havido por vezes mau tempo e ter passado a 40 milhas do centro dum tufão no mar da China, nunca sofreu avaria importante, quer no casco quer nas máquinas, e algumas pequenas avarias foram reparadas a bordo. Não se deu óbito algum a bordo, não houve doença alguma doença grave ou contagiosa, não houve qualquer desastre pessoal. Em todas as Colónias Portuguezas, desde Macau e Timor até Cabo Verde, prestou-se serviços sempre de acordo com os respectivos governadores.” (1)
Cruzador S. Gabriel Viagem de Circumnavegação Desenho cruzador“O custo total da viagem foi de 174.556$817 réis, isto é, uma média mensal de 10.709$007. A principal despesa foi em combustível. Nos diferentes portos despenderam-se  81.720$768 réis, a maior despesa foi em Hong Kong, 11.593$231 réis, onde a demora foi maior, e o navio entrou na doca.” (1)
Comandava o cruzador, o Capitão de fragata António A. J. Pinto Basto (autor do livro) (2), 28 oficiais, 24 do estado menor, num total da guarnição de 255 pessoas.
(1) BASTO, A. J. Pinto – Cruzador S. Gabriel. Viagem de Circumnavegação. Lisboa, Livraria Ferreira, 1912 , 444 p., 20,5 cm x 15 cm x 5cm.
(2) António Aluísio Jervis de Atouguia Ferreira Pinto Basto (1862- 1946), oficial da armada, amigo de infância do rei D. Carlos I (aprendendo a pintar com o mesmo mestre, o pintor aguarelista espanhol Enrique Casanova), foi depois ajudante em campo deste rei e do seu sucessor, D. Manuel I. Terceiro visconde de Atouguia. Monárquico que “apanhou” a república em Outubro de 1910, enquanto navegava no cruzador S. Gabriel. Como “bom” militar arvorou no cruzador a bandeira republicana mas ao chegar a Portugal pediu a demissão da marinha. Foi depois nomeado para a Empresa  Nacional da Navegação (em 1918 passou a denominar-se Companhia Nacional de Navegação ) até à reforma.
NOTA : Sobre  este autor e leitura do capítulo dedicado a Hawaii (em inglês) sugiro leitura de “The Voyage of the S. Gabriel, Portuguese Naval Vessel, to Hawaii in 19102, em:
https://evols.library.manoa.hawaii.edu/bitstream/handle/10524/319/JL21089.pdf?sequence=2