Mapa de Macau no séc. XVII (depois de 1622)
Ilha Verde (n.º 17)
(Fac-simile reduzido da estampa «da Ásia Portuguesa» Tomo III, de Manuel Faria e Souza)
No dia 15 de Março de 1828, no escritório do tabelião José Gabriel Mendes é feita a escritura de compra da Ilha Verde, assinada pelo Pe. Nicolau Rodrigues Pereira de Borja (superior do Seminário de S. José) por parte do Seminário de Macau, a Bernardo Gomes de Lemos, que era coproprietário dessa ilha com Manuel Homem de Carvalho (1); o preço foi de duas mil patacas, nelas sendo empregue parte do dinheiro que recebeu da venda de bens da Missão Portuguesa de Pequim (2) (3)
A 22 do mesmo mês se relatam mais pormenores: tem 3.300 «paos» ou «côvados» chineses, medidos por cima do alicerce do muro velho, em circuito. A Ilha tinha casas e árvores de fruto e a venda ao Seminário permitiu resguardá-la da ocupação abusiva de chineses que já por lá iam armando barracas clandestinas, ameaçando, aos poucos, tomar domínio dela (2)
A Ilha Verde no canto inferior esquerdo
(Livro: OU-MUN KEI-LEOK, 1950)
Recorda-se que a Ilha Verde foi ocupada em 1603 ou 1604 pelos jesuítas que a conservaram em seu poder até à data da sua expulsão de Macau, em 1762. Os Jesuítas foram presos no dia 05-07-1762, às ordens de Pombal, transmitidas a Macau pelo vice rei da Índia, D. Manuel de Saldanha de Albuquerque, conde de Ega. Entre os presos encontrava-se também o encarregado da Ilha Verde, o Irmão João Álvares. Com a expulsão dos jesuítas, a Ilha Verde passou para Simão Vicente Rosa, (4) que após disputa com o Senado, aceitou-a em 14-04-1766 por 6.147 taéis que era a quantia que os Colégios de S. Paulo e S. José lhe deviam. (5)
Panorama da cidade e do porto interior (cerca 1900)
A Ilha Verde ao fundo
(1) Em 1 de Setembro de 1813, por morte de Ana Araújo Rosa, proprietário da llha Verde, que herdara do seu pai Simão Vicente da Rosa, em 31-01-1773, foi essa ilha vendida em leilão e arrematada por 501 taéis, por Manuel Homem de Carvalho e Bernardo Gomes de Lemos. Margarida Rita de Carvalho Milner processou os dois compradores da Ilha Verde, Manuel Homem de Carvalho e Bernardo Gomes de Lemos, em 22-08-1814, sob o pretexto de dever ser ela a proprietária dessa ilha, como neta do antigo dono, Simão Vicente da Rosa, mas o ouvidor, Miguel de Arriaga Brum da Silveira confirmou a venda como legalmente feita, em 18 de Abril de 1822 (GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau; SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 3)
(2) Fevereiro de 1805 – Perseguição na China contra os cristãos. A 12 de Outubro foi expulso de Pequim o Bispo D. Veríssimo Monteiro da Serra, que conseguiu vender as alfaias da igreja e da casa, os instrumentos de matemática, os livros e algumas casas. O produto dessa venda, 66.800 reis, em metal, foi entregue a D. Nicolau Pereira Borja, quando D. Veríssimo voltou a Macau em 1927. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 3).
(3) Luís G. Gomes refere na sua “Efemérides da História de Macau, a data de 22-02-1828 para compra da Ilha verde, no rio de Macau, pelos padres do seminário diocesano de S. José.
(4) Sobre Simão Vicente da Rosa, ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/simao-vicente-da-rosa/
(5) TEIXEIRA, Manuel – Macau e a sua Diocese I – Macau e as suas Ilhas
NOTA: referências anteriores à Ilha Verde em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/ilha-verde/