Este livro «MACAU – Materiais para a sua História no Século XVI» é uma edição do Instituto Cultural de Macau de 1988 (1) justificada pela Directora do Arquivo Histórico de Macau, na altura, Dra. Adelina Braga:
“Prosseguindo no empenhamento de dar a conhecer ao público os assuntos referentes ao passado de Macau, velho de mais de quatro séculos, tão rico de factos emocionantes de vivência mais ou menos difícil mas sempre gratificante, vai o Instituto Cultural de Macau proporcionar a leitura de mais um outro valioso «documento» que muito esclarece sobre um período aliciante da história desta cidade do santo Nome de Deus, e dos portugueses que dela fizeram uma peça única da máquina do mundo por eles percorrido…”
Este trabalho de Jordão de Freitas (2) foi publicado (3) na revista «Mosaico», nº 59 a 61, Julho a Setembro de 1955, bem como o Prefácio do livro de António Nolasco da Silva (4).
Muitas passagens deste trabalho foram transcritas por diversos historiadores e escritores como por exemplo este, referente a uma notícia do dia : carta de Leonel de Sousa que em 15 de Janeiro de 1556, dirigiu de Cochim ao infante D. Luiz, irmão de D- João III e falecido a 27 de Novembro do ano anterior, mas cuja morte não era ainda conhecida no Oriente.
«Senhor – Eu fuy á China numo embarquação de mercadores, como espreui a Vossa Alteza de Malaqua o ano de cinquoenta e dous, pelo Vizo Rey Dom Alfonso me nam ordenar as Viagés, como Vossa Altez mandaua; aonde vim envernar o Março passado por nam poder vyr á Indya… (…)
…Desta maneira fiz paz; e os negócios na China com que todos fizeram suas fazendas, e proveitos seguramente foram muytos purtuguezes á Cidade de Cantaõ, e outros lugares por onde andaram folgando algus dias, e negociando suas fazendas á sua vontade sem receberem agravo, nem pagarem mais Direitos dos que atras digo, que myutos pelo que esquonderam nã fiquaram pagando mais Direitos que da terça parte das fazendas. Cantaõ está trinta legoas por hum Rio dentro do Porto de Sã Choam que he amtre huas ylhas aonde estava com os Navios…»
Do prefácio, saliento:
“ … De entre essa plêiade de investigadores da historiografia macaense, há, porém, que salientar e bem distintamente, um nome quase esquecido, o do distinto e fecundo polígrafo Jordão de Freitas, pois, sem o magnífico trabalho «Macau – Materiaes para a sua história no Século XVI», alguns importantes pontos da história relativos aos tempos primitivos do estabelecimento desta cidade teriam, talvez, ficado esquecidos, à espera, ainda, de quem os fosse desenterrar do pó dos arquivos…”
(1) FREITAS, Jordão de – Macau, Materiais para a sua história no século XVI. Instituto Cultural de Macau, 1988, 43 p., 22cm x 15 cm.
(2) Jordão Apolinário de Freitas (1866- 1946) cursou a cadeira de Teologia no Seminário do Funchal (1890) e formou-se como médico-cirurgião na Escola Médica desta mesma cidade. Sócio-fundador da Academia Portuguesa da História e director da Biblioteca Real da Ajuda entre 1918-1936, consagrou a sua vida à investigação histórica, publicando imensos trabalhos. Mais referências anteriores a este autor em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jordao-de-freitas/
(3) Originalmente foi publicado na raríssima colecção «Archivo Historico Portuguez» (n.ºs 5, 6 e 7 de Maio a Julho de 1910, Vol VIII)
(4) António Nolasco da Silva foi o Director e Editor da revista «Mosaico», órgão e propriedade do Círculo Cultural de Macau desde o 2.º número (o 1.º número, o Director e Editor foi o Dr. José Marcos Batalha) que foi publicado em Setembro de 1950 até ao último número em Setembro de 1957.