Situado na zona norte da cidade, junto ao antigo istmo da Ilha Verde, no cruzamento da Avenida Almirante Lacerda com a Avenida Conselheiro Borja, mesmo em frente do edifício da Esquadra Policial n.º 4, este pagode ou templo budista é um doa mais antigos, vastos e cuidados de Macau.
Segundo rezam velhos pergaminhos chineses, em tempos remotos, aquele local – sopé duma colina (a que mais tarde se chamou de Mong Há) – era banhado pelas águas lodosas do delta e abrigava uma pequena povoação, habitada por humilde gente do mar.
Os seus habitantes construíram, primitivamente, um santuàriozinho que, a pouco e pouco, com o rolar dos anos e o desenvolvimento progressivo do lugarejo, se transformou no actual templo, conhecido entre os chineses por «Lin-Fông-Miu» (Templo de Lotus).

ANO III-52 1955 Templo Lin Fong

O Templo Lin Fong em 1955

Donde lhe veio esse nome, tão cheio de poesia oriental?
Segundo o sinólogo e historiador Luís G. Gomes, veio do próprio local.
«Primitivamente as águas do delta acercavam-se da entrada do templo e os raios do Sol, reflectindo-se na sua superfície, transformavam-nas num grande espelho de prata. A babugem das suas ondas vinha desfazer-se de encontro às lajes da balaustrada que forma a cerca da entrada, e nos pântanos adjacentes desenvolviam-se os lotos, perfumando todo o ambiente com o delicado aroma das suas hieráticas flores. Ao, era exactamente pelo facto deste local se encontrar reverdecido pelas enormes folhas dessa planta tão estimada, que os chineses denominaram este templo de Lin-Fông-Miu  (蓮峯廟) isto é o «Templo de Lotus.» (1)
Neste templo, residia uma comunidade de bonzos, chefiada por um bispo. A parte residencial tinha, além das celas, uma vasta sala de recepções, onde se realizavam reuniões familiares de estranhos e … se jogava o popular «má-tcheok»
Havia famílias chinesas que se serviam do recinto aprazível, para piqueniques, prevenindo previamente o encarregado do templo para mandar preparar a comida na cozinha dos bonzos – o apreciado «tchái», saborosa comida vegetariana dos budistas, cujo preço variava consoante o número e qualidade dos pratos. Ali se celebravam as quinze principais festividades religiosas do ano lunar que se revestiam de extraordinária pompa litúrgica e eram muito concorridas.
Durante anos o tempo foi ficando ao abandono sendo pouco frequentado, vivendo ali poucos bonzos. Serviu depois de asilo provisório de vítimas de incêndio e inundações.” (2)

Templo Lin Fong 2015Foi construído em 1592, no 20.º ano do reinado do imperador Wan Li, dinastia Ming e é um dos três templos mais antigos de Macau. Ao longo dos anos foi regularmente renovado, restaurado e aumentado (principais obras em 1801 e 1876).
Estátua Lin Zexu -Templo Lin FongHistoricamente famoso por ser local de permanência dos Mandarins Chineses da Província de Guangdong quando vinham a Macau. O mais famoso foi o Comissário Imperial, Lin Zexu que após iniciada a Guerra do Ópio, residiu aí e nesse templo, com o Governador das Províncias de Kuong Tong (Guangdong) e Kuong Sai (Guangxi) , Deng Tingzhen, receberam os oficiais portugueses para negociações diplomáticas (Setembro de 1839) Actualmente tem a sua estátua e um museu no templo.

O Templo de Lin Fong foi classificado como edifício de interesse histórico a preservar em 1976 (Decreto-Lei n. 34/76/M de 7 de Agosto. Actualmente está classificado como monumento – Património Cultural de Macau.

(1) Anterior referência a este templo 蓮峯廟 (mandarim pinyin: liǎn fēng miào; cantonense jyutping: lin4 fung1 miu6) em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/02/04/lugares-de-outrora-rochedo-da-estrada-do-arco/
(2) Macau Boletim Informativo, 1955