“O chinês, arreigado a princípios ancestrais, conservador emérito das tradições e sentindo de modo diferente, não é com facilidade que adopta novos processos  e hábitos de vida.  Faz com tranquilidade aquilo  que viu fazer  a seus pais e geralmente não procura discutir se qualquer facto tem muito ou pouco de racional.  Por isso, e ainda que a sensibilidade dos muitos ocidentais que povoam a China possa ser ferida, nesta terra singular, os trabalhos rudes e penosos são indistintamente executados por homens ou mulheres e, certas funções, parecem ser exclusivamente desempenhadas por mulheres.

MBI As tancareiras IA tancareira maneja com perícia o seu pequeno barco

É o caso da condução dos tancares. Em circunstâncias idênticas a dos condutores de riquexós – serviço privativo de homens – a condução de tancares – botes movidos a remos – está geralmente a cargo das chinesas. Há tancareiras na costa de Macau, assim como na Taipa e Coloane.

MBI As tancareiras IIÉ assim que a tancareira transporta os seus filhos

Rostos tisnados por um sol violento, raios ardentes que lhe crestam a pele, a tancareira, só defendida pelo característico chapéu de palha de bambu e usando o trivial pijama – indumentária geral de trabalho para ambos os sexos – parece-nos insensível às intempéries, como se túnica invisível a isolasse da acção do clima. A força do hábito impera e faz maravilhas de adaptação. Por ironia, num meio de reconhecidas dificuldades, parece criarem-se condições de vida para criaturas de fraca aparência física, onde sossobrariam, certamente, indivíduos de capacidade física média.” (1)

(1)  Texto e fotos retirados de Macau Boletim Informativo, 1953.

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