A Escola Infantil e o Parque Infantil
“Quanto a instalações há algumas que podemos chamar modelares: a Escola infantil de Macau (1) pode pôr-se ao lado do que há de melhor no género, na Metrópole. O edifício da Escola Municipal (2) inaugurado há poucos meses, é também um bom edifício. O Liceu, embora a sua situação seja má (dum lado o cemitério e dos outros ruas cheias de movimento e de ruído) vai, contudo, satisfazendo às principais exigências do ensino.
Não obstante tudo isto, ainda há muita gente que de queixa das escolas de Macau. Ora, tudo estaria bem, se essas queixas e lamentações fôssem infundadas, ou traduzissem apenas a excessiva exigência duma sociedade superiormente culta e de requintada educação. Era até uma reacção salutar e uma prevenção da sociedade contra a possibilidade de as escolas, por desleixo ou inépcia, deixarem descer o seu nível cultural. Mas, infelizmente, não é bem isto o que se passa. Na verdade, a cultura média dos escolares de Macau é pobre, o rendimento do ensino é ainda desanimador.
Culpa dos professores? A meu ver, culpa de tudo e de todos.
Edifício da Escola Primária Oficial «Pedro Nolasco da Silva» (sexo masculino) possivelmente na década de 50 (http://actd.iict.pt/view/actd:AHUD23186)
O ambiente desta terra não é de molde a favorecer a acção educativa da escola. Uma cidade com uma área pequeníssima e uma população de trezentos ou quatrocentos mil habitantes, noventa e nove por cento chineses, cheia de ruídos extraordinários e irritantes – o charivari dos enterros, o estralejar dos panchões, a cegarrega dos tim-tins – e além disso, com péssimo ambiente moral, é o inimigo mais poderoso da educação. É preciso, primeiro que tudo, combater o excesso de vida urbana dos rapazes desta terra, que, além dos inconvenientes de ordem física e moral de todos conhecidos, os torna incapazes de se adaptarem à vida daquelas colónias que impõem um certo isolamento. Combater êste mal é contribuir para alargar o campo de acção dos rapazes de Macau. Torna-se, pois, necessário afastá-los quanto possível da cidade, ensinando-lhes o caminho do mar e da natureza, criando-lhes gosto pela navegação à vela e a remos, incultando-lhes as vantagens do meio isolamento que permite a vida interior e liberta a alma da tirania dos sentidos.
O mesmo edifício na década de 80
CARNEIRO, Artur de Almeida – Educação Nacional in Publicação da União Nacional de Macau, 1940
(1) A Escola Infantil que funcionava na Rua Central, foi transferida para um novo edifício inaugurado a 2 de Outubro de 1933, no Jardim da Flora. Posteriormente, após a II Guerra Mundial acrescentaram o nome de Escola Infantil «D. José da Costa Nunes». Em 1997 , sofreu remodelação e ampliação com o projecto de arquitectura de Mário Duque, com o nome de «Jardim de Infância D. José da Costa Nunes» mantém-se como instituição educativa de ensino pré-escolar tutelada pela Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM) , na Avenida Sidónio Pais.
http://www.revistamacau.com/2013/08/14/a-fazer-historia-ha-80-anos/
(2) A Escola Primária Municipal (depois denominada Escola Primária Oficial «Pedro Nolasco da Silva») foi inaugurado a 5 de Outubro de 1939, na Alameda Vasco da Gama pelo Governador Artur Tamagnini Barbosa. A Escola Primária Oficial Pedro Nolasco da Silva foi extinta em Junho de 1997 (Decreto-Lei n.º 24/97/M) mas o edifício manteve-se como “Escola Secundária Luso-Chinesa de Luís Gonzaga Gomes”
Sobre a Escola Primária Oficial ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/escola-primaria-oficial/
NOTA: O parque infantil de Macau foi inaugurado a 24 de Dezembro de 1924.
[…] Anteriores referências em https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/01/27/leitura-a-educacao-em-macau-em-1940 […]