“Observemos esta e aquela família na sua laboriosa e arriscada faina quotidiana. Como num «écran» desenrolam-se-nos imagens sequentes e curiosas em cenas cujos protagonistas são mulheres.

MBI As tancareiras VAncorados junto da ponte-cais aguardam passageiros

 A jovem tancareira encosta o tancar aos degraus duma pequena ponte de Macau. Salta, ligeira, para terra, onde sua mãe já se encontra rodeada de fardos e sacos. É um transporte de mercadorias para a ilha da Taipa que se vai efectuar. Com a ajuda da mãe e em jeito semelhante ao dos descarregadores, vai ela acarretar para o tancar todas as mercadorias, num vaivém constante, sem denunciar a mínima quebra física; e, estimulada pelo «faiti» (depressa) que sua mãe lhe sussura, termina, num ápice, o transporte para bordpo. Uma pequena arrumação que se torna indispensável para o bom equilíbrio do tancar, demora-as alguns minutos, mas, volvidos estes, ambas munidas dum remo, uma à ré e outra  a bombordo , dirigem a embarcação para a Taipa.

 MBI As tancareiras VIEsta tancareira arruma a bagagem dum passageiro

 E o tancar, impedido pela habilidade e vontade indomável das duas mulheres, feições impenetráveis e gestos decididos, segue, rio adiante, em direcção à Taipa, num quadro simples mas grandioso, modesto  mas imponente, levando dentro a marca dos destinos duma família, que é a continuação  dum passado e a certeza dum futuro sempre iguais.” (1)

(1) Texto e fotos retirados de Macau Boletim Informativo, 1953.