“Enquanto os maridos vão à pesca, as tancareiras labutam por sua vez, engolindo à pressa as suas parcas refeições, habitualmente de arroz com peixe e hortaliça, não vá, entrementes, fugir-lhe qualquer freguês apressado.

MBI As tancareiras IIINo seu pequeno mundo – o seu tancar – nasce, cresce, vive e morre a tancareira à árdua labuta de ganhar, honradamente, o pão de cada dia, sempe com um sorriso nos lábios que lhe traz a alegria de viver

O trabalho é áspero e grosseiro e demanda esforço e perícia; mas a tancareira é hábil e a prática de muitos anos fá-la, em pleno labor, correr ou saltar dentro do tancar, sempre em equilíbrio, como se picasse terreno firme, ainda que a embarcação oscile pela ondulação continua.

MBI As tancareiras IVEm fila, sobre as águas do rio as tancareiras aguardam a chegada de passageiros, sobretudo daqueles que ávidos de sensações novas, nunca experimentaramo bailoçar rítmico destes pequenos  barcos que abundam  nas costas da China

Vida atribulada, incerta de proventos, rodeada de perigos e sacrifícios a jovem tancareira continua, sem relutância nem desfalecimento, como sua mãe já continuara de seus antepassados e seus filhos hão-de continuar, a missão que se habituou a desempenhar no decurso de vários anos. Quer transportando passageiros ou bagagem junto da costa de Macau, ou ainda em serviço para as ilhas da Taipa e Coloane, as tancareiras trabalham árduamente ao sol ou à chuva, sem vislumbres de fadiga, com afã insuperável, impulsionadas pelo fito dum mínimo de demora em cada serviço.” (1)

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(1) Texto e fotos retirados de Macau Boletim Informativo, 1953.